segunda-feira, 24 de abril de 2017

A Espiã





Leia o texto de minha autoria sobre o meu Patrono na AVL, Paulo Coelho, no Portal Literário Divulga Escritor. Bem vindo(a).

Meu Patrono visto por mim
O livro A Espiã, novo lançamento de Paulo Coelho, é o tema do meu texto "Meu Patrono Visto Por Mim'.  Sendo a primeira incursão de Paulo Coelho no romance “meta-histórico”, entre a ficção e a não-ficção, utilizando-se de personagens históricos e fatos reais, mas com livre voo da imaginação criadora, o livro é muito envolvente e tem a marca da novidade. 
Para mim, a novidade foi dupla, porque encontrei uma promoção da Amazon Audio Books, onde se cadastrando, pude ouvir o livro gratuitamente.  Dupla novidade realmente, nunca tinha ouvido um livro nessa mídia.
                A história gira em torno da vida e do mistério da atriz e dançarina Marguaretha Geertruida Zelle, mais conhecida como Mata Hari, a mulher que ousou ser uma mulher desinibida e livre numa época em que o comportamento feminino deveria ser recatado e estar a um passo atrás dos homens.
                A narração, feita pela própria Mata Hari, é extremamente fluída e dá um tom entre o relato lamentoso e o relato saudoso.  A lamentação é pela condenação ao pelotão de fuzilamento francês por traição ou espionagem e o saudosismo ou a saudade é pelos grandes momentos no mundo do sucesso parisiense como dançarina nas maiores casas de show.
                Apesar do sucesso e da fama de Mata Hari na Belle Époque francesa, o livro não deixa de denunciar as superficialidades e as tragédias da vida das elites e do falso glamour das celebridades fúteis e ricos sem noção da própria estupidez e crueldade.  A crueldade, aliás, atravessa toda a narrativa, do começo ao fim.  Estuprada pelo diretor da escola na Holanda, sua terra natal, a protagonista casa-se com um oficial militar e parte para a Indonésia, onde sofre experiências sexuais horrendas com o marido.  O “batismo de fogo” de Mata Hari tinha sido o suicídio de uma mulher desiludida com o amor e tomada pela profunda infelicidade de um mundo de aparências que desfere um disparo de pistola no coração, bem próxima de Mata Hari, numa festa na Indonésia.  A partir daquele momento passou a ser a mulher que manipulava e usava os homens e não o contrário.
                Mata Hari na França, sempre foi invejada e reconhecida como artista de dança oriental, no seu auge, mas nunca respeitada.  A injustiça que se abateu sobre ela se dera por intrincados acontecimentos e “atividades suspeitas” que só foram consideradas suspeitas porque havia um contexto de guerra e um Tribunal de Guerra com a Lei de Segurança Nacional na França da 1ª. Guerra Mundial.
Tinha sido contatada pelo Cônsul Cramer da contraespionagem alemã e contratada para dançar em Berlim para a aristocracia, quando sua carreira já não tinha a mesma fama em Paris.  Foi como encontrar o homem certo no lugar errado.
As acusações foram injustas realmente?  Até hoje não se sabe, embora fique bastante claro que houve muito exagero, no mínimo, com relação às suas “atividades de espionagem.” Fiquemos com as palavras da própria personagem: “Sou uma mulher que nasceu na época errada e nada poderá corrigir isso. Não sei se serei lembrada no futuro, mas, caso isso ocorra, espero que me vejam não como uma vítima, mas como alguém que deu passos corajosos e pagou sem medo o preço que precisava pagar.” 
O livro, no seu todo, demonstra a grande força do autor que brilha ao adentrar um extremo psicologismo e defesa da causa feminina e no universo pessoal da sua precursora Mata Hari, que entrara em outra dimensão, num transe místico em mistura de yoga e meditação ao assistir a dança sagrada e exótica na Indonésia.
No nosso tempo, Madona, a cantora pop, foi considerada a mulher do ano em 2016 e teve que fazer um discurso enorme de “justificação” – a rigor ela não tem que justificar nada – de seus atos, atitudes e pensamentos.  Estaríamos tão distantes assim da época de Mata Hari?

