quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Perdidos em Times Square . vídeo de arte

Veja o vídeo do Perdidos em Times Square. Meus trabalhos estão lá:https://www.youtube.com/watch?v=R0lM689TmI0&feature=youtu.be&hd=1

Creia

Poema de minha autoria . Creia .http://www.divulgaescritor.com/products/creia-por-mauricio-duarte/

Justino

Justino

A relação da cristandade com a filosofia pagã é mais distintamente traçada nos escritos do pais cristãos, especialmente naqueles que foram educados onde a filosofia floresceu. O primeiro desses é Santo Justino, que defendeu a cristandade contra os judeus e os pagãos. Ele tinha sido um filósofo e, para ele, a cristandade era uma nova filosofia ou, ainda, a consumação de toda filosofia. Ele dizia que todos os homens eram participantes em Cristo porque ele era o “próprio Logos ou a razão universal”. Sobre isso, ele dizia que todos os que vivem pela razão são, em algum nível, cristãos. Entre os gregos, foram Sócrates, Héraclito e outros como eles. Aqueles que vivem contra a razão são descritos como não-cristãos e como inimigos do Logos, enquanto todos os cristãos fazem da razão a regra das suas ações. Deus, com Justino, era um Ser Absoluto que não podia revelar a si próprio exceto pela mediação do outro. Ele está acima de todo nome ou título e apenas se torna objeto do pensamento ou discurso no Logos, que foi criado antes da criação e através da qual a criação foi efetivada. Justino usou a palavra criado, mas isso é equivalente a gerado ou causado a produzir por si mesmo. O Logos é também chamado um poder racional e pensamento criado como o meio da criação, ele parece assumir que o Logos sempre esteve imanente em Deus. Ele tornou-se encarnado em Jesus Cristo, mas em todos os homens há um germe ou esperma do Logos através da participação em Cristo. Justino foi o primeiro dos pais que usou oi termo Logos no sentido de ser a razão divina. Até aqui era simplesmente a palavra criativa. A semente da razão está em todos os homens, mas o todo da razão está em Jesus Cristo. A alma do homem tem uma natural e essencial relação com o Logos. Mas Jesus está no Logos, a razão primal ela mesma; então a cristandade é uma filosofia divina.

Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 . Capítulo VI . A Igreja . Justino

Passa a barcaça, passa o tempo

Passa a barcaça, passa o tempo

Lenta, a barcaça vai,
o tempo também
vai com a embarcação
e diz: já é hora.

Já é hora de voltar
ao cais de origem.
O tempo já deu
o nó em pingo d´água.

A barcaça ouve e não ouve,
faz um gracejo
e parte,
sem dar bola...

Não quer voltar,
quer a aventura,
quer a viagem.
Ainda se acha jovem.

Mas os anos já dobraram
a barcaça e logo voltará
porque não há tempo
que não passe...

(Poema em homenagem ao ”barcaça”, meu pai, João Duarte Pinheiro)

Mauricio Duarte 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Flores à esperança

Visite o Caderno Literário Pragmatha no. 4 e leia o poema Flores à esperança de minha autoria 
Flores à esperança
Aqui jaz esperança
A lápide dizia:
Aqui jaz esperança,
nunca morreu, também
não viveu e aliança
também não fez, que será
de nós agora, amém?
Pode viver sem ela?
Melhor nem pensar nisso,
afinal tanto o ver
quanto o não ver disso,
depende dela, não é?
Sim, é isso, há que ser...
A lápide dizia:
Revolveu profundezas,
assim pôde consolar
e ajudar dezenas
mas ao seu próprio
fim não pôde escapar.
Aqui jaz esperança.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

domingo, 23 de novembro de 2014

Dores domesticadas

Dores domesticadas

Duras dores douradas com o sol
me assaltam quando recito a
oração que aprendi há tanto...

A noite chega e cobre tudo
com seu manto de mansidão e de
sabedoria desse que já foi,

o dia, dolorido o dia...
Como um boi, sepultado em si,
um morto-vivo domesticado.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



sábado, 22 de novembro de 2014

O meu sonho, o seu sonho, os nossos sonhos

O meu sonho, o seu sonho, os nossos sonhos

O mundo é do tamanho do seu sonho. Sonhe alto, mas cuidado para não cair de cara no chão. Seja como uma árvore, alçando grandes alturas, porém com os pés firmemente plantadas no chão. Alguém já disse isso com outras palavras, mas não sei quem foi.  Na verdade muitos autores já colocaram essa mensagem um sem número de vezes ao longo do tempo do que conhecemos como a nossa civilização.
Retrata uma realidade que pode mostrar-nos um caminho a seguir tanto quando nossas aspirações são muito grandes e ambiciosas quanto quando elas são mundanas ou ordinárias demais. De um modo leva-nos a pôr os pés no chão, trazendo-nos à realidade e, de outro modo, dão-nos um vislumbre da maior magnitude que não estamos conseguindo ver em nossa pequenez.
Se é o seu sonho, farei de tudo para que você o consiga. Foi com esse pensamento que passei muito tempo da minha vida ajudando pessoas e amigos.  Não interferir no sonho de outrem e, mais do que isso, corroborar para que se realize é estar em sintonia fina com o universo; é saber que não estamos sozinhos e que tudo o que fazemos reverbera e atinge, mais cedo ou mais tarde, quer queiramos ou não, a vida dos que estão à nossa volta e, segundo a teoria do caos, até a existência de quem está muito longe e que nem sabemos que existe.
O sonho pode ser algo pueril e comum ou sofisticado e especial, mas o certo é que essas classificações são subjetivas e relativas.  Por que o que pode ser simples para alguém, pode significar a própria vida em complexidade para outra pessoa. E se o meu argumento não o convenceu de todo, experimente resignar-se quanto à alguma escolha sua que o fez não levar adiante um sonho e depois conte para alguém, amigo ou estranho e verá o quão negativo e, talvez, simplesmente bobo, você está sendo.  Eu espero, sinceramente, aliás, que você nunca tenha que experimentar esse tipo de resignação na vida.
Sonhos são feitos para serem sonhados e... realizados. Sim, afinal de contas, tudo que pode ser sonhado pode ser realizado.  Esteja certo que o universo conspira a nosso favor quando estamos completando algo para um fim que desejamos ardentemente. Desse modo, sonhe, faça suas escolhas e as torne realidade; o cosmos assim quer e deseja. Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

