segunda-feira, 28 de maio de 2018

Espinoza



Espinoza

Descartes morreu como católico romano, recebendo em seus últimos momentos, os sacramentos da igreja.  Embora em seu tempo de vida fosse perseguido como ateísta, sua memória é agora referida fora da Cristandade.  Não foi o que ocorreu com o discípulo de Descartes, Benedict Espinoza.  Depois de dois séculos de censuras, os teólogos apenas agora fazem justiça a sua memória.
Herder e Scheleiermacher têm observado e chamado Espinoza como um cristão também, mas seus clamores têm sido desde há muito rejeitados, não apenas pelas igrejas, mas pelos inimigos abertos do cristianismo.  O que quer que seja dito das suas doutrinas, todos concordam que representam-no como um cristão no coração e na vida; um exemplo de constância paciente; um homem cheio de fé na bem-aventurança divina, preferindo trazer os frutos mesmos do Espírito, do que comer as pequenas maçãs da raiva e da malícia, disputa e discórdia, professadas pelos cristãos do seu tempo e que os caracterizava.  Ele, uma vez, escreveu: “Eu repito como São João que a justiça e a caridade são os maiores sinais, os únicos sinais, da verdadeira fé católica; justiça, caridade são os verdadeiros frutos do Divino Espírito Santo.  Onde quer que estejam, há Cristo e, onde eles não estão, também Cristo não pode estar.”   Não haveria grande erro de acordo com Espinoza em nomeá-lo como cristão.  Nada a não ser a ignorância poderia o ter classificado como enciclopedista francês; e não é mais do que uma ignorância culpável que o classifica como sectário dos materialistas.
Do sistema de Espinoza, Bayle diz que “poucos têm estudado isso, e aqueles que estudaram também poucos entenderam e muitos são desencorajados pelas dificuldades e impenetráveis abstrações que demandam.”  Voltaire diz “que a razão pela qual tão poucos entendem Espinoza é porque Espinoza não entende ele próprio.”  É agora presumido que Espinoza pode ser entendido e apesar da grande autoridade de Voltaire, é mais provável que ele entenda a si mesmo.  Espinoza foi um professor declarado do cartesianismo.  Seus primeiros escritos foram expostos pela filosofia de Descartes.  Nesses ele adicionou apêndices, explicando em que ele diferia daquele filósofo.  Espinoza era consistente e entrou resolutamente em conclusão antes do que Descartes, que permaneceu assustado.  Suas doutrinas eram puramente  cartesianas.  Alguns que gostariam de salvar o mestre e sacrificar o discípulo vão negar isto.  Tem sido mantido o pensamento de que ele tirou de Descartes apenas a forma e que seus princípios foram derivados de outras pesquisas.  A Cabala tem sido nomeada como uma pesquisa provável, e a influência de Averroes em Maimorrides e dos judeus da Idade Média também tem sido colocadas como fontes pesquisadas da qual ele tomou emprestado como outras (artigo de Emille Saisset no “Revue des deuxMondes” de 1882).  Que Espinoza tenha aprendido como todos os filósofos do Rabbis antes que ele fosse excomungado da sinagoga dos judeus, é provável; mas não há necessidade de buscar a origem do espinozismo em qualquer outro sistema que não seja aquele no qual ele teve seu natural crescimento – a filosofia de Descartes.  As doutrinas de Espinoza são próprias do solo do Idealismo.  Dr. Martineau,  num recente trabalho sobre Espinoza, tem argumentado que Espinoza não era um teísta.  Ele toma a definição de Kant de Deus como um ser com “ação livre e de entendimento” – em outras palavras, “um Deus vivo” – e infere que Espinoza negava a liberdade de Deus e seu entendimento, ele realmente negava sua existência.  Mas o mesmo argumento poderia ter sido colocado por ateístas de muitas grandes teologias, que tem dito de Deus como sendo o inefável; e embora sem atributos, como o homem considera os atributos, Espinoza não teria admitido a inferência, porque o que ele negava de Deus, depois da maneira dos homens, ele descrevia para ele em um nível mais alto.  As frases de Espinoza são descritas como sendo propriamente emprestadas do vocabulário do teísmo, mas balanceadas fora dele por proposições planificadas, que excluem toda a autoconsciência e personalidade, e constituem um sistema de puro naturalismo.  Se Espinoza fez isto conscientemente, ele não merece o grande elogio que o tem sido dado da sinceridade e do amor à verdade.  Se ele fez isto inconscientemente, nós estamos aptos a dar o crédito a ele por dizer o que queria, embora por mais imperfeitas ou contraditórias que suas palavras possam parecer.
O primeiro e o mais evidente das suas ideias é que há um infinitamente perfeito Ser, cuja existência é necessária.  Descartes definiu esse Ser como uma substância infinita, mas ele colocou sobre ele o universo infinito, pelo qual foi criada a substância infinito.  Espinoza não pôde achar lugar para um infinito, então ele negou a criação do personagem da substância.  Ela é dependente.  Ela não existe em si mesma e nem por si mesma.  Ela requere na sua concepção, a concepção de alguma outra existência como sua causa.  Isto é, no entanto, não uma substância, mas apenas um processo desta substância que é infinita.  Deus, sendo absolutamente infinito, não pode existir com nenhuma substância acima dele, porque todo atributo que expressa a essência dessa substância deve pertencer a ele.  Aqui Espinoza pela primeira vez se separa de Descartes.  O que um chama de substâncias criadas, o outro chama de tipos.  “Substância”, diz Espinoza, “é o que existe em si mesmo”.  Um processo é o que existe em alguma outra coisa pela qual essa coisa é concebida.”  Pareceria que o primeiro objeto dessas duas definições foi marcada definitivamente a existir em si como substância, o dependente como algo tão diferente que deve ser chamado de o oposto da substância porque ele partilha da substância do Um.  E então é uma realidade ao mesmo tempo que é apenas um processo pelo qual a realidade do Um é concebida.  Pela teoria cartesiana do conhecimento nós temos Deus,  mente ou alma e matéria.  Através do meio da mente nós chegamos na certeza da existência de Deus e da matéria.  Deus é diferente da essência da mente?  A mente é diferente da essência da matéria?  Ou é, em certa medida, como Deus comunica sua essência a todos os seres e o que eles são, justamente com proporção com o que eles partilham da sua essência?  Essa última é a doutrina cartesiana que Espinoza expõe profundamente.  “Esses axiomas”, ele diz, “podem ser retirados de Descartes.”  Há diferentes níveis de realidade ou entidade, porque a substância tem mais realidade do que o processo, substância infinita do que substância finita.