Academia Virtual de Letras António Aleixo
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte

Cadeira: 18

Leia mais em: http://portalliterario.com/livros-em-foco/270-livro-a-espia-do-autor-paulo-coelho-e-homenageado-pelo-academico-mauricio-duarte

domingo, 23 de abril de 2017

Dia do Livro - 23 de abril

Dia do Livro - 23 de abril


Heinrich Suso



Heinrich Suso

Suso, um discípulo do Mestre Eckart, foi outro dos célebres místicos de Colônia.  Diz-se que embora ele abraçasse o princípio de união com Deus pela auto-aniquilação, nunca ocupou inteiramente o nível de panteísmo com o qual especulara seu mestre.  Suso foi um monge da Ordem Dominicana; famoso como pregador e distinto por sua piedade e benevolência; um amante ardente da vida monástica e um grande inimigo das corrupções da igreja.  Sua definição de Deus é puramente dionísica – ser é igual a não-ser.  “Ele não é qualquer ser particular ou feito de partes.  Ele não é um ser que tenha sido ou capaz de qualquer possibilidade de receber adendos; mas puro, simples, universal indivisível ser.  Esse ser puro e simples é a suprema causa do atual ser, e inclui todas as existências temporais bem como seus começos e fins.  Ele é todas as coisas e está fora de todas as coisas, de modo que podemos dizer: ‘Deus é um círculo cujo centro está em todo lugar, sua circunferência não está em nenhum lugar.’” Quanto à união do homem com Deus ele fala com as mesmas expressões usadas por Ruysbroek, mantendo a unidade, e assegurando que a criatura é ainda uma criatura.  O homem se desfaz em Deus.  Todas as coisas se tornam Deus, ainda que, de um certo modo, a criatura ainda seja criatura.  “Um homem manso”, ele diz, “deve ser deformado pela criatura, conformado a Cristo e transformado em divindade; ainda que o pensamento divino e o humano continuem a existir.” “A alma”, ele diz de novo, “passa acima do tempo e do espaço, e com uma intuição interna amorosa é dissolvido em Deus.  Essa entrada da alma bane todas as formas, imagens e multiplicidades.  Ela é ignorante de si mesma e de todas as coisas.  Reduzida à sua essência, ela toca a extremidade da Trindade.  Nessa elevação não há esforço, nenhuma luta; o começo e o fim são um só.  Aqui a natureza divina dota e abraça com um grande beijo entre e através da alma o que deve ser para sempre.  Ele que é recebido no eterno nada, é o agora sempre e não rejeita nem antes nem depois.  Certamente Dionísio dizia que Deus é o não-ser; o que é, acima de tudo, além de nossas noções  do ser.  Nós temos que empregar imagens e similitudes, bem como eu devo fazê-lo, para dizer tais verdades, mas sabendo que tais figuras de linguagem estão muito abaixo da realidade como um eclipse está abaixo do sol.  Nessa absorção do que é dito, o sol é ainda uma criatura; mas, ao mesmo tempo, rejeita, sem dúvida, o pensamento de que ele possa ser uma criatura ou não.”

Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo X . Místicos . Heinrich Suso


Sebastián de Herrera Barnuevo



Sebastián de Herrera Barnuevo
Uma grande figura na história da arte de Madri

Sebastián de Herrera Barnuevo nasceu em Madri em 1619, filho do escultor Antonio de Herrera Barnuevo e de Sebastiana Sanchez.  Ele foi instruído por seu pai até a chegada de Alonso Cano em Madri em 1638, quando o jovem foi atraído pela forte personalidade do artista de Granada.  O primeiro conhecido e importante trabalho de Herrera foi sua participação nas decorações para celebrar a entrada da rainha, Mariana da Áustria na cidade em 15 de novembro de 1649.  Por isto e por atividades semelhantes, Herrera foi aceito na posição de valete por Filipe IV.  Em 26 de fevereiro de 1662, ele obteve o posto de arquiteto chefe dos projetos reais.  Em 26 de novembro de 1668 ele foi admitido como pintor da corte e em 1670 ele foi nomeado mantenedor da Escorial.  Herrera morreu em Madri no começo de 1671.
Infelizmente quase todas as pinturas de Herrera desapareceram.  Ele teve uma participação nas decorações da Capela de Santo Isidro, Madri.  Outro de seus importantes trabalhos é o altar da Sagrada Família, cerca de 1655, ampliando o tema das Duas Trindades nas telas principais e no teto, O Martírio dos Jesuítas no Japão.  É claro que o soberbo projeto arquitetônico do altar é também de Herrera.  Nenhum dos seus trabalhos criativos foi inteiramente original; até o melhor deles demonstra uma clara relação com o estilo bem conhecido de Alonso Cano.  Seus esboços são seus trabalhos mais importantes.  Alguns são meramente planejamentos para os altares da Capela de Santo Isidro em Madri e para a Igreja da Virgem dos Reis em Toledo.  Outros como Gabriel e Judith são esplendidos roughs nos quais uma certeira e delicada utilização do lápis, bem como uma magnífica graça e fluidez são observadas.