http://www.divulgaescritor.com/products/o-meu-sonho-o-seu-sonho-os-nossos-sonhos-por-mauricio-duarte/


Apenas fique

Confira o poema Apenas fique de minha autoria, Mauricio Duarte no Caderno Literário Pragmatha no. 2 . http://cadernoliterario.com.br/leia-online/edicao-02/3505-Apenas-fique

Apenas fique

Não me atire
sua culpa não.
Eu não a tenho.

Não me atire
um murmurar não.
Não provoquei.

Não me atire
a angústia.
Que eu não quero.

Apenas fique
e eu ensino
como engolir,
deglutir e dar
por nós, sempre sim,
o infinito...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Séculos, milênios, kalpas

Visite a Antologia Fênix Logos no.11 e leia meu poema Séculos, milênios, kalpas . Obrigado. Bem vindo(a).
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/LOGOS-11NOV-2014-poesia-35.htm#

Séculos, milênios, kalpas

Séculos, milênios, kalpas.
A um tempo imorredouro
foi dado a conquista do mar,
da terra, do ar, um tesouro.

Esse tempo remonta muito
às civilizações antigas
como a uma Atlântida
ou uma Lemúria, amigas.

Que esse período leve
você, ah, do meu pensamento.
Que nosso amor sobreviva
no maravilhoso momento.

Séculos, milênios, kalpas.
Tudo vai passar, sem dúvida;
voltaremos aos nossos cantos,
eterna busca, uma vida.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

domingo, 16 de novembro de 2014

Celebração ao norte

Fiquei em nono lugar (Classificação de Neófito da Ordem) no Prêmio Feiticeiro das Letras 2014 organizado pela Academia Alquimia das Letras com o poema Celebração ao Norte de minha autoria:

Celebração ao norte
Última sexta-feira do mês.
Na Lua cheia de Ishtar,
abre o círculo mágico,
riscado de giz a revelar...

Ishtar, deusa mãe, a Isis.
Irmã de Shamash, é igual.
E filha do deus Sin, lunar.
É protetora do ritual.

Março, após o equinócio,
início das plantações, campos.
Magia evoca guardiões,
a todos os animais mansos,

pelo poder do homem em si,
por todo ato de vontade,
a obra realizar-se-á
na volúpia ou castidade.

O altar é preparado, sim.
Com esmero, velas, faca,
cabo, pentagrama, cálice,
a lâmina curva, a vara.

No círculo todos recitam
palavras de força, de poder.
Especial momento, algum
dos adeptos pode querer

de seus desejos, anseios
realizados em mim,
agradecidos aos deuses,
fecha-se o círculo enfim.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Pesquisando livros

Pesquisando livros

Livros numa lupa de mão,
páginas num conta-fio.
Eu simplesmente me guio.

Os vôos da cotovia.
As linhas do parágrafo.
Vou beber um café, bravo!

Os volumes esperando,
calhamaços esperando.
Eu digo: eu é que mando.

Li a brisa no meu rosto.
Brisa suave, refresca,
letras e palavras mescla.

Continuo folheando.
A pesquisa não findou,
mas meu dia acabou.

São esses os capítulos,
minha vida em leitura,
a minha alma desnuda...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sábado, 8 de novembro de 2014

Blog da Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo

Blog da Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo da qual eu participo .http://sociedadesal.blogspot.com.br/

Fluxo


Fluxo
guache e ecoline s/ tela
40 x 40 cm
2014
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Minha felicidade

Minha felicidade
Minha felicidade era estar naquela sombra
com você, a amada, junto a mim, sempre comigo
e não lembrar, nem querendo, que o sistema me compra,
deixando claro: é muito pouco o que eu consigo...
Minha felicidade era estar de novo ali
com você, a sós, que sempre quis a mim e nenhum mais.
Saudade daquele tempo que não foi perfeito, fali.
Falhei com você e nossa embarcação não teve cais...
Minha felicidade era morrer, morrer de amor,
ao seu lado, minha namorada, doce e virginal;
que vivêssemos juntos, sublimando toda nossa dor,
trazendo vida, coração e pecado original...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Sempre

Sempre

Cecília...
sempre Cecília
Meireles, é certo.
Até nos momentos
ruins ou, talvez sim,
por causa deles.

Como nos olhos de
opala do homem
pobre que, tão pobre,
parecia divino.
E que, tão antigo,
parecia menos
mortal, parecia
imortal na sua
pobreza de homem
vivo, existente.
Mas sendo imóvel,
só a testemunha
da sua pobreza.

Cecília...
sempre Cecília
Meireles, é certo.
Até nos momentos
ruins ou, talvez sim,
por causa deles.