Desse modo, há mais realidade objetiva na ideia da substância do que na do processo, e na ideia de substância infinita do que na de substância finita.  “Deus é infinitamente perfeito Ser, seu Ser é distribuído a todas as ordens da criação finita nos diversos degraus de acordo com a medida de perfeição, que pertence a cada um.”  Os anjos e os tais seres invisíveis como nós os conhecemos apenas por revelação não vêm naquela região das inquirições dos filósofos, e estes não se dão conta deles.  Há muitos níveis de crença nos seres criados de maior perfeição do que o homem e que existem em outros mundos; mas o homem é o mais perfeito ser desse mundo.  Ele é apenas parte da natureza infinita, que é nada mais do que um indivíduo consistindo de muitos corpos, que embora variem infinitamente entre si, deixaram a individualidade natural sem nenhuma mudança.  E como o ser é constituído por grande perfeição, aquela perfeição da qual sem, não há nenhum ser, então o que o popular vulgar diz que o demônio como inteiramente oposto a Deus não é verdadeiro; porque para o ser ser destituído de perfeição, ele deve ser igualmente destituído de existência.  O filósofo tem apenas que lidar com pensamento e a externalidade do pensamento.  Agora quanto ao pensamento, nós devemos distingui-lo em pensamento de seres finitos e externos objetos finitos; nossas primeiras e mais claras concepções ambas de pensamento e de externalidade de pensamento são infinitas.  Nós primeiro pensamos o infinito e depois o finito.  Mas esse perfeito Ser , cuja nossa mente revelada a nós diretamente é uma essência infinita e em sua externalidade infinitamente estendida.  Aqui na concepção mesma dele, os únicos atributos que a mente humana pode ter conhecimento, são extensões infinitas e pensamentos infinitos. Nós não temos chegado à ideia de Deus através da natureza  externa, mas através da mente.  O pensamento é primeiro externamente seguidor disto e depende disto.  Mas se nós chamamos esse mundo, que é exibido aos sentidos, de natureza criada, o que deveríamos falar do pensamento interno, de que imagens e manifestações são?  Se um é “natureza produzida”, será impróprio chamar o outro de “natureza produtora”?  Elas são tão diferentes que uma pode ser chamada “produtora” e a outra “ produzida”, já que elas são tão  próximas – o que é, a identidade delas num aspecto profundo – que a palavra natureza possa ser aplicada a ambas.  Natureza, no entanto, é colocada no segundo num sentido supremo e não como ordinariamente compreendemos, não os meros trabalhos trazem manifestação.
Espinoza construiu seu sistema inteiro no argumento ontológico como foi revivido por Santo Anselmo e Descartes.  Nós temos na mente uma clara e distinta ideia do infinitamente perfeito Ser e daquela razão de existência em si mesma que não irá permitir para nós nenhuma dúvida.  Os dois atributos abaixo da nossa concepção desse Ser são pensamento infinito e extensão infinita.  A doutrina de Espinoza parece aliada ao que descrevia Platão, de que o universo é o pensamento de Deus realizado.  Deus é um ser que pensa e seus pensamentos estão em diferentes aspectos constituídos dos mundos ideal e fenomenal.  Como um ser que pensa, Deus é primordialmente manifestado no mundo do pensamento, que é, nos seres, quem pensa.