(Livre tradução do livro The Book of Art . German and Spanish . Art to 1900 . Enciclopédia ilustrada de pintura, desenho e escultura . Editado por Dr. Horst Vey e Dr. Xavier de Salas . 1967)

Desenho: Retrato de um homem (lápis). 9 7/8 x 7 7/8 polegadas . Florença, Uffizi


Arte-enlevo, arte egóica e arte da neutralidade



Arte-enlevo, arte egóica e arte da neutralidade

Como havia diferenciação entre a serpente boa e a serpente má entre povos da Antiguidade, particularmente no Egito Antigo, entre boa e má arte, é lógico, há uma grande diferença.  Entre o Agathodaemon e o Kakodaemon, a serpente boa e a serpente má, segundo Blavastky no livro A Doutrina Secreta, ocorrem diferenças enormes.
Só na Idade Média passou-se a considerar as serpentes exclusivamente como más, como símbolos do mal.  Mas como os povos antigos chamavam os grandes sábios de serpentes ou dragões, hoje os grandes mestres, artistas, atletas ou intelectuais, por vezes, são chamados de “monstros sagrados”.  Por que serpente ou dragão?  Por que “monstro sagrado”?  Porque havia pensadores gregos que usavam a metáfora de comer o coração e o fígado das serpentes para adquirir a sabedoria, advinda da própria lenda ou mito ou construção filosófico-religiosa de Adão e Eva no Paraíso e as suas quedas por meio da maçã oferecida pela serpente à Eva.  O conhecimento do bem e do mal.  Suas palavras foram tomadas como verdadeiras e o sábio tem seus ensinamentos consumidos – ou assimilados – pelos adeptos para adquirir a sabedoria.
A arte egóica se contrapõe diretamente ou indiretamente à arte-enlevo.  É a arte em estado isolado, o sonho profundo, a escuridão, a inércia.  A arte da neutralidade como o próprio nome diz, propõe relações de troca entre o elevado e o negativo, entre o ego e a aniquilação do ego, sem opôr-se nem a um nem a outro.  Freneticamente ela propõe a atividade, seja essa atividade voltada para o elevar-se ou voltada para a baixeza, ao mesmo tempo, ou ora para um lado, ora para outro lado. 
Tamas (arte egóica), Rajas (arte da neutralidade) e Sattva (arte-enlevo) seriam as correspondências dessas classificações de acordo com a Ayurveda em conjunto com a consciência elevada ou consciência cósmica, apontada por orientalistas e adeptos de religiões orientais e pensadas artisticamente, segundo nossa visão.
A arte egóica se concentra, em grande parte de sua atuação, no grotesco e no espalhafatoso, no exagero e na ilusão.  Mais comumente encontrada em obras de arte da arte pop e do mid-cult, mas pode ser encontrada até no cult e no erudito, quando pensamos em certas “degenerações” desse próprio movimento sem direção das elites/vanguardas ou pseudo-elites/vanguardas.
A arte da neutralidade se concentra, na maioria das vezes, em dubiedades e em subjetivismos, em conexões e em velocidades.  Mais comumente encontrada em obras de arte do cult e do mid-cult, mas pode ser encontrada, também, tanto na arte pop quanto na arte erudita, senão totalmente, mas parcialmente.
A arte-enlevo, por sua vez, se concentra na pureza e no equilíbrio, na vigília e na causa.  Mais comumente encontrada na arte erudita, mas pode igualmente ser encontrada no cult e no mid-cult, novamente salientando-se que nem sempre de forma total, mas apenas parcialmente.
Em nada interfere na qualidade de uma obra de arte ser erudita ou arte pop, cult ou mid-cult.  Dentro das proximidades ou afastamentos da cultura dita oficial ou do status quo, percebe-se uma grande mescla entre tais classificações.  Porém, não se pode deixar de dizer que a recorrência da arte-enlevo na arte erudita em muito a torna “recomendável” ou “preferível” frente a qualquer outra expressão de nível “inferior” como o cult, o mid-cult e a arte pop.