(Homenagem à Cecília Meireles e ao seu poema Pobreza)


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A natureza das coisas

A natureza das coisas

O homem é um animal político, um animal social como dizia Aristóteles? Nem sei mais se era o filósofo mesmo que disse isso.  Em tempos de internet tudo é possível.  Talvez descubram que foi Marx, ou pior, o Grouxo Marx. Brincadeiras à parte, por conta de má interpretação, Karl Marx construiu seu O Capital encima da luta de classes.  Porque se o homem é um animal político, tomar o poder teria que ser a expressão máxima de virilidade masculina ou da doce autoridade feminina.  Mas essa exacerbação do exercício de poder não é um exagero dessa questão? 
Que o homem é um animal gregário não discuto e, inclusive, confirmo e dou fé que assim é.  Porém existem maneiras mais sensíveis, sutis, produtivas e sobretudo mais humanas de exercer as relações entre as pessoas do que criando hierarquias e impondo à  sua vontade de forte – quando é um dos poderosos que atua – aos demais que são fracos – quando trata-se dos que não possuem os modos de produção, por exemplo.
Uma dessas alternativas seria a cooperação e dela, surge imediatamente, a livre associação como sendo o reverso da moeda.  Haja vista que mesmo sendo o melhor caminho dentre todos, há de se prever que alguns – ou muitos? – não quererão fazer parte dessa via. De que exatamente estou falando?  Da natureza do ser humano, porque a essência de um homem ou de uma mulher não pode limitar-se a uma mera figuração política, econômica ou até mesmo social. Ou pode? Eu acredito que não.  Por dois motivos, a vida é valiosa, não há nada de mais valor do que uma vida.  E além disso, ela não nos pertence; porque mesmo que queiramos morrer isso não é algo muito elevado do ponto de vista espiritual para dizer o mínimo.  Na verdade é o pior dos níveis espirituais dos quais um ser humano pode chegar, a despeito de qualquer opinião sobre a validação da eutanásia que se possa ter.  A vida – e a nossa inclusive – pertence a Deus, a uma força maior, ao Todo, a Luz superior, seja como queiramos chamar.
A natureza da vida é dar certo, bem como é a natureza do bem.  O ser humano é de longe o mais preparado para gerir os recursos do planeta Terra e o que tem feito?  Destruído milhões de hectares de florestas todo ano, poluído os mares sem dó nem piedade juntamente com emissões de gás carbônico no ar e a extinção completa de muitas espécies animais.  Tudo isso ininterruptamente desde que se conhece a civilização industrial até hoje.
O homem deve ter em mente que a sua responsabilidade é grande e responder a essa responsabilidade com argumentos prontos e pré-moldados ou pré-definidos não vai levar à lugar nenhum.  A pergunta que me faço é: O homem é um animal verdadeiramente apto a viver em cooperação?  Porque essa é a natureza das coisas, é assim, aliás, que a natureza funciona desde os organismos unicelulares até os insetos e animais de maior porte só para não citar casos igualmente cooperativos nos reinos vegetal e até mesmo mineral.
Tenhamos em mente, desse modo, que viver pressupõe favorecer a vida em todas as instâncias, níveis e planos – inclusive os planos espirituais – e essa é nossa missão como seres humanos. Estaremos prontos para vivenciar a natureza das coisas?

Mauricio Duarte


Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/a-natureza-das-coisas-por-mauricio-duarte/

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Livre tradução do Livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 . Capítulo VI . A igreja

Capítulo VI
A igreja

A escola neo-platonista começa com Philo, o judeu e termina com Proclo. Esse é um lado.  Outro lado é que começa um tempo muito diferente e ainda não terminou.  Na realidade, houveram três tipos de neo-platonistas: um aliado dos antigos gentios, outro com o judaísmo e um terceiro com a nova religião do crucificado.  Tinha sido formalmente disputado se Platão ou Moses foram os fundadores da filosofia grega e, agora, está em disputa se a filosofia neo-platônica foi emprestada do cristianismo ou se os pais da filosofia alexandrina tomaram emprestado sua filosofia dos pagãos neo-platônicos.
Os únicos autores do Novo Testamento cujos escritos nós achamos manifestações definitivas de relacionamento com a filosofia grega são de São João e São Paulo.  E também, o evangelho de São João é tão marcado pela filosofia grega e pelo discurso filosófico que deixa a suposição que não tenha sido escritor pelo pescador da Galiléia.  Nós devemos lembrar, no entanto, que João passou um bom tempo na Ásia menor, onde ele pode ter tido contato com toda forma de filosofia como era conhecida no mundo grego.  Pode ser verdade que ele não achou o Logos em Platão, mas nós sabemos do Philo Judeus e de alguns contemporâneos dele que o Logos num sentido muito próximo do sentido do evangelho de São João estava em uso comum entre os judeus da Alexandria.  O Logos estava no começo. Ele estava em primeiro lugar com Deus, ele era Deus.  O Logos de João tem a mesma relação com Deus que na teologia de Platão “mente” tem que ser “ser”. Apenas São João foi mais longe.  Ele disse que o Logos estava encarnado em Jesus de Nazaré, fazendo Jesus divino.
Os escritos de São Paulo tem mais de hebreu do que de grego.  Suas ilustrações, sua lógica, sua retórica, são todas judias.  Mas São Paulo, confessadamente, foi familiar da literatura grega.  Que ele teve muitos pensamentos em comum com Philo é evidente das suas passagens na Epístola aos Colossenses, onde ele fala do Filho como “a imagem do invisível Deus” e nos Hebreus, supondo que essa Epístola tenha sido escrita por São Paulo, onde ele diz que o Pai fez os mundos pelo Filho, que é “o brilho da sua glória e a imagem expressa da sua pessoa.”  Que São Paulo não considerava a filosofia dos gentios como pura escuridão está manifestado quando da sua carta aos atenienses, na qual se refere  e endossa a doutrina favorita dos gregos como a primavera de Deus.