Descartes tinha mostrado que o pensamento é a essência da alma – a fundação da existência espiritual, de fato, que a alma é um pensamento.  Espinoza acrescentara que é um pensamento de Deus; porque o pensamento divino sendo uma forma de atividade absoluta, deve desenvolver em si mesmo como uma sucessão infinita de pensamentos ou ideias, o que são, almas particulares.  M. Saisset, num capítulo sincero sobre esta parte da doutrina de Espinoza, apontou, que em uma ou duas passagens dos escritos de Espinoza, haviam intimações obscuras, mas decididas, nas quais Espinoza colocara intermediários entre Deus e os modos finitos ou as almas particulares.  A existência tinha sido dividida em três tipos: substância, atributos, modos, já com este último parecendo ter sido novamente dividido em três tipos.  Havia modos propriamente ditos; os finitos que são variáveis e sucessivos, e outros modos de uma natureza diferente juntas que são infinitas e eternas.  Os modos infinitos são mais diretamente unidos à substância do que os finitos.  “Tudo”, Espinoza disse, “que vem da natureza absoluta de um atributo de Deus deve ser eterno e infinito, em outras palavras, deve possuir por suas relações, o que é atributo da eternidade e do infinito (Proposition XXI, Ethica, Book I).  Para dar um exemplo desse tipo de modo ele mostra a ideia de Deus, bem como entre a substância absoluta e qualquer particular ou modo infinito, há, pelo menos, dois intermediários  - o atributo da substância e o modo imediato deste atributo.  A ideia de Deus não é um pensamento absoluto, mas a primeira das manifestações ou emanações do pensamento absoluto.  Ela é infinita porque compreende todas as outras ideias e como é uma simples absolutidade e necessariamente é uma emanação do pensamento divino, ela tem que ser eterna.  Ela não pode então ser confundida com a mudança e as ideias finitas que constituem as almas particulares.  Da ideia de Deus emanam outras modificações igualmente eternas e infinitas.  Nós temos aqui o lugar de tão infinitos intermediários, que nós não sabemos onde terminam os infinitos e onde começam os finitos.  A cadeia é interminável.  Espinoza não nomeou nenhum desses infinitos e modificações eternas da ideia de Deus, mas M. Saisset pensa que ela é justificada em reconectar entre elas e a ideia da extensão de Deus.  Ainda o pensamento infinito, que tem suas substâncias de objetos ou sendo absolutamente indeterminados, é a fundação de todas as ideias.  “Agora”, M. Saisset pergunta, “que cada uma dessas ideias de cada um desses atributos de Deus contêm dizem por um momento, a ideia de extensão?  É uma alma – uma alma particular ligada a um corpo particular.  A ideia de extensão então abarca todas as almas.  Ela é literalmente a alma mundo de Platão e dos alexandrinos – a alma universal da qual todas as almas particulares são as emanações.  É um oceano infinito de almas e ideias.  Toda alma é rio deste oceano.  Todo pensamento é uma de suas ondas.  A ideia de extensão é a alma corpórea do mundo, mas a ideia de extensão em si mesma é uma emanação particular do princípio que contêm uma infinidade de ideias, uma onda de um vasto oceano.  A ideia de extensão e a ideia de pensamento, com uma infinidade de ideias do mesmo nível, são incluídas na ideia de Deus.  A ideia de Deus é nada mais do que a de meramente uma alma do universo que nós conhecemos.  Ela é a alma dessa infinidade de mundos, com uma fecundidade incompreensível do ser que é incessantemente produzida.  É verdadeiramente a alma mundo, trazendo o mundo neste senso amplo no qual o universo conhecido por nós – o universo de corpos e almas, matéria e espírito, está perdido como um átomo imperceptível.”  De acordo com essa interpretação da doutrina de Espinoza a respeito dos intermediários, nós temos para “produção da natureza”, Deus e seus atributos infinitos, pensamento e extensão, com todos os atributos infinitos acima do alcance da razão humana; e por “natureza produzida”, nós temos a ideia de Deus como uma infinidade de emanações ou modos, ambos infinitos e finitos.
O mundo de corpos correspondentes em seu desenvolvimento para o mundo das almas, essas são as ideias ou pensamento.  Espinoza define um corpo como um “modo que expressa depois de uma determinada  e certa conformação, a essência de Deus considerada como algo estendido.”   Descartes dissera que todo corpo é um modo de extensão.  Espinoza acrescentou um modo de extensão de Deus; para a extensão infinita,  como um pensamento infinito, é um dos atributos de Deus.  Mas extensão não é nada mais do que espaço, e as qualidades secundárias dos corpos são impressões de sensibilidade; seguem que esses corpos em si mesmos são apenas ideias ou expressões de pensamento trazendo formas definitivas no espaço.  A única coisa que os corpos têm em comum é extensão e é por esse atributo com o qual Deus é conhecido pela mente humana.
A participação de corpos nesse atributo é aquela que lhe são semelhantes.  E é, como diria, as suas substâncias enquanto modificações que constituem as diferenças.  Mas corpos e almas são existências distintas.  O corpo não depende da alma, nem a alma do corpo.  Um existe como pensamento de Deus, o outro como extensão de Deus.  Eles têm sua identidade apenas nessa substância, na qual pensamento e extensão são atributos do que está em Deus.
A passagem do eterno para o temporal, do infinito para o finito é deixada por Espinoza em alguma obscuridade.   Quando os corpos chegam a ser?  Essa questão parece ter sido respondida quando é dito que o único atributo que eles têm em comum é aquele que é atributo de Deus.  Mas extensão não é nada mais do que infinito em comprimento e largura, infinito em peso e profundidade; quando e como os corpos se tornam objetos atuais?  Leibnitz pergunta a Espinoza se ele fez seus corpos atuais da abstração; se com zeros ele fez suas unidades e números.  Nessa visão ele se aproxima dos filósofos antigos, que se fazem corpóreos pelo encontro com os incorpóreos.  E isto não era o mesmo processo que tinha um começo, mas um que era necessário e eterno.  Espinoza conta da transformação dos corpos pelas leis da matemática do movimento.  Na natureza não há nem nascimento nem morte.  O que nós chamamos nascimento é nada mais do que a composição de simples modos de extensão.  Sua de composição nós chamamos morte.  Por um tempo eles estão mantidos numa relação finita, que é vida.  Os elementos inertes do universo corpóreo são simples modos não compostos.  As mais simples combinações um maior grau de complexidade, o individual se torna capaz de um grande número de ações e paixões.  É organizado.  Vive.  Com o acréscimo de complexidade de partes da organização se torna perfeito. Por graus nós chegamos ao corpo humano: esta maravilhosa máquina, a mais rica, a mais diversificada, a mais completa de todas, sim, uma obra de arte que a natureza pôde produzir; esse pequeno mundo no qual é refletido todo o universo inteiro.  O todo da natureza é um individual.  Essas partes variam infinitamente, mas o indivíduo em sua totalidade não sofre mudança.