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sábado, 22 de abril de 2017

Relações de contato da arte-enlevo



Relações de contato da arte-enlevo
A arte visionária pretende lançar mão de visões com experimentos em estados não-ordinários de consciência (ENOC) traduzidas para as artes visuais. A literatura do maravilhoso pretende mostrar o mágico e o místico com a rica realidade numa epifania individual. Qual a relação entre essas diversas tendências – e muitas outras – e a arte-enlevo?
A resposta, seja ela qual for, deve se situar num lugar de meio termo entre o transe meditativo e a imaginação espiritual sem ter tais elementos como definidores de sua poética e sem negá-las ao mesmo tempo. A rigor, a arte-enlevo possui relação direta ou indireta com a espiritualidade. O espiritualismo ou a espiritualidade evoca sensações, devoções e práticas muitas e desemboca, artisticamente, em estados poéticos vários, com n matizes, desde o misticismo xamânico até o pietismo religioso, de modo amplo.
De modo que, a arte-enlevo pode suscitar realidades no terreno da arte visionária e do maravilhoso, sem ser ou tornar-se, propriamente, arte visionária ou literatura do maravilhoso, sendo mais voltada a uma experiência estética que, generalizante ou generalista, por natureza, não se atêm a uma independência ou subjetividade própria, inerentes. Ao contrário, pode se juntar e/ou se plasmar com outras tendências – desde o anti-design, na comunicação visual até o neoísmo na experimentação artística e cultural; desde o expressionismo abstrato até a literatura fantástica – sem deixar de apresentar ou demonstrar sua preocupação maior em elevar mentes, consciências e espíritos. Sendo esta característica presente como a mola propulsora ou a pedra de toque do processo criativo ou ainda, o alvo a ser alcançado no resultado final da sua prática e teoria. Em qualquer desses três momentos a arte-enlevo propõe não o materialismo ou o espiritualismo, mas, em essência, um ponto de contato entre o planejamento (projeto), prática (práxis) e teoria (conceito) no qual a arte possa ser plenamente vivenciada numa apreciação rica e elevada – necessariamente rica em desdobramentos e elevada em apreciação – que possa torna-la próxima do mid-cult, do cult, do erudito e da pop art, sem ser ou tornar-se, totalmente, qualquer uma dessas classificações.
Também não será arte objetiva ou arte sacra, no sentido espiritual do termo e nem arte-terapia ou arte-educação porque não possui compromisso com as agendas terapêuticas, espirituais ou educacionais de modo estrito. No entanto, apresenta um víés de exploração filosófico que, se não é açambarcante, em termos totalizantes, é, ao menos, realizado em primeira instância, a partir desse pensamento: dos “porquês”, dos “comos”, dos “ondes” e dos “quandos” no terreno da apreciação que suscita realidades ou que possa suscitar realidades questionadoras e de impulso ao elevar de apreciações antes ocultas e/ou ausentes do rol de percepções do homem e da mulher contemporâneos.
Por exemplo, porque não buscar compreender, artisticamente:
. O conceito de virgindade como sendo o olhar do ato amoroso (sexual) como a primeira vez e não como a ausência de prática amorosa (sexual).
. O conceito de alma-mundo como experienciar do planeta Terra do qual fazemos parte inextricavelmente.
. O conceito de honra, dignidade e valores como sendo inerentes aos seres humanos e não como “adendos” que nos são negados, muitas vezes, no mundo contemporâneo.
. O conceito de beleza, bondade e verdade como poética da vida e não como ideais que nada significam – ou significam muito pouco – para o cidadão médio e mesmo para muitas elites.
Os exemplos citados são considerações pessoais minhas e podem, logicamente e subjetivamente, variar conforme a individualidade de cada artista.
Tais conhecimentos ou considerações ciclicamente desaparecem ou reaparecem das percepções humanas de tempos em tempos e podem ser mais facilmente ou mais dificilmente acessadas por estéticas artísticas e culturais, por pensamentos filosóficos e morais ao longo das épocas. A arte-enlevo propõe a permanência de temas, estilos ou tendências de atitudes “fora de moda” ou “fora de contexto” no arsenal estético artístico, independente da classificação ou denominação da vertente utilizada, mesmo se tais atitudes e/ou pensamentos não forem diretamente ou claramente identificáveis em determinada obra de arte.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Antologia Encontro Di-Versos





Recebi ontem o exemplar da Antologia que participo: Encontro Di-Versos! Uma edição muito bem feita! 😁😀 Muito contente! Parabéns a todos os poetas, poetisas, editores, designers e demais envolvidos na realização do livro.
Fragmento do poema:
Poema do fim das águas
A lagou chorou.
Mas também, pudera:
O homem matou,
O homem quebrou,
O homem tirou,
O homem cagou,
O homem zerou...
(...)

