quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Identidades contemporâneas



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Identidades contemporâneas

A nossa contemporaneidade é feita das redes sociais na internet, da instantaneidade na expressão de opiniões, dos protestos combinados pela rede, das músicas baixadas gratuitamente, dos CELULARES, dos smart phones, dos selfies, dos Big Brothers na TV, da sinergia dos produtos – compre o livro, assista o filme, curta a página – dos mega eventos em multidões, da espetacularização de tudo que possa ser vendável.  Mas, para além de tudo isso, a nossa contemporaneidade nos cobra um preço alto.  E que preço é esse?
Nossas identidades são fragmentadas, fazem parte de um amálgama. Um conjunto de várias coisas que nem sempre se coadunam ou se harmonizam entre si e nem sobre um todo que dê conta de todas as facetas identitárias de cada um de nós.
Caminhamos de face em face, buscando aquela que mais se adéqua àquele determinado momento ou situação de nossas vidas como o viajante errante que vai de cidade em cidade procurando abrigo.  Quando encontramos uma que nos preencha, naquela necessidade, usamos e, tão logo tenha cumprido sua função, nos desfazemos dela para a próxima como num seriado de TV, de episódio em episódio, ou num game que passa de fase.
Muitos dirão que isso é normal e que, hoje em dia, as mudanças acontecem quase que todo o tempo.  Sim, isso é verdade. E para sobreviver nesse mundo é necessário “mudar muito para permanecer o mesmo”. As revoluções que acompanharam o mundo desde os já antigos anos 1960 até agora não foram poucas nem pequenas, pelo contrário, colocaram as pessoas pelo avesso mais de uma vez nesses mais de 50 anos.  Para responder a isso, as mutações identitárias tornaram-se lugar comum na vida da população.
Mas há um fato que escapa a essa pós-modernidade de todo dia: Não somos eternos, temos prazo de validade nessa existência.  Na antiguidade pensava-se a morte como a derradeira viagem e havia preparações para essa viagem, como os egípcios antigos e outros povos.  A morte fazia parte da identidade desses povos. E hoje?
Mudar de opinião e de modo de vida muitas vezes pode até ser saudável e nos trazer bem-estar, mas não nos prepara para a morte.  “Mas que conversa é essa?” Vão dizer muitos. Não se quer nem pensar na morte hoje em dia. Mas insisto que esse não pensar nela, já é uma reação à morte, e portanto, a deixa como referencial principal novamente na identidade contemporânea que imaginávamos tão “descolada”. Sim, porque ao relegarmos a morte ao esquecimento, relegamos também o amadurecimento e a espiritualidade ao esquecimento como num efeito dominó.
E o preço que pagamos por retirar o amadurecimento e a espiritualidade de nossas identidades como seres humanos é alto demais. Traz, em si, a submissão ao Deus capital e nos leva a depressões, distúrbios vários e o mal estar da civilização tão estudado e, ao mesmo tempo, tão pouco compreendido.
Porque se é verdade que um psicopata é um monstro unidimensional – ou um fanático pseudo-religioso que se torna terrorista – o outro extremo também é igualmente perturbador. Seria um neurótico que muda a cada minuto ao sabor do vento sem preocupar-se com questões mais profundas como discernimento espiritual ou amadurecimento social por exemplo.
As identidades contemporâneas podem e devem trazer-nos conforto, bem estar e saúde. Porém, mais do que isso, é preciso que essas identidades estejam a serviço de um todo que nos torne plenos não só como consumidores, mas como seres humanos espiritualizados e cientes de que nossa passagem na Terra será proveitosa do ponto de vista de uma cosmogonia do nosso universo interior. Paz e luz.

Mauricio Duarte

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