A divisão de toda a existência em “natureza que produz” e “natureza produzida” vem com a doutrina da criação de Espinoza.  Ele apega-se tenazmente à palavra criação, embora negue com toda explicitação a doutrina da criação vindo do nada.  Essa doutrina ele chama de ficção e queda da mente, pela qual o nada é feita uma realidade.  Deus não é um grande Ser que trabalha fora da sua própria essência.  Ele é um Ser em si mesmo – o Ser que é todo ser.  A criação depende imediatamente de Deus sem a intervenção de nada com o qual ou acima do que ele trabalha.  Deus é essencialmente uma causa – a causa de si mesmo e de todas as coisas.  A criação assemelha-se ao trabalho da preservação que é, como Descartes mostrou, nada mais do que a contínua repetição do trabalho ou ato de criação.  Ainda que a criação não seja substância pode ser criada por outra.  A essência de tudo é eterna, porque é a essência de Deus.  Do seio de sua inalterável eternidade, ele cria incessantemente.  Ele destila duração infinita com inexaurível variedade dos seus trabalhos; os efeitos do que ele causa.  Mas esses trabalhos não são eles mesmos infinitos ou eternos.  O finito nunca  se torna infinito. “A natureza produzida” não pode nunca se tornar “a natureza que produz”.  Ambas são chamadas Deus, mas uma é Deus apenas em seus modos finitos, a outra é Deus em sua eterna atividade.  Como nós distinguimos entre infinito e finito, também devemos distinguir entre eternidade e tempo.  A primeira É, o segundo é constituído por duração.  As coisas criadas são necessárias a esta existência.,  “Antes da criação”, diz Espinoza, “nós não podemos conceber nem tempo nem duração, porque eles começam com as coisas criadas.  Tempo é a mensuração da duração, ou ainda, nada mais do que um modo de raciocinar.  Não apenas ele pressupõe algo criado, mas principalmente pressupõe seres pensados.  A duração finaliza quando as coisas criadas cessam de ser, e começam quando elas começam a ser.”  Eternidade, que pertence a Deus sozinho, é distinta de toda duração.  Feita vasta como nós podemos, a ideia de duração admite ainda que pode haver algo mais vasto ainda.  Nenhuma acumulação de números pode expressar a eternidade.  Ela é a negação de todo número.  Ela segue a ideia que nada poderia ter sido criada da eternidade.  O argumento favorito daqueles que mantêm uma criação eterna se estabelece na necessidade de existir um efeito que segue onde quer que fosse uma causa.  E se Deus é a causa da criação, ela deve, eles dizendo ser eterna como ele.  Referindo-se a isto, Espinoza diz, “Há mais acerto em que a coisa produzida deve ser contemporânea à causa e isto vê Deus vindo da eternidade, seus efeitos também devem vir da eternidade.  E isto eles confirmam pelo exemplo do Filho de Deus, que foi da eternidade feito pelo Pai.  Mas isto fica evidente do que falamos sobre o que eles confundem eternidade com duração e atributo de Deus sendo apenas duração da eternidade, o que fica evidente pelo mesmo exemplo que eles seguem, porque eles supõem que a mesma eternidade com que eles atribuem ao Filho de Deus, a possibilidade para as criaturas. Eles imaginam tempo e duração antes da fundação do mundo e eles desejam estabelecer uma duração separada de todas as coisas criadas; como outros desejam fazer a eternidade distinta de Deus.  Ambos estão muito distantes da verdade. É também falsa a ideia de que Deus pode comunicar sua eternidade às criaturas: o Filho de Deus é não uma criatura, mas eterno como o Pai.  Quando nós dizemos que o Pai tem eternamente abençoado o Filho, nós apenas queremos dizer que o Pai tem sempre comunicado sua eternidade ao Filho.”  A ideia de criação de Espinoza difere por um lado da ideia ordinária de que Deus trabalha em algo externo a si mesmo, e por outro lado ela difere da pré-eminentemente noção panteísta de uma emanação eterna, vindo fora da essência do Divino Ser.  As coisas criadas são também emanações mas não emanações eternas, como Deus é Deus, e as criaturas são criaturas.  M. Saisset compara a doutrina de Espinoza da criação com a dos Padres da igreja, citando Santo Agostinho, que diz na “Cidade de Deus”, “Antes de todas as criaturas Deus tem sido sempre, e ainda ele nunca existiu sem as criaturas, porque ele não as precedeu por um intervalo de tempo, mas por uma eternidade fixa.” Isto parece muito ser uma doutrina de Espinoza, mas como difere da emanação eterna, depende do significado dado à palavra eterno, que com algo dos filósofos antigos, significava duração sem fim, mas com Santo Agostinho e Espinoza é a negação de toda duração.
Desde que as coisas criadas são modos da Deidade, a isto segue que sua existência é necessária.  Descartes disse que a criação foi a vontade de Deus sem influência de qualquer motivo.  Disto, Espinoza concluiu que Deus deve ser um ato vindo da necessidade da sua própria natureza.  Deus é livre para criar, não há motivo sem ele, nenhum subjetivismo ao destino, nenhuma compulsão para chamar à criação, mas essa liberdade é regulada pela natureza de Deus, ele age por uma necessidade livre.  “Eu estou longe de submeter Deus de qualquer modo ao destino; eu apenas concebo que todas as coisas resultam da natureza de Deus, do mesmo modo que todos concebem que isto resulta da natureza de Deus, que Deus tem conhecimento de si próprio.  Não há certamente ninguém que queira colocar em disputa que realmente resulta da existência de Deus e ainda ninguém entende por isto, que se submeta Deus ao destino. Todos acreditam que Deus compreende a si próprio com uma liberdade perfeita e necessariamente (Carta a Oldenburg).  Nós não podemos descrever a vontade de Deus.  De fato, vontade a parte de volições é uma quimera; uma entidade escolástica ou uma negatividade, como uma humanidade abstraída do homem, ou estoicismo abstraído das pedras.  Vontade é apenas uma série de modos de atividade.  Mas Deus é a atividade absoluta de toda a existência.  Ele age porque ele é.  Para ele, existir é agir.  Ele é absoluta liberdade assim como ele é absoluta atividade e absoluta existência.  Nas palavras “necessidade liberta” Espinoza introduz uma contradição verbal, que ele tenta explicar.  Ele controverte a crença popular na liberdade da vontade. Nós agimos e nós sabemos que agimos, mas não sabemos que motivos  determinam nossas ações.  Liberdade não consiste na vontade sendo indeterminada, mas isto não está sendo determinado por nada, mas por si mesmo.  Desse modo, a definição: “- Uma coisa é livre quando ela existe por uma definição solo da sua natureza, e é determinada a agir por si mesma sozinha; uma coisa é necessária, ou pelo menos restringida quando é determinada  por outra coisa para existir, e agir de acordo com uma certa determinada lei.” Deus é livre porque ele age a partir da necessidade da sua própria natureza.  “Todas as coisas resultam da natureza de Deus da mesma forma que resulta da natureza de Deus o fato de que ele é consciente de si mesmo; Deus compreende a si mesmo com uma perfeita liberdade e, ainda, por necessidade.”  As coisas que seguem da natureza de Deus devem necessariamente existir.  Imaginar que Deus poderia ordenar isto, do contrário para supor que o efeito de uma causa não é algo necessário, ou que em um triângulo Deus poderia prevenir que os seus três ângulos fossem iguais aos seus dois ângulos direitos.