quarta-feira, 19 de abril de 2017

O poder criativo e criador da arte



O poder criativo e criador da arte

O mundo precisa de arte!  O mundo precisa de arte... O mundo precisa de arte?  A sentença pode ser dita destas três formas, a afirmativa, a subjetiva e a interrogativa ao mesmo tempo e, nas suas três formas, suscitar inquietações igualmente válidas e relevantes para o nosso mundo na atualidade.
Por que se dá esse fenômeno?  Porque a modernidade líquida como dizia Bauman, repleta de “massacres e assassinatos recíprocos, do tipo hoje visto entre sunitas e xiitas no Iraque (...)visto ontem mesmo entre sérvios, croatas, bósnios e muçulmanos do Kosovo (...) um ciclo aparentemente interminável de retaliações assassinas, (...)” não quer sensibilidade, não quer poética, não quer suavidade...  À edição original inglesa de 2008 do livro A Arte da Vida do filósofo Zygmunt Bauman podemos acrescentar todos os horrores da guerra da Síria com massacres entre rebeldes e governo ditatorial quase que ininterruptos hoje em dia.  O terror do Estado Islâmico também ataca impiedosamente, sem rosto, em caminhões usados como armas contra a população civil, indiscriminadamente; quando não se utiliza de meios mais sofisticados como bombas e armas de fogo. 
Também por outros motivos.  Porque na contemporaneidade artistas como Robert Rauschenberg, coloca à venda folhas de papel cujo conteúdo são desenhos feitos no passado por De Kooning (famoso artista norte-americano) dos quais ele havia eliminado quase todos os traços à lápis.  As marcas do apagamento eram as marcas artísticas com as quais se dava uma especulação bem-sucedida através de uma... obra de arte...!?!!?
E daí?  Daí que as marcas da modernidade, como assim eram chamadas pelos eruditos críticos de arte do passado, hoje almejam desaparecer, o efêmero transformou-se na aclamação maior, o passageiro, aquilo que não permanece...
Mas há implicações bem concretas desta realidade no nosso dia-a-dia... A ética, a moral, a bondade, a compaixão parecem ter sido realmente apagadas da existência.  Tem-se medo de ser virtuoso em muitos momentos e isto vai além de qualquer moralismo; é um fato. E o que ressurgiu disto não dá conta de transcender, de transformar e nem, muitas vezes, de dialogar com os aspectos concretos do que ocorre hoje.  Muitos afirmarão que o próprio Friedrich Nietzche (1844-1900)já dizia que “Só a música doentia dá dinheiro hoje.” E na época dele não existiam os batidões de funk, por exemplo...  Pelo menos não da forma como conhecemos em nossos tempos...
Nem todo expressionismo abstrato, nem todo método de trabalho colaborativo experimental de pintura, nem toda encenação ou filmagem de evento artístico podem dar conta da nossa real falta de paradigma, referência e/ou modelo atuais... Talvez, e muito provavelmente, seja uma qualidade da nossa época e não um defeito.  Como dizia Krishnamurti, “a verdade é território inexplorado.” Mas se é uma qualidade, devemos ter em mente que a sensibilidade é objetiva e é por ela que se chega a uma verdadeira compaixão, um verdadeiro “pôr-se no lugar do outro”, um importar-se com o outro mais do que apropriar-se do outro como mercadoria, o que vem sendo feito há muito tempo pelo modo de produção capitalista em todas as suas vertentes neo-liberais de várias formas.
As trocas de mercado clássicas perderam muito de seu valor ou de sua objetividade palpável no que se refere à arte nos nossos dias. A própria definição de arte é reformulada e reestruturada várias vezes ao longo da história recente.  O que não pode e não deve se perder é o sensível, o poético, o sublime, a vivência do sentimento, o amor, sem os quais não somos humanos, somos apenas máquinas.  Sem os quais, o poder criativo e criador da arte não se estabelece.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


REFERÊNCIAS:

Bauman, Zygmunt . A Arte da Vida . Editora Zahar . Rio de Janeiro, 2009.

Mattick, Paul; Siegel, Katy . Arte & Dinheiro . Editora Zahar . Rio de Janeiro, 2010.



terça-feira, 18 de abril de 2017

Espectadores da vida



Espectadores da vida

Força, fé, vontade,
força de expressão...
(Des)união que me torna
meio humano,
meio máquina...

Nada que torna,
(en)torna a paciência,
diz-se de alguém
que não pode nada,
nem nunca pôde..