Livre tradução do Livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 . Capítulo VI . A igreja

Revista Cultura no Mundo

Visite o link da revista Cultura no Mundo no. 3 e leia a minha participação com o mini-conto As riquezas na página 20 de minha autoria .http://issuu.com/culturanomundo/docs/cultura_mundo_03

Nódoas 2


Nódoas 2
nanquim s/ papel
21 x 29,7 cm
2014
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Nódoas


Nódoas
nanquim s/ papel
21 x 29,7 cm
2014
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Declame para Drummond 2014

Declame para Drummond . 
180 poemas autorais enviados de todos os estados do Brasil, além de uma linda contribuição de poetas de Portugal e Japão, para o Declame para Drummond 2014. Esses poemas – autorais – foram compilados em um só documento. Confira.
O intuito do projeto, além de homenagear nosso querido poeta Carlos Drummond de Andrade, é promover a circulação de poesia autoral e a formação de público nas cidades e nas redes sociais. Na edição passada foram mais de 50 mil poemas encantando por esse vasto mundo e este ano sinto que bateremos essa marca!
Para realizar essa ação poética em sua cidade não precisa ser poeta participante, basta 
basta solicitar os poemas pelo e-mail declameparadrummond@gmail.com, imprimir e distribuir os poemas. Muitos poetas estão organizando saraus, festas poéticas e intervenções urbanas em suas cidades – todas chamadas Declame para Drummond. Faça seu evento, fotografe, filme e divulgue em nossa página do Facebook (www.facebook.com/events/684705194912003).
Participar do Declame para Drummond é como plantar sorrisos por sua cidade, pois quem os encontra – no meio do caminho – sempre se encanta.

Entrevista de Mauricio Duarte ao site Arca Literária

Leia a minha entrevista. O site Arca Literária e a Ceiça Carvalho me entrevistaram e essa entrevista está em destaque nessa semana. Confira. http://www.arcaliteraria.com.br/mauricio-duarte-2/








segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Proclo . Capítulo V . Neoplatonismo . Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884