A doutrina da necessidade de criação de Espinoza irá nos ajudar a entender o que ele diz sobre as causas finais.  Ele não nega que Deus pensa, porque o pensamento é um dos atributos infinitos, nem nega que Deus é um ser vivo consciente que cria livremente, embora sua liberdade seja regulada por sua própria natureza, mas ele nega que Deus trabalha por um fim.  “Os homens comumente supõem” diz Espinoza, “que todos os seres da natureza agem como si mesmos por um fim.   Eles sustentam que por certo Deus conduz todas as coisas em um certo definido fim.  Deus, eles dizem, tem feito tudo pelo  homem e ele tem feito o homem cultuar ele.”  Espinoza introduz alguma confusão em seu argumento para identificar a doutrina das causas finais com a crença que todas as coisas foram feitas especialmente para o uso do homem.  Deus pode trabalhar para um fim, embora esse fim não possa ser feito como toda criação servidora do homem.  Ainda, essa é a crença com Espinoza primordialmente tem feito antes quando ele fala das causas finais.  “Os homens”, ele diz na próxima página, “encontram fora de si mesmos um grande número de significados que são de grande valia para produzir coisas usais, tais como: olhos para ver, dentes para mastigar, vegetais e animais para nutri-los, o sol para dar luz a eles, o mar para os nutrir com peixes... eles consideram todos os seres da natureza como significados para o seu uso, e sendo bem conhecido que o que eles têm encontrado nesses significados, não os tem feito, eles pensam que há uma razão para acreditar que há um outro ser dispondo a eles esse favor.”  Isto não mostra que Espinoza quis dizer que os homens não devem concluir dos trabalhos da natureza que é uma manifestação inteligente na criação.  O que primordialmente objeta é que os homens julgando todas as coisas por sua utilidade ao homem, supõem pelo fim que foram feitos, que o mestre ou os mestres da natureza sendo como os homens, tem tomado conta da humanidade e feito todas as coisas para o seu uso.  Espinoza nega o projeto de Deus assim como ele nega sua vontade, porque projeto é humano; um modo de trabalhar com o finito que não pode ser suposto a existir em Deus.  A sabedoria infinita deve diferir do finito. Deus é inteligente; e, sim, é inteligência infinita. Ele pensa embora não entenda, como ele age embora não tenha vontade para entender como vontade é uma mera abstração; uma sucessão de modos de pensamentos, como vontade é das volições.  Mas os pensamentos de Deus não podem ser uma sucessão de ideias.  É infinito e embora nós não possamos chamar de entendimento sem descrever toda a perfeição de condições como imperfeição.  Entendimento implica num processo de razão.  Consiste em passar de uma ideia para outra; ir do conhecido para o desconhecido, até que se torne conhecido; mas todo pensamento e todo conhecimento estão incluídos nas ideias de pensamento infinito e conhecimento infinito, assim como entendimento está no senso de que pertence ao homem e não pode ser predicado a Deus.
Desse modo Espinoza elimina toda imperfeição dos atributos humanos, antes que ele os descrevesse a Deus, para que consiga ir além das limitações humanas e chegasse à natureza divina.  Esse princípio que ele aprendeu de Descartes levou até as últimas consequências, até negando que Deus tenha os mesmos atributos do homem, ou se ele tem, ele os tem de um modo tão diferente que a distinção teológica entre os atributos, comunicável ou incomunicável desaparece.  Entendimento e vontade tem sido negada a Deus e com o mesmo princípio ele é incorpóreo.  A extensão é um dos dois atributos conhecidos de Deus.  É também um atributo de corpos; que constitui corpos, ou até em corpos que têm suas constituições.  Que Deus é corpóreo parece ser uma conclusão necessária de ser a extensão um dos seus atributos; e então, seria isto se Espinoza fosse, em qualquer sentido, um materialista.  Mas embora a divindade seja exibida por todos os sensos por modos, isto não segue o que esses modos são, neles mesmos, Deus.  Se eles forem qualquer coisa real, eles poderiam ser Deus.  Se eles fossem Deus, eles não poderiam ser modos.  Mas seu próprio nome declara que eles não são essência, a essência do pensamento é manifestada nele.  Deus, no entanto, não é corpóreo, porque o pensamento é sujeito da extensão, ele não é sujeito do movimento ou da divisão.  Ele não pode ser dividido em partes; o que claramente implicaria em imperfeição, em afirmar de Deus que seria absurdo.  “A substância absolutamente infinita é indivisível.”  A divisão que nós vemos no mundo está nos modos, não na substância.  Não é extensão que constitui um corpo, mas divisão, então que Deus não é necessariamente corpóreo porque ele é o sujeito da extensão.  A isto não segue que qualquer substância é estendida, é finita, porque o finito é contrário à natureza da substância.  Nós podemos conceber substâncias corpóreas apenas como infinito.  Da mesma parte de matéria, elas não se distinguem, exceto quando concebemos a matéria como afetada em diferentes maneiras; bem como que a distinção não é como a essência, mas apenas como modos.  Água, por exemplo, nós podemos conceber como sendo dividida e separada em partes, tal como é a água, mas não como sendo substância corpórea; assim como não pode ser separada nem dividida.  A substância do Um, cujos atributos são infinitos pensamentos e extensão, é incorpórea; por extensão não é corpo mas ser infinito que exclui a ideia de qualquer coisa corpórea. Todavia é garantido que Deus é incorpóreo, ainda não é recebido como se toda a perfeição da extensão fosse removida dele, mas apenas tão longe quanto a natureza e as propriedades da extensão envolvem qualquer imperfeição.  Essa distinção entre extensão e corporeidade, embora não admitida em pensamento ordinário, explana como Deus é incorpóreo e ainda infinitamente estendido.