Destas muitas (im)potências
que se fizeram
morte para tantos,
enquanto meros
espectadores da vida...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

domingo, 16 de abril de 2017

Estudo, trabalho e espiritualidade



Estudo, trabalho e espiritualidade

 
Esforçar-se é louvável, digno e honrado em quaisquer circunstâncias dos estudos e do trabalho.  A rigor, quem aprende, quem estuda para aprender, tem, de acordo com o próprio tempo destinado, a colheita em forma de conhecimento elevado ou superficial, conforme tenha se aprofundado ou não.  A rigor, também, quem trabalha, quem faz o serviço de alguma atividade profissional, também colhe frutos em matéria da recompensa, o salário ou o pró-labore e, muito mais, aos efeitos do seu trabalho como contribuição à sociedade em amplidão ou em reduzido efeito, conforme tenhamos nos dedicado mais ou menos e a depender da equipe que pertencemos e da situação laboral que enfrentamos.
A colheita do estudo e do trabalho sempre há, porque nenhum esforço é vão.  Quando plantamos no estudo e no trabalho aguardamos que essa colheita seja positiva, mas nem sempre ocorre isto.  Por vezes, o efeito é contrário, nos atrapalhamos e nos confundimos e o efeito positivo só será sentido muito tempo depois, talvez, até, depois da nossa morte.  E, como toda atividade, o estudo e o trabalho também guardam relação com Deus.  No entanto, quando nossa prática profissional se alicerça no tempo de Deus, seus frutos se estabelecem plenamente e se realizam um sem número de boas colheitas com naturalidade e sem nenhum obstáculo. Muitos esquecem disso... E querem apenas produzir sem a devida reflexão, no sentido espiritual, no sentido sagrado, sobre quais frutos aquele estudo e aquele trabalho irão ter no futuro, que bases do passado tiveram e como chegaram ao nosso presente.  Muito existe, nesse sentido, no mundo, hoje em dia... mas, não se pode querer resultados sem se considerar o processo.  Os fins não justificam os meios.  O meio pelo qual se faz é tão importante quanto o que se faz, bem como o tempo em que se faz.
Que a nossa vida possa refletir tanto o esforço e a diligência no estudo e no trabalho, quanto à observância dos desígnios cósmicos e incomensuráveis de Deus na nossa própria existência e na dos outros, dos nossos semelhantes.  Jesus disse: “(...)Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.”  Ter em mente tão elevado critério, é, a um só tempo, esforçar-se e deixar Deus ser Deus na nossa vida, ao mesmo tempo.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/estudo-trabalho-e-espiritualidade-por-mauricio-duarte/

Artemisia Gentileschi



Artemisia Gentileschi
Artemisia Gentileschi, a filha de Orazio Gentileschi (1563-1639) foi uma das maiores seguidoras de Caravaggio e uma grande personalidade. Era precocemente bem dotada, conseguiu destaque na Europa e teve uma vida de independência rara para uma mulher daquela época. Nascida em Roma, em 1593, trabalhou principalmente lá e em Florença, até que se radicou em Nápoles em 1630, além de ter ido à Inglaterra visitar seu pai, de 1638 a 1640.
Em 1610 Artemisia pintou seu primeiro trabalho datado e assinado: Susanna and the Elders. Em fevereiro ou no princípio de março de 1612, Agostino Tassi, seu professor de perspectiva, foi acusado de tê-la estuprado e subseqüentemente julgado e preso. Em julho Orazio escreveu à Grande Duquesa da Toscana elogiando a mestria artística de Artemisia e requerendo o cumprimento da sentença de Tassi. Talvez para mitigar sua situação difícil, ao fim daquele ano ela casou com o florentino Pierantonio Stiattesi, saiu de Roma e mudou-se para a capital da Toscana.
A data de alguns dos seus trabalhos mais elogiados permanece controversa. Entre esses inclue-se Judith Beheading Holofernes (em Nápoles e sua última variante no Palácio Uffizi, Florença), a resposta à interpretação canônica de Caravaggio sobre o tema Lucretia (Pagano Collection, Genoa) e Judit and her Maiservant (Galleria Palatina, Florence). Artemisia assinava Lomi, o sobrenome real do seu pai, nos trabalhos florentinos tais como Gael and Sisera (1620, Museum of Fine Arts, Budapest). Grandemente considerada, ela foi aceita como o primeiro elemento feminino na Accademia del Disegno em 1616. A biografia sucinta de Baldinucci descreve sua atividade prolífica como retratista, embora poucos quadros tenham restado.
Em 1620 Artemisia escreveu a Cosimo II de Medici informando-lhe sobre a intenção de ir a Roma, e há documentação desse fato em 1621 e novamente entre 1622 e 1626. Em 1627 ela estava em Veneza, mas mais tarde radicou-se em Nápoles, onde assinou seu mais antigo trabalho napolitano seguramente datado, The Annunciation (1630, Museo di Capodimonte, Naples). Parece que morou lá até sua morte, em 1651, com exceção de uma temporada na Inglaterra, de 1638 a 1640, para dar assistência ao seu pai já idoso.
Imagem: 1612 - 1613 Judith e sua serva - Galeria Palatina, Palácio Pitti - Florença - Itália - Pintura de Artemisia Gentileschi.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Nossa força maior



Academia Virtual de Letras
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 18

Nossa força maior

Herança de tempos imemoriais
vicejam hoje em formas diversas
e de modos muito diferentes...

Raízes latinas, raízes inglesas,
raízes ameríndias, raízes celtas,
raízes árabes, raízes andinas...

Raízes lusitanas, raízes tupis,
raízes mouras, raízes catalãs,
raízes chinesas, raízes indianas...

Raízes judaicas, raízes eslavas,
raízes bantus, raízes sudanesas,
raízes nipônicas, raízes enfim...

Todos somos um só povo, sim,
uma  humanidade, que é,
que foi e que será análoga sempre...

Nossa fé, nossa diversidade,
nossa dor, nossa limitação,
são nossa força maior, a grandeza...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Entrevista no Antro Literário



Entrevista minha concedida ao meu amigo Leo Vieira no Antro Literário: http://antroliterario.blogspot.com.br/2017/04/antrovista-mauricio-duarte.html

Fitologia ao acaso


Fitologia ao acaso
ecoline e nanqum s papel
21 x 29,7 cm
2017
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Spiga



Uma explosão de cores! Força, dinamismo, originalidade... Em uma palavra... audácia!  Assim é a pintura de Spiga.  Criação que nos remete às vicissitudes e agruras da vida, às dificuldades, mas sobretudo ao gesto transversal da vida,  a vida levada aos extremos, engolida aos grandes pedaços; com uma garra inquebrantável...
Pigmentos sobre pigmentos.  A mancha do “deformismo” – palavra criada pelo próprio artista – que enlaça e desenlaça ao mesmo tempo... Criatura e criador num só universo; interagindo como numa dança que pode ser tanto o balé clássico como uma festa do congado, passando pelo frevo pernambucano ou pelo samba de uma escola de samba carioca.  A composição é fluída, é sempre fluída, sempre nos leva de uma ponta a outra da tela, em expressividade fora do comum.
A cor é o próprio tema de muitas composições do artista, como em Paul Klee e em Miró.  E são cores intensas, como em Kandinsky.  Mas que não se engane quem vislumbra suas peças: Spiga é original, não há nem nunca houve igual... Autodidata por natureza, vocação e escolha própria, o pintor não se inspira em nenhum outro.  “Sou adepto de minhas criações”, dispara certeiro quando perguntado sobre alguma influência.  Para ele, “a arte não tem restrição.” E tudo pode ser testado, experimentado, questionado e... deformado.  “Quero encontrar um ponto entre o abstrato e o deformismo”, conclui mais longamente sobre obras atuais.
Spiga tem uma trajetória muito rica de 45 anos na pintura!  Sua maestria das formas, cores e linhas transpassa cada pincelada, cada mirada ao longo da criação... E nada escapa ao seu olhar...
Juazeiro do Norte, cidade dos romeiros de Nossa Senhora das Candeias, possui uma nova/antiga luz, a luz de Spiga, filho querido do Ceará, que ilumina e engrandece o olhar de quem se detém em suas criações... Longa vida ao nosso experimentador/artista/pintor do alto de sua maturidade artística!

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Contatos com o artista:
Telefone : (88) 988072953
Atelier: Rua Pio X 937 – Centro – Juazeiro do Norte, Ceará



domingo, 9 de abril de 2017

Arte-enlevo . artes visuais



Arte-enlevo . artes visuais

Linhas, cores, formas, pontos, tudo que envolve uma composição de artes visuais precisa, necessita, requer, pede um porquê; não só um significado, mas um porquê.  Não estou com isto querendo valorizar o império do funcionalismo ou da funcionalidade...  Não, longe disso.  O porquê estético é tão bom – ou até melhor, na maioria das vezes ou em grande parte das vezes – do que o porquê funcional quando se trata de arte.
Como uma linha será: sinuosa, reta, grossa, fina, leve, pesada, rápida, lenta, elétrica, serena, são todas questões também de suma importância para o artista que se debruça sobre sua obra.
Significado e significante estão entrelaçados insofismavelmente, mesmo que não nos reportemos à semiótica.  A composição, seja ela qual for, possui forças que guiam o olhar do observador, de dentro para fora, de fora para dentro, da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, no sentido horário, no sentido anti-horário.  Em n direções.  Contrastes e semelhanças, proximidade e distância influenciam essa trajetória da visão.  E para que esse caminho visual possa se dar com mais ou menos autenticidade, com mais ou menos beleza, com mais ou menos força, o significante necessita ter relação direta com o significado.  No design gráfico, o conceito: forma e conteúdo.  Nas artes plásticas, a expressividade: fatura e poética.
Nesse sentido, pesquisar as artes visuais pressupõe um olhar direcionado e atento ao que queremos, desejamos ou ansiamos como artistas para que não nos contentemos com o início ou o meio da jornada, mas cheguemos ao seu final para completar nossa visão autoral de forma plena.


