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O início e o fim
Não existe fim
nem começo na cosmogênese do universo.
Só há a continuidade eterna. No
ápice do início está, em semente, o germe do fim e no fundo do poço do final
está guardada a pequenina luz de um novo amanhecer.
Tudo se move
em ciclos cósmicos e são necessários vários ciclos cósmicos, verdadeiros milhões
de kalpas, para que uma nova ronda de civilização tenha lugar em algum plano de
existência. A nossa civilização não é a
primeira e nem será a última a florescer nessa realidade planetária. Desse modo, podemos dizer, sob certo ponto de
vista, que a evolução espiritual das nossas consciências é o nosso objetivo e
que essa evolução não tem começo nem fim; é um devir que se quer eterno. Grandes avatares, como Shakyamuni, o Buda,
decidiram por esperar a evolução da humanidade inteira para só depois entrar no
reino dos Céus.
Buracos
negros, quasares, nebulosas, pulsares e supernovas demonstram o quanto é vasto
e infinitamente perfeito o nosso universo.
Tal dança cósmica do eterno é uma prova de que não é possível a
imobilidade. Tudo está em constante
mudança e o movimento é o único fator constante nessa alquimia universal; a
própria mudança. Por esse motivo,
talvez, devêssemos lembrar que nossos problemas são, no máximo, preocupações
passageiras e que nada, nada mesmo, irá continuar o mesmo para sempre. Aliás, há um ditado que diz: “É preciso mudar
muito para permanecer o mesmo.” Essa dicotomia da frase anterior corrobora com
a nossa breve digressão sobre o início e o fim, haja vista que, é fato: as
mudanças e os movimentos da nossa realidade natural levam a um estado geral de
coisas harmônico e, embora multifacetada, multitudinária e pluridimensional,
exibe em sua constante evolução uma dinâmica uma e sempre bela, boa e
verdadeira. Portanto, em suas grandes
modificações, o universo permanece, num certo sentido, sempre no mesmo
ritmo. Quero dizer com isso que, saltos
existem na natureza, mas a dinâmica geral, mesmo desses saltos, percorre uma
trajetória já determinada, ainda que não sendo gradual. Trocando em miúdos, tanto a iluminação pelo
Yoga de Patanjali – gradual – quanto a iluminação pelo Tantra de Tilopa – em
saltos – ocorrem e ambos obedecem a um ciclo natural de consciência ampliada.
Sendo assim,
tenhamos pressa indo devagar e percorramos sinuosamente nosso caminho reto para
sermos plenamente libertos de Maya. O
nosso lugar de direito no cosmos estará sempre nos aguardando, demore o tempo
que demorar para nos lembrarmos dessa verdade.
Paz e luz.
Mauricio Duarte
(Divyam Anuragi)
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