Podemos descrever a duração de Deus?  Sir Issac Newton definiu Deus como o Ser que sempre existiu e constitui a duração, por isso.  Espinoza diz que nós chamamos Deus eterno e que nós podemos excluir dele a ideia de duração. Ele não dura, ele É.  Duração é uma afeição da existência, mas não da essência, e não pode ser atribuída a Deus, cuja existência é uma com a sua essência.  Ninguém pode dizer que a essência de um círculo ou de um triângulo é certo tão certa quanto isto seja uma verdade eterna que tem existido desde os tempos de Adão até hoje.  Para descrever a duração de Deus teríamos que ser capazes de supor que ele fosse capaz de divisão, e isto seria o contrário da sua natureza infinita.  Deus não é, como as coisas criadas, possuidor de existência.  Ele é ele mesmo a existência como ele é, ele mesmo, essência.  Deus tem vida?  Como a duração da existência, no mesmo sentido que as coisas criadas têm, Deus não tem.  “Por vida nós entendemos a força com a qual diferentes coisas elas mesmas se diferenciam, nós dizemos propriamente que as coisas tem vida.  Mas a força com a qual Deus continua em seu ser, não é nada a não ser sua própria essência, então, nós podemos certamente falar de Deus como vida. Há teólogos  que pensam que porque Deus é vida, e não distinguisse da vida, essa é a razão pela qual os judeus juram pela vida de Jeová como José jura pela vida do Faraó, mas pelo Deus vivo.”  De novo, Deus não ama nem odeia.  Ele não é raivoso com nenhum homem, ele não tem paixões.  As escrituras também descrevem o amor e o ódio como sendo deles, mas eles são juntos diferentes das emoções humanas que se denominam por esses nomes.  São Paulo entendeu isto muito bem, quando disse que Deus amou Jacó e odiou Esaú antes que eles nascessem ou que se tornassem bons ou maus.
O esforço para manter a perfeição de Deus livre de todo elemento humano, deixou Espinoza fazer a diferença entre os atributos humanos e divinos, não meramente um de nível, mas de qualidade.  Ele até negava que houvesse alguma coisa em comum entre o entendimento divino e o humano, dizendo que quando nós nos referimos ao entendimento de Deus, que o atributo que o Divino Ser não tem mais semelhança com o entendimento humano do que o do cão – “o sinal celestial”, tem para o cachorro que late.  Espinoza parece aqui ter se perdido no mar abissal do infinito por um momento.  Toda teologia racional que é toda teologia que tem sido razoável, pode apenas depender de suas conclusões na crença que a mente humana é uma cópia da divina: que uma se assemelha a outra e que a mente humana é capaz de conhecer Deus e por extensões conhecer seus caminhos.  Se não há nenhuma analogia entre a mente de Deus e a mente do homem a teologia e a religião racionais são impossíveis.  O infinito, além disso, não pode nunca ser tomado pelas limitações do finito, mas se as diferenças são de qualidade porque Espinoza tenta nos dizer que Deus é, ou como ele se relaciona à criação?  O nível de sua negação dessa analogia foi a de que o pensamento divino foi a causa do pensamento humano. Um de seus amigos lembrou-lhe que ele tinha dito, “Se duas coisas não tem nada em comum, elas não podem ser a causa uma da outra, disto segue que se não há nada em comum entre o entendimento divino e o humano, o divino não pode ser a causa do humano.” A isto, Espinoza respondeu que todos os seres diferem das suas causas ambos como essência e a existência, exceto onde querem produzir uma mostra do fato de que em que sentido Deus foi a causa eficiente da essência das coisas criadas.  O que ele quis dizer pode ser conjecturado, mas a objeção nunca foi realmente respondida.
Espinoza tem usado uma forte e infeliz comparação que expressava mais do que gostaria.  Para outro amigo ele escreveu: “Como para que manter o conceito de que Deus não tem nada formalmente em comum com as coisas criadas, eu estabeleci o contrário na minha definição, é como eu ter dito, Deus é um ser constituído por uma infinidade de atributos infinitos, é dizer perfeito, cada um em seu tipo.”  Os atributos que correspondem aos atributos humanos, ele considerou como existente em Deus depois de uma maneira infinita, além disso, ainda, nada como diferindo em qualidade do finito.  Que Espinoza acreditava na humanidade de Deus é evidente do que o que ele diz em outra parte: “A vontade de Deus pela qual ele quer amar a si mesmo, segue necessariamente do seu entendimento infinito, pelo qual ele conhece a si mesmo.  Mas como esses entendimentos são distintos um do outro, nomeadamente, sua essência, o entendimento com o qual ele conhece a si mesmo, e a vontade com a qual ele deseja amar a si mesmo, nós colocamos entre as coisas que desejaríamos saber.  Nem nós não esquecemos a palavra personalidade com a qual teólogos às vezes usam para explicar essa matéria. Mas embora nós não sejamos ignorantes da palavra, nós nunca confessaríamos nossa ignorância do seu significado, nem podemos formar qualquer clara distinção conceitual disto, embora nós constantemente acreditemos numa mais abençoada visão que é promissora e cheia de fé em que Deus vai revelar até isto por conta própria.  Que vontade e poder não são distintos do entendimento de Deus nós temos mostrado isto, que ele não apenas decretou que as coisas existissem, mas que elas existissem com uma tal natureza, que é, que a essência delas e as existências delas dependem da vontade e do poder  de Deus; disto nos planificamos e distinguimos perceber que o entendimento de Deus, seu poder e sua vontade, com os quais ele criou e tem sabido criar coisas, preserva e ama essas coisas, de forma alguma são distinguidas, mas apenas no que diz respeito aos seus pensamentos.”