Capítulo V . Neoplatonismo
Proclo

Na última parte do quinto século, numa tarde, um jovem homem, sem nem vinte anos de idade, chegou à Atenas.  Ele tinha vindo da Alexandria para completar seus estudos pelos cuidados de alguns celebrados filósofos.  Antes de ter entrado à cidade, ele parou para descansar no templo de Sócrates e se refrescou com a áua da fonte que também era consagrada à saga ateniense.  Ele terminou sua jornada e, quando chegou à Atenas, o porteiro, dirigindo-se a ele, disse: “Eu estava por fechar a ponte se você não viesse.” As palavras do porteiro foram, muito tempo depois, interpretadas como uma profecia que, se Proclo não tivesse vindo à Atenas, a filosofia então teria se perdido.   Ele prolongou a existência da filosofia para outra geração.  Chegando em Atenas, ele encontrou Syrianus que era o mestre da escola.  Syrianus o levou a Plutarco, que tinha sido seu predecessor, mas que havia se retirado do ensino, tendo recomendado seus discípulos a Syrianus.  Plutarco tomou conhecimento do gênio e do ardor do jovem Proclo, desejou ser seu professor e, assim, eles começaram seus estudos.  Plutarco tinha escrito muitos comentários sobre Platão e, para excitar a ambição de Proclo, ele fez como que o discípulo corrigisse esses escritos, dizendo: “A posteridade deverá conhecer esses comentários pelo seu nome.” Syrianus o fez que elee lesse Aristóteles que ele tinha sabido como aos departamentos inferiores da ciência.  Então ele abriu ao discípulo o sagrado dos sagrados – o divino Platão.  Quando ele encontrou o mestre Platão, foi iniciado nos mistérios da mágica e da adivinhação. Em tempo, ele se tornou famoso por sua sabedoria universal e sua doce e persuasiva eloqüência, que o fazia já mais atrativo por suas solenes e ótimas maneiras, além da grande beleza de personalidade.
Proclo combinou todos os filósofos formais, religiões e teologias num amálgama eclético e tomou emprestado as ilustrações de Platão como interpretadas por Plotinus e reconsideradas por Porfírio e Jâmblico.  Nas suas mãos a harpa de toda escola é vocal com a divina filosofia de Plotinus. Nós ainda ouvimos discursos do um e dos muitos; a esterilidade do um sem os muitos; e a morte dos muitos sem o um.  Nós ainda ouvimos como o todo é ambos,  o um e os muitos e, como a existência tem a sua primavera da multiplicação da unidade. O universo, diz Proclo é constituído por harmonia e o que é harmonia senão variedade em unidade.  Na mente do grande Arquiteto, as idéias existem como o um e como os muitos.  Ele mesmo é o Um – a mais alta unidade que abarca as três unidades divinas: essência, identidade e variedade.  Essa é a primeira Trindade, com a qual estão todos os vazios concebidos e vácuos no universo do ser.  Dessa primeira Trindade procede todas as outras; como o simples ser é três em um, assim todos os outros seres cada um tendo dois extremos e um intermediário.  Se nós considerarmos a Trindade, essência, identidade e variedade, o resultado é – ser, vida e mente.  Cada unidade, que é também uma trindade, procede da Trindade e cada uma é a multiplicidade que pertence ao supremo um, a unidade primeira, que é o não-ser, porque ele está além do ser.  Mas as necessidades e limitações da nossa razão requerem que nós falemos dele como um ser.  Ele é, no entanto, chamado o ser absoluto, da qual a substância divina todas as coisas estão cheias.  Se nós pudéssemos conceber uma pirâmide de seres, com a qual cada um é uma trindade em unidade, nós teríamos uma concepção de uma visão aérea favorita do cérebro de Proclo.  Mas como a pirâmide da nossa imaginação é finita, nós não devemos pensar que ela representa verdadeiramente todos os seres, que são infinitos.  Num momento, nós podemos dizer que o não-ser está na cabeça dela, para o primário Um está além do ser e nada está na base dela, para baixo está o que está embaixo de todos ser, mas num outro momento, nós teríamos que declarar que o ser não tem cadeias, nenhuma  prisão de paredes, que não há “além” fora de todo o universo e, no entanto, Deus está além do ser, aquele que não pode ser entendido pela razão, pode ser conhecido como o ser infinito.  Nós devemos pensar numa pirâmide indo da maior sumidade da posição suprema descendo até o menor degrau do ser; constituindo, preservando, adornando todas as coisas e unindo-as em si mesmas.  Primeiro, nós devemos pensar nela como uma descendente de seres verdadeiramente existindo, dos divinos povos até as divindades que presidem acima da raça humana, depois os espíritos humanos e, por último os animais, plantas e as mais baixas formas da matéria – que não importam em nada.  Numa imagem dessas nós temos uma ideia do processo eterno dele que é super-essencial e, no entanto, a maior essência verdadeira para a que é não-essencial e que não tem nenhum topo de essência.   Eles derivam as suas multiplicidades por uma progressão que origina-se da separação do um do mesmo modo que os raios divergem e procedem de um centro.  Desse modo, embora na natureza existam muitas formas e no universo existam muitos deuses, espíritos e no hades, muitos heróis, há, no entanto, uma essência para todos.  Em todo lugar é a mesma coisa.  Essa essência está em nós, Deus é tudo e nós e toda a existência somos a expressão do Um inefável e supremo.
Proclo foi um genuíno platonista.  Ele começou e terminou com Deus.  Ele viu todas as coisas em Deus e Deus em todas as coisas.  O mundo é uma mudança constante, seu fenômeno é efêmero. Nós somos espectadores do drama.  Seria o nosso ser apenas fenomenal?  Somos uma parte do mundo ou há em nós alguma coisa do Um, do Eterno?  Nossos pés estão na lama e nossas cabeças entre as nuvens.  Nossos primeiros pensamentos revelam-nos nossa grandeza e o nosso nada; nosso exílio e a nossa terra nativa; Deus é o nosso tudo e o mundo, devemos passar por ele para chegar a Deus.  Essa Tríade é a fundação da filosofia, o dado indisputável com o qual nós devemos começar.  Como o mais perfeito existe, Proclo não parou de inquirir.  Nossa razão prova, claramente e distintamente, que é assim.  Com pouco ele pergunta se o mundo existe, ele está antes de nós, podemos vê-lo e senti-lo.  O homem, por suas paixões e seus desejos do corpo é desenhado pela terra, pela filosofia, pela inspiração e divinamento, ele é elevado a Deus.
A contradição envolvendo a identidade do Um e dos muitos não é nada para Proclo senão o que fora para seus predecessores.  O Um é perfeito, os muitos são imperfeitos.  O Um é eterno, os muitos são temporários.  O Um existe sozinho, é necessário para sua perfeição que ele esteja sozinho e verdadeiramente o todo foi feito antes do imperfeito, mas também é necessário à sua perfeição que ele não esteja sozinho.  Ele deve ter pensamento e o pensamento deve ser um objeto.  Deus deve ser a unidade absoluta e ainda, Deus criador; o um de Parmênides, o “imovível móvel” de Aristóteles e , ainda, a mente ou o Demiurgo de Platão.  O Um é Deus em si mesmo, o último santuário da divindade. O outro é o Deus da criação e providência, o Senhor e regulador do mundo.  Portanto, uma Trindade que não diferia  da de Plotinus.  O super-essencial Um, mente ou a mais perfeita forma do ser e alma que é necessária à existência da mente e preserva sua imobilidade enquanto une-a ao mundo.  “Das mãos de Proclo” diz M. Simon, “nós recebemos o deus da experiência e o deus da especulação separadamente estudados pelas escolas antigas, reuniddos por alexandrinos numa unidade absoluta, como Deus dos eleáticos  e mente como liberdade, tão cheio de vida e fecundidade como o Demiurgo de Platão.”

A conversão de Constantino colocou em cheque a carreira da filosofia.  Ela foi restaurada por Julian, que aderiu à escola teurgica de Jâmblico.  Julian foi um amante do divinamento, sempre certo de ler o poder dos deuses nas entradas das vítimas.  Ele cultuou o sol como nós supomos que os neo-platonistas costumavam fazer, mas foi o sol inteligível – Deus emanado em luz – a busca da essência, perfeição e harmonia.  “Quando eu era um garoto”, ele diz, “ eu costumava alçar meus olhos para o esplendor eterno e minha mente lutava com ânimo, parecendo ir além de si mesma.  Eu não apenas desejava ver com os olhos, fixos naquilo, mas até quando chegava a noite quando eu estava fora de um céu puro, esquecendo de tudo que estava abaixo daquilo, eu admirava, tão absorvido nas belezas dos céus estrelados que alguma coisa foi dita a mim que eu não ouvi nem tinha conhecido antes, e que eu estava fazendo naquele momento.” O sol que então tinha iniciado a ele em sua juventude, ele cultuou como Deus muito depois – o pai como alguns filósofos dizem, de todas as coisa animadas.  Libanius disse, “Ele recebeu os raios do sol com sangue e, de novo, atendeu a ele com sangue em prosseguimento.  E porque ele não poderia ir até o sol, como queria, ele fez um templo no seu palácio e colocou altares no seu jardim que eram o mais puro nível.  “por devoções freqüentes, ele envolveu deuses para auxiliar na guerra, cultuando Mercúrio, Ceres, Marte, Calíope, Apolo, que ele cultuou em seu templo na montanha e na cidade.”  Depois de Julian, a filosofia reviveu em Atenas, onde floresceu até 520 a.C. quando as escolas foram expulsas pelo decreto de Justiniano. O último neo-platonista foi  João de Damasco.