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sábado, 8 de abril de 2017

terça-feira, 4 de abril de 2017

Medalha e Faixa

Medalha e Faixa recebidas na Sessão Solene do Aniversário de 10 anos da SAL (Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo).



segunda-feira, 3 de abril de 2017

Movimento estrambólico


Movimento estrambólico
nanquim e guache s/ papel cartão
21 x 29,7 cm
2017
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Triste é ver que se vendem por tão pouco...



Triste é ver que se vendem por tão pouco... 

 
Muitos se vendem por um lugarzinho ao sol, outros por 1 bilhão de reais... Tudo isso é muito pouco... Tanto o lugarzinho ao sol quanto o 1 bilhão de reais.
Ter caráter é algo que já foi desmascarado por iluminados.  Mas a conduta ilibada e a ética, além do senso de solidariedade e de fraternidade podem não ser parte, exatamente, de um caráter.  Podem ser parte de uma lógica da amorosidade, do respeito a si mesmo e ao próximo, da virtude pela virtude, do querer bem à sua família, amigos e colegas.  Não é preciso ser alguém “de caráter” para ser uma pessoa do bem.  É preciso consciência e sabedoria.  Consciência e sabedoria, por sua vez, adquirem-se, conquistam-se ou não se adquirem, não se conquistam.  Não está no DNA.  Não é herança genética. 
É preciso fazer valer a condição de ser humano e realmente ser um ser humano, sem concessões aos “jeitinhos” ou modismos, às safadezas ou “praticidades”.  Ser resoluto é saber que o que se faz é o melhor para si e para os outros tendo sempre a ética, a verdade e a liberdade, além da solidariedade e da fraternidade como norte.  Cônscio dessa condição, o verdadeiro cidadão ou a verdadeira cidadã não precisa realmente de caráter, o caráter é a sua consciência em si mesma, dissolvida em seus atos, palavras e atitudes.
O que significa exatamente imiscuir-se na consciência?  Significa que nada que seja contrário ao desejo de auxiliar – de verdade – o próximo e a si mesmo poderá ter lugar na sua vida, no seu cotidiano, nos seus atos, palavras e atitudes se você não quiser.  O livre arbítrio continua e sempre continuará, no entanto, a possível tentação de uma má conduta não será considerada por você como uma possiblidade razoável.  Será uma possiblidade e apenas isso.  Por exemplo, quem trabalha com risco de cortar-se em algum equipamento de modelagem em madeira, sabe que é preciso atenção.  Há a possibilidade de se ferir, mas essa probabilidade é minimizada pelos procedimentos de segurança.  Estar cônscio, imerso na consciência, significa um pouco isto, adotar medidas de segurança enquanto se trabalha com riscos.  Poder traz riscos, como também, tentações e se essas tentações forem tratadas negligentemente podem se tornar realidade e acabar devorando a pessoa.  Já foi dito: “Se alguém olhar muito para o abismo, o abismo o devorará.”
Não se trata aqui de defender moralismos ou idealismos, mas de ter em si mesmo, uma fagulha divina que te guie pelo melhor caminho, pela melhor opção, pela melhor conduta.  Esse guia interior é alcançado por meio de meditação e oração.  Não há outro meio...  Só a partir de um encontro pessoal com Deus se consegue consciência na vida.
Portanto, é necessária uma revisão de valores e ideais se quisermos realmente possibilitar o surgimento de um novo homem.  Não é possível ter-se o bem na existência, quando o bem não é nosso íntimo, não faz parte do nosso dia-a-dia, não é nosso companheiro e não está sempre presente do raiar do dia ao crepúsculo.  Pensar, refletir e chegar à conclusão da necessidade de uma prática espiritual diária é condição básica para a finalidade da virtude.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


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Recebendo insígnias na SAL

Eu, Mauricio Duarte, recebendo minhas insígnias de associado da SAL, Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo, na Sessão Solene dos 10 anos da instituição.