Espinoza atribui a Deus um tipo de liberdade: uma necessidade livre. Mas para criar existências até esse tipo de liberdade é negada.  “Não há nada contingente na natureza dos seres; todas as coisas, ao contrário, são determinadas pela necessidade da natureza divina, para existir e para agir, depois de uma certa forma.”  “A natureza produzida” é determinada pela “natureza que produz”.  Ela não age, ela é agida.  A alma do homem é um autômato espiritual.  Não e um império dentro de um império.  Não pertence a si mesmo; pertence à natureza.  Não faz seu destino, se submete a um destino feito para isto.  Todo ato individual está de acordo com esse ser, e que o ser está nivelado no ser de Deus.  Não pode existir nenhuma desordem em que o movimento perpétuo que incessantemente cria, destrói e renova todas as coisas.  A harmonia de tudo é tão perfeita em si mesma e em seus fundamentos que não há possibilidades de ser deixada para livre vontade na criatura.  Todo ser é determinado a existência e a agir por outro ser e é assim para sempre.  Movimentos produzem movimentos e ideias geram ideias de acordo com uma lei fundada na natureza do pensamento e na sua extensão, e em perfeitas correspondências que, de novo, tem suas fundações na identidade do pensamento e por extensão em Deus.  Nós imaginamos a nós mesmos como livres, mas isso é só imaginação.  Isso é uma ilusão vindo da nossa ignorância dos motivos que nos determinam a agir.  Quando nós pensamos na virtude de qualquer poder a si mesmo determinado na alma, nós podemos falar ou estar em silêncio conforme escolhemos, nós sonhamos com nossos olhos abertos.  Onde um homem colocado entre dois grupos de alimento e que cada um deles tivesse igual atração para ele, ele poderia decidir por nenhum deles.  Se tentasse se alimentar de sua comida, ele poderia morrer de fome antes de fazer uma escolha.  E se igualmente fosse colocado entre dois toneis de água, ele poderia morrer de sede. É claro que ele seria um idiota se o fizesse, diz um suposto objetor para quem Espinoza não tem outra resposta, mas que ele não saberia o que pensar de tal homem.  A velha e restante objeção a essa doutrina irá surgir em toda mente.  Deus é o autor do pecado? Espinoza responde que o pecado não é nada positivo.  Ele existe para nós, mas não para Deus.  A mesma coisa que parece odiosa nos homens, é recebida com admiração nos animais; tal é por exemplo, como as guerras de abelhas e a inveja de pombos.  A isto segue que o pecado é coisa que expressa uma realidade.  Nós falamos impropriamente, usando a linguagem humana para o que está abaixo da linguagem humana, quando dizemos que nós pecamos contra Deus, ou que os homens ofenderam Deus. Nada pode existir e nenhum evento pode ocorrer, contrário à vontade de Deus.  “A ordem dada a Adão consistia simplesmente nisto: que Deus revelava a ele que comendo a fruta proibida, geraria a morte.  Do mesmo modo ele nos revela que a luz natural da nossas mãos, que este veneno é mortal.  E se você perguntar para que fim essa revelação foi dada?  Eu respondo para rendê-lo muito mais perfeitamente à ordem do conhecimento.  Perguntar de Deus porque ele não deu a Adão uma vontade mais perfeita é um absurdo como é perguntar porque ele não deu ao círculo as propriedades de um quadrado.”  A consequência, que nos parece naturalmente seguir desta doutrina, é a de que não há diferença entre a virtude e o vício, entre o bem e o mal.  Mas Espinoza não admite isso.  Há uma diferença entre perfeição e imperfeição.  Os perversos, dentro de suas próprias maneiras, expressam a vontade de Deus.  Eles são instrumentos sem suas mãos.  Ele os usa como instrumentos mas os destrói nesse uso.  É verdade que eles são maus por necessidade, mas eles não estão por isso menos vulneráveis ou são menos temíveis.  Nós estamos nas mãos de Deus como o barro está nas mãos do oleiro, e é quem, da mesma massa faz um vaso para honrar e outro para desonrar.