As histórias dos filósofos mencionadas no final do último capítulo contem dados dos filósofos neo-platonistas.  Esse capítulo é derivado, principalmente, do trabalho de M. Jules Simon, em Historie de l´Ecole d´Alexandrie.  Plotinus não escreveu nada, senão alguns dos seus escritos, arranjados em nove seções ou Emreads, que foram preservadas por Porfírio.  Proclo escreveu na teologia de Platão e nos comentários de Timaeus, que foram traduzidos para o inglês por Thomas Taylor.

Livre tradução de Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) do livro Pantheism and Christianity de Jonh Hunt . 1884.

Estrépito




Estrépito
guache e ecoline s/ tela
40 x 40 cm
2014
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

domingo, 12 de outubro de 2014

Séculos, milênios, kalpas

Séculos, milênios, kalpas

Séculos, milênios, kalpas.
A um tempo imorredouro
foi dado a conquista do mar,
da terra, do ar, um tesouro.

Esse tempo remonta muito
às civilizações antigas
como a uma Atlântida
ou uma Lemúria, amigas.

Que esse período leve
você, ah, do meu pensamento.
Que nosso amor sobreviva
no maravilhoso momento.

Séculos, milênios, kalpas.
Tudo vai passar, sem dúvida;
voltaremos aos nossos cantos,
eterna busca, uma vida.


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Caminhos 5


Caminhos 5
nanquim s/ papel
21 x 29,7 cm
2014
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Apenas fique

Apenas fique
Não me atire
sua culpa não.
Eu não a tenho.
Não me atire
um murmurar não.
Não provoquei.
Não me atire
a angústia.
Que eu não quero.
Apenas fique
e eu ensino
como engolir,
deglutir e dar
por nós, sempre sim,
o infinito...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

O grande paraíso dos que não sabem sorrir

O grande paraíso dos que não sabem sorrir
Fui munido de arame farpado e dor,
a fim de separar, cindir mesmo os dois,
para que nunca se vissem: ego e amor.
Ora o ego dizia: isso é o fim,
eu preciso do amor para existir,
sem o amor não posso, não sou nada, enfim.
E ora o amor falava: assim não dá,
Sem o ego para sustentar, como serei
a âncora para trazer prazer, quem irá?
Ego e amor olharam-se; não pude ir,
não pude completar a minha viagem ao
grande paraíso dos que não sabem sorrir...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Se estiveres esperando...

Se estiveres esperando...

Se estiveres esperando por
uma redenção, é espera vã
porque nada tenho para te dá...

Se estiveres esperando por
um amor, espere um pouco
mais ou menos, tanto faz, será?

Se estiveres esperando por
uma vida, tenho a minha, é
pouca para mim, para ti, quiçá?

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Ladrão de ametistas místicas

Confira o poema de minha autoria Ladrão de ametistas místicas na Antologia Fênix Logos .  .http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/LOGOS-10SET-2014-poesia-43.htm

LADRÃO DE AMETISTAS MÍSTICAS
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Duas gemas estavam lá
à minha frente, pois sim.
As duas tinham seguido
com o meu erro por cá...

Eu tinha surrupiado
aqueles dois brilhantes.
Eles a me ver com um ver
mais do que ampliado...

Da mesa a brilhar muito,
as duas olhavam-me sim.
Bem ou mal; não saberia.
Enfim, não era fortuito...

As jóias e o seu brilho,
eu e minha consciência.
Tudo isso, nada disso.
O destino era trilho...

Trilho dessas casuísticas.
Levam a culpar todos
por faltas, pecados, tantos.
Ametistas e místicas..

