sábado, 31 de agosto de 2013

REVOLUÇÃO DOS SENTIMENTOS



REVOLUÇÃO DOS SENTIMENTOS

Perguntaram-me como eu me sentia
com relação à nação brasileira.
Eu disse o que podia,
o que não podia, me calei.
Achei melhor
voltar meus sentimentos
para o que de mais útil
possa ajudar.

Enfim, decidi-me:
Estatizei minhas emoções,
elas viriam, a partir de agora, do Estado,
estariam subvencionadas pelo poder público
e como tais, iriam depender das verbas.

Portanto, uma paixão mal resolvida
teria que esperar o decreto presidencial.
Um amor de fim-de-semana
a reunião dos parlamentares
a legislar sobre o assunto.
Para um mau humor seria melhor:
bastaria uma consulta ao diário oficial.
Uma tristeza precisaria de um projeto de lei,
precisaria ser homologada.
Mas o que seria demorado mesmo
é a ira, essa teria que ter
consulta popular em plebiscito,
para que fosse devidamente referendada.

Assim, quem sabe,
minhas emoções estariam em acordo com
o projeto de governo
e não teria que justificá-las
Para qualquer um nem para ninguém,
eis tudo.

Essa seria a revolução dos sentimentos.
Promulgada a 7 de setembro
de 2013.


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Caminho



Caminho

A criança veio e me perguntou
se eu poderia ler para ela aquele livro.
O livro era a Bíblia
e a criança era o pai do homem.
Seria sagrado aquele momento?

Doce e sagrado é o caminho.
Leio e releio com todo o gosto
a passagem que louva a Deus.
Fico imaginando quantos
não teriam a mesma oportunidade
de fazê-lo agora.
Por falta de tempo?
Por analfabetismo funcional?
Por relativismo cultural?

Deus tornou-se relativo...
Sim, muitos diriam, sempre foi.
Mas a nossa vida não é relativa.
Somos matéria, mater, mãe,
Maria, Mãe de Deus, mulher nova.

Estamos em algum lugar
dentro do eixo espaço-tempo
e vivemos.
A vida é sagrada
porque não seria também
esse momento de leitura
da Bíblia?

Ler e reler sempre
todos os dias, o mesmo livro.
É sagrado sim.
Como seria uma vida
que estivesse pronta
para morrer,
afinal, não sabemos a nossa hora.
Sagrado sim.

Sagrado como sagradas
são as lágrimas nos olhos
de um pai.
E mais ainda,
o sorriso dessa criança.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
MV Arte . Mostra Virtual de Arte (eu participo) .
http://mostravirtualdearte.wordpress.com/