Num sistema onde tudo é necessário e onde o pecado é apenas uma privação da realidade, a distinção entre o bem e o mal não pode ser relativa.  Nosso conhecimento das coisas é imperfeito.  Quando nós imaginamos, nós pensamos que sabemos. Se a natureza e a cadeia das causas não se perderem do nosso fraco sinal, toda a existência apareceria a nós, assim como é, completo perfeito.  Nossas ideias de bem e de mal, perfeição e imperfeição, como aquelas de beleza e feiura, não são crianças da razão, mas da imaginação. Elas não expressam nada absoluto – nada que pertença ao Ser.  Elas não fazem nada senão marcar a fragilidade da mente humana.  Tanto é que podemos facilmente imaginar o que nós chamamos beleza e boa forma, mas nós temos dificuldade em imaginar o que nos parece fora da beleza e da ordem.  O que nós chamamos de uma falta na natureza, tal como um homem nascer cego, é apenas uma negação na natureza.  Nós comparamos tal homem com um que enxerga, mas a natureza não está em falta tanto quanto não está em falta em negar vista às pedras.  Para o homem, no entanto, existe bem e mal relativamente se não absolutamente.  Mas isto é resolvido em usual e injuriosamente situação.  Uma coisa pode ser boa, má ou indiferente ao mesmo tempo.  Música, por exemplo, é boa para um homem melancólico, mas para um homem insensível, não é boa nem ruim.  Bondade é nada mais do que a abstração que nós fazemos das coisas que nos dão prazer.  Nós não as desejamos porque são boas, mas porque o nosso desejo as investe com uma suposta bondade.  Para a presunção do que é agradável e odioso para o contrário, o homem é compelido por sua natureza, para “todo aquele que deseja ou rejeita por necessidade, de acordo com as leis da sua natureza, que ele julga ser bom ou mal.” Seguir este impulso não é apenas uma necessidade, mas um direito e um dever de todo homem, e todos devem reconhecer um inimigo naquele que deseja esconder outra gratificação nos impulsos da sua natureza. A mensuração do direito de todos é seu poder.  O melhor direito é aquele que é o mais forte e que como o homem inteligente tem um direito absoluto para fazer o que a razão dita, ou o direito de viver de acordo com as leis da razão, assim como o homem ignorante e o homem tolo têm o direito de viver de acordo com as leis do apetite.
A introdução da predestinação ou necessidade no sistema de Espinoza dá a ele um aspecto de terror. O coração do homem recua desse fatalismo severo que faz os homens bons ou maus e os deixa a recompensa ou a punição, não de acordo com o que é por escolha, mas de acordo com o que a necessidade os fez.  Mas como todas as predestinações, Espinoza era felizmente inconsistente. O fato de nós sermos predestinados não deve nos influenciar em nossos esforços.  Nós devemos agir como se tal predestinação não existisse. O fim que Espinoza tem em todas estas especulações foi o de encontrar o bem supremo, tal como satisfaria um espírito imortal.  Ele exercitou sua razão com todo proveito, que ele deveria conhecer bem a si mesmo e a Deus e encontrar que o que dá prazer quando em instâncias temporais e prazeres temporais o faz falhar.  A existência do bem e do mal, perfeição e imperfeição, levados ao senso moral dá a eles consciência humana que ele nega.  Mas ele nega sua existência apenas para reafirmá-la num maior patamar, e ao estar reconectado, num único senso verdadeiro.  Ele começara com a perfeição de Deus.  Nós temos uma ideia de tal perfeição: uma ideia adequada do Um que é perfeito.  O número infinito de modos que emana dos atributos divinos é menos perfeito e, ainda, cada em seu grau de ser expressa a perfeição absoluta de ser em si mesmo.  Há, então, uma perfeição absoluta e uma perfeição relativa; a última incluindo uma mistura necessária de imperfeição.  Tudo é perfeito de acordo com a mensuração de realidade que possui e imperfeição tal como está na realidade.  O que é bom para o homem é que o que é usual – o que traz alegria e manda embora a tristeza. A alegria é a passagem da alma para uma maior perfeição, e a tristeza para uma menor perfeição; em outras palavras, a alegria é o desejo de ser satisfeito, e a tristeza o desejo oposto.  O desejo que está em voga no homem é o de continuar no ser: o de ser mais do que ele é.  Nosso dever é conhecer o que é o supremo bem – o bem da alma.   Nós precisamos não interromper Espinoza com quaisquer questões sobre dever quando ele nega a liberdade da vontade.  Ele irá responder que essa é uma questão totalmente diferente, e que o um não deve interferir com nosso esforço pela perfeição.  É um direito do homem em como é a lei da sua natureza, esforçar-se para continuar no ser. Mas há dois caminhos pelos quais isto pode ser feito: um é o apetite cego e brutal, o outro é o desejo que é guiado pela razão.  Agora a razão vale mais do que o apetite.  A razão pensa apenas no futuro, o apetite apenas no presente.  Pertence à razão pensar nas coisas sob a forma da eternidade; isto afeta a alma como poderosamente com a vinda do desejo de coisas boas, como com elas são agora.  Seu prazer não é desilusão e passageiro, mas sim sólido e duradouro.  Ele nutre a alma com beatitude que nenhum tempo pode mudar.  A razão nos leva a Deus e ao amor de Deus. A vida na razão é, então, a vida mais elevada, a mais feliz, a mais perfeita, a mais rica, o que é dizer, que é a vida na qual o ser do homem é mais possuidor e mais acrescentador.  Pela razão, o homem é livre.  Ele, então, regula sua vida por uma clara e adequada ideia de verdade valorada em ambas realidades, temporal e eterna.  A causa disto nós podemos ver na natureza mesmo da alma.  Isto é uma ideia, um pensamento.  Sua atividade é nesse exercício de pensamento.  Quanto mais pensa, mais é o que é, e o que mais tem perfeição e beatitude.  O pensamento verdadeiro está em ideias adequadas. Todas as outras levam ao erro e à tristeza, e fazem os homens escravos dos seus apetites e paixões. A vida na razão é a mais perfeita vida, porque é a vida em Deus.  “A vida suprema da alma é o conhecimento de Deus.”
O objeto de Espinoza foi o mesmo proposto por Descartes – provar que a religião é a mais alta razão; que as doutrinas da religião estão em acordo com a razão, o que é dizer que é racional.  Começando com a existência de Deus, que ele amarra para uma verdade primária ele vem demonstrar a imortalidade da alma.  Isto estava envolvido na definição de alma.  Isto é uma ideia, um pensamento de Deus.  Assim como é um modo eterno do eterno entendimento de Deus.  Não pertence ao tