Teologia alemã
Esse pio e
místico livro, cujo autor é desconhecido, pertence ao tempo de Tauler, e foi
provavelmente escrito por alguns dos místicos da sua irmandade. Ele começa com uma antológica aplicação das
palavras de São Paulo: “Quando aquele que é perfeito vier, então as coisas que
estiverem a parte deverão ser deixadas de lado.” O Perfeito é esse ser “que compreendeu e
incluiu todas as coisas em si mesmo e na sua própria substância e sem o qual e
acima do qual não há substância verdadeira e, no qual todas as coisas têm suas
substâncias, porque ele é a substância de todas as coisas, e em si mesmo,
imutável e inamovível, muda e move todas as coisas.” As coisas que estão a parte são explicadas
como sendo aquelas coisas que devem apreendidas, conhecidas e expressadas; mas
o Perfeito é aquele que não pode ser apreendido, conhecido e expressado por
qualquer que seja a criatura. Por esta
razão o Perfeito é inominável. Nenhuma
criatura como criatura pode nomeá-lo ou conceitua-lo. Antes do Perfeito poder ser conhecido na
criatura, todas as qualidades da criatura como o Eu e o Self devem se perder e
serem deixadas de lado. Deus, ou o
eternamente bom, é o que verdadeiramente existe. O mal não tem existência real, porque o que
ele faz não existe realmente. Qualquer
coisa existe na medida em que é boa. O
autor do “Teologia alemã”, não hesita em estender esse princípio até as suas
últimas consequências, até mesmo dizendo que o demônio é bom, até onde ele seja
um ser.
Submissão à
bondade eterna é descrita como a alma da liberdade. Ele não é o livre que busca uma recompensa
pelo seu bom comportamento ou é aquele que faz o que é certo coagido pelo medo
da punição do inferno. Ele sozinho é o
livre que ama a bondade por sua própria conta e faz o que é certo porque
fazendo o bem está em beatitude. “O que
é o paraíso?” o autor pergunta e responde, “todas as coisas que são, por tudo,
são boas e agradáveis, e além de tudo, podem ser chamadas de paraíso. Também foi dito que o paraíso é uma parte
fora do Céu. Até mesmo foi dito que este
mundo nosso fosse verdadeiramente uma parte externa do eterno, ou da eternidade
e especialmente o que quer que for tempo e coisas temporais ou criaturas
manifestadas ou reminiscentes em nós de Deus ou eternidade, tais criaturas são
um guia e um caminho para Deus e a eternidade.
Desse modo, o mundo é uma parte fora da eternidade; e além disto, pode
muito bem ser chamado de paraíso, porque é nessa verdade; e nesse paraíso que
todas as coisas são salvas em plenitude da lei numa árvore e num fruto, embora
– nada em contrário a Deus mas, da sua própria vontade e poder; que irão, por
outro lado, serem como a vontade eterna gostaria que fossem.
Esse livro era
um dos favoritos dos reformadores. Lutero
editou e recomendou às pessoas. Spener
disse: “que foram as Sagradas Escrituras, a “Teologia alemã” e os sermões de
Tauler que fizeram de Lutero o que ele foi.” É por causa do título do livro que
os místicos alemães foram chamados de “teólogos alemães”. Antecipando a reprovação deles, identificando
a si mesmo com Eckart e Tauler, Lutero dissera: “Nós devemos ser chamados
teólogos alemães”, e ele pergunta, “bem, deixe-nos sermos os teólogos alemães.”
De todos os
místicos alemães, Dr. Ullmann considera Eckart sozinho, decididamente, um
panteísta. Ele classifica todos os
outros como teístas, exceto o autor da “Teologia alemã”. Deste livro, ele diz que “contem os elementos
do panteísmo, não ainda um panteísmo de especulação, mas como o mais profundo e
o mais puro em piedade.” Ele
dificilmente traçou, como muitos antes dele, as linhas desta distinção. Esse livro que embora tenha vindo antes da
Reforma, teve grande influência entre os católicos da Alemanha e desde aquele
tempo é colocado no index de catalogação dos livros perdidos; mas entre os
luteranos ainda tem grande aceitação.
Livre tradução
do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo X . Místicos
. Teologia alemã.