sábado, 13 de setembro de 2014

A magia por testemunha

A magia por testemunha

Da janela do enorme trem de ar, eletro-foto-voltaico, o delegado Sófocles Mor avistava a mega cidade.  O reino de Vera Cruz do Brasil fora unificado em 2999 por Dom Hermano de Roldão e o lugar era sua jóia mais rara desde aqueles já distantes tempos. Localizada onde outrora se erguia o município do Rio de Janeiro, a conurbação – melhor dito assim – surgira do encontro de municípios vizinhos que se agigantaram tanto, que da continuidade dessas cidades nascera a megalópole de Santelmo.
O oficial da polícia de meia-idade sabia que aquilo era uma armadilha.  Quando havia sido designado como investigador para um caso que mal conhecia numa cidade onde só tinha estado duas vezes na vida, era lógico que algo estava errado, muito errado. Os figurões de Bhar´host, a capital do reino certamente estavam querendo, mais uma vez, minar as forças do Arcano 18, movimento do qual o chefe de polícia era signatário.  Segundo a carta de intenções do movimento, seus integrantes se prontificavam em usar a magia apenas para fins altruísticos e do bem comum em geral, defender a democracia a todo o custo e sob todas as circunstâncias e instâncias.  Mas muitos nutriam um ranço enorme contra qualquer coisa que se ligasse à arte maior. E eram esses que esperavam que Sófocles falhasse.
O assassino em série que já havia feito doze vítimas em Santelmo era o caso.  A julgar pelas vítimas, o criminoso só poderia ser um fanático religioso que se insurgia contra a prática de magia no mundo.  Sófocles lembrava muito bem como tudo aquilo havia começado: O reconhecimento da força dos cristais -- como ametista, topázio, rubi, e outras – eram simples pedras preciosas ou nem isso para o homem do século 21 e como isso havia mudado desde que Dom Von Brauer, o famoso mago e estudioso codificara e catalogara grande parte das jazidas de cristais místicos recém encontradas. A partir dali, tinha sido um passo para o conhecimento, há muito esquecido da feitiçaria cerimonial, surgir no mundo.
Tirou os olhos da janela e caminhou para fora do seu compartimento, indo em direção do bar no trem, local de acesso geral dos passageiros.  Precisava limpar a garganta e nada melhor do que um drink para isso.
Estava bebericando seu copo de whisk quando surpreendeu-se com uma moça jovem, muito bem vestida e maquiada que o olhava insistentemente. 
-- Tem alguma coisa para mim? – perguntou o homem aproximando-se.
-- Sim. – Sorriu maliciosamente a mulher. – Aqui está. – disse estendendo um pacote para as mãos de Sófocles.
-- O que é? – perguntou ao receber o embrulho.
-- O que é o que? Oh meu Deus... eu... quero dizer... estava falando com o senhor? Oh... estou tão confusa. – mudando o semblante na mesma hora em que passara a entrega, a moça agora não exibia nenhum traço da malícia de alguns segundos atrás.
-- Não foi nada. Não se preocupe. Venha aqui para o bar. Tome um copo d´água.—disse o investigador que sabia exatamente o que tinha se passado. Sabia como essas coisas funcionavam. Um leve encantamento, de uma distância segura, havia sido realizado para que a “mula” efetuasse uma entrega para a pessoa desejada, no caso o próprio Sófocles. Mas a vítima do passe de mágica não se lembraria de nada quando fosse feita a entrega. E o operador certamente não estava mais nas imediações. Indução pós-hipnótica diriam alguns estudiosos céticos; magia pura, diriam outros, devotos da magia.
Quando viu que a moça estava melhor, aceitando que não podia se lembrar do que havia ocorrido nos últimos minutos; Sófocles apressou-se em voltar para o seu compartimento para ver do que se tratava a entrega.  Ao abrir o pacote, ficou ainda mais intrigado: chips de visualização holográfica.  Pôs os óculos 3D e pôs-se a vislumbrar o conteúdo daquilo.  Nada mais, nada menos do que a conversa com o chefe Kairós Plexo, quando Sófocles ficara sabendo do caso em questão, estava gravada na holografia. Mas como?  Como o assassino tivera acesso a isso?  No final da apresentação, o que o homem de investigação já esperava, uma ameaça: “Você é o próximo.”
Depois de ter completado a viagem de trem, Sófocles Mor subiu em seu mini-planador foto-voltaico que costurou o ar por cima da imensa avenida que dava para o portão da delegacia.  Devia ter vindo a pé, pensou o homem após dar-se conta que já tinha chegado em seu destino.  “A pé eu poderia sentir as ruas, o sabor azedo de suas ruas imbricadas por ruelas repletas de crueldade, suor, lágrimas e sangue.” Concluiu seu pensamento.
Eram essas ruas, o berço perfeito da criminalidade. O que outrora tinha sido a grande esperança no futuro, hoje, no ano de 4015, não passava de um arremedo do sonho de Vera Cruz do Brasil. Os da primeira classe quase não tomavam conhecimento dessas partes.  Estes circulavam apenas pelos grandes condomínios e casas comerciais de luxo do show bussiness, das autoridades políticas e dos oficiais administrativos e das forças armadas.  Sempre com créditos suficientes para uma rápida saída do “bunker” onde estavam para outro “bunker”.
-- Fez boa viagem, Sófocles Mor? – indagou o oficial Clisóstemes Grasso, seu superior imediato na corporação policial e também membro do Arcano 18, quando viu o homem adentrar à delegacia.
-- Sim, muito boa viagem. Obrigado por perguntar. – respondeu rapidamente e sem pestanejar, Sófocles. Notando que sua resposta imediata havia sido sucedida por uma reação intempestiva do colega ou, senão, tinha a resposta provocado mesmo, um ligeiro atordoamento e irritação no semblante de Clisóstemes, o homem fechou-se em meditação.
 O dia passou-se num imenso e caudaloso desfilar de papeladas e protocolos mil que Sófocles conduziu da melhor maneira que pôde.  Ao findar aquela etapa, achou que o crime era muito peculiar a alguém com um bom nível.  O assassino deixava uma única assinatura identificável entre as inúmeras formas de matar: a morte por asfixia. E todas as suas vítimas eram magos e sacerdotes ou sacerdotisas mágicos. Porém, por incrível que possa parecer, os corpos das vítimas não aparentavam sinal de luta, violência, sufocamento, nada. O emprego de algum artefato mágico poderia ser aventado de maneira bastante incisiva, no entanto, se o criminoso era contra o uso de magia... como poderia ser? Magos tem inimigos e, por vezes, numerosos. Talvez essa investigação estivesse sendo conduzida erradamente.
Ao final da semana, nenhuma conclusão havia sido tomada pela equipe policial. A população já começava a levantar rumores e hipóteses. Diziam tratar-se de um lobisomen, outros diziam que era um vampiro e, outros ainda, que só poderia ser um chupa cabras alienígena.  Num mundo onde não existia a magia, tais prosódias eram imediatamente passadas por piada com um inevitável riso. Mas num mundo onde a magia existe, a imaginação grassa solta e todos são construtores latentes do imaginário de suas egrégoras. Por mais estapafúrdias que fossem as suas opiniões e por mais sem influência que uma pessoa fosse, qualquer frase dita sem a devida reflexão “empurrava” a realidade para uma outra posição.  E se isso era verdade em se tratando de um cidadão comum, mas verdade ainda tornava-se em se tratando de um chefe de polícia.  Por isso, Sófocles Mor que conhecia bem os meandros de todo aquele novo mundo de feitiços, rituais e muita atitude mística, não deu nenhuma declaração à imprensa, deixando essa incumbência apenas para os oficiais de Santelmo que já tinham o traquejo com situações como essa.
Sozinho à noite, no seu quarto, Sófocles já tivera três imersões holográficas com a sua esposa, tentando tranqüilizá-la, dizendo que tudo acabaria bem, que logo o caso teria um fim e seu marido voltaria para casa são e salvo.  Mas não era bem isso o que tinha em mente. Planejava uma ação perigosa, muito arriscada que no fim, poderia dar certo e revelar o assassino.  Já que esse tal criminoso queria a sua pele, o homem se daria como isca numa armadilha.  Mas essa armadilha seria nos termos do policial e não nos do malfeitor.
-- Vamos ver, vamos ver. – dizia para si mesmo enquanto consultava os arquivos virtuais do Grimório de Acalanto na visualização holográfica com os óculos 3D. -- O antigo ritual do resgate do anel de força.  Sim, isso mesmo. – repetiu.
A última vítima do assassino tinha sido Katana, uma feiticeira graduada em todos os níveis e membro do Arcano 18.  Aliás, todas as vítimas mortas tinham alguma ligação com o Arcano 18, ou eram membros ou eram amigos e/ou parentes de algum signatário do movimento.  Mas algo dizia a Sófocles Mor que a situação era ainda mais complexa.
 -- O que você pretende? – perguntou Sersi Allas, a policial encarregada de auxiliar a Sófocles, quando o homem solicitou o anel de força de Katana no outro dia, retido para averiguação da delegacia.
-- Uma viagem mística. – respondeu o homem, misteriosamente.
Quando o anel chegou às suas mãos depois de imensa burocracia, o chefe de polícia pediu um recinto fechado, cerrou os olhos e deu início ao ritual, recitando palavras há muito esquecidas que o levavam para a presença de civilizações perdidas em frente do anel.
De repente, flashes de acontecimentos da vida de Katana vieram como num rasgo da realidade saindo do anel com o cristal de ametista. Sua grande ansiedade para estudar a magia cerimonial. Os títulos e honrarias que recebera.  Sua vida familiar com o esposo e os três filhos.  O reconhecimento por ter se dedicado tanto e, finalmente, o medo.  Medo de um assassino que circulava na cidade e escolhia seus alvos tanto nos guetos quanto nas ordens superiores e místicas, não fazendo distinção. Um fanático que... sim... isso era significativo, havia a ameaçado anteriormente ao falecimento.  Ele era... E matou... desse modo...
Subitamente, os flashes se fecharam e o anel de poder retomou seus segredos.  Sófocles Mor vomitou ao voltar à realidade e, quase caindo na inconsciência, teve tempo de sacar sua arma de fótons ao vislumbrar um vulto armado entrando na sala em que estava como havia esperado. O assassino vinha encobrir a sua identidade.  Disparou um último feixe fotônico antes de cair desacordado.
-- Como você está, herói? – perguntou Sersi Allas ao visitá-lo no hospital de Santa Granada, o maior e mais completo centro cirúrgico de Santelmo.
-- Estou bem.  Mas ainda não pude falar com minha esposa. – disse o homem com um fiapo de voz.
-- Ela está aqui agora no visualizador holográfico, tome os seus óculos 3D.
Sófocles explicou detalhadamente e demoradamente à sua conjugue, tudo o que havia ocorrido e não foi poupado de vários puxões de orelha por ter se arriscado tanto.
-- Pronto. Ela está mais calma agora. – disse finalmente livrando-se da parafernália tecnológica. -- E o que vai acontecer agora? – perguntou depois Sófocles.
-- Vão abrir um processo e arquivar o caso. O assassino era Clisóstemes Grasso. Mas para todos os efeitos, nosso superior morreu ao cumprir o dever.  O assassino desconhecido vinha para fazer a próxima vítima, no caso você.
-- Quando de repente...
                        -- Quando de repente Clisóstemes se interpôs entre você e o criminoso, conseguindo evitar a sua morte, mas vindo a falecer logo depois.
                        -- E tudo acaba bem em Santelmo. Quando sair daqui vou beber muito whisk.
                        Clisóstemes Grasso, o nosso assassino verdadeiro, mas não reconhecido, utilizava um antiqüíssimo encantamento muito simples, mas muito letal e, por isso, devidamente esquecido. Nos flashes da vida de Katana, Sófocles teve acesso ao que ocorrera. O operador criava um campo de força invisível em volta e em torno da cabeça da vítima, que sem receber oxigênio durante longo tempo, e sem ver o que acontecia, acabava duvidando de sua devoção mágica e aí todas as defesas caíam por terra, falecendo logo a seguir.    

O certo era que Santelmo vivia uma nova era.  E nesse tempo, nem mesmo o Arcano 18 estava livre da corrupção e da desvirtuação dos valores democráticos. “Que o Arcano Maior tenha piedade de nós”, pensou Sófocles Mor, enquanto se levantava da sua cama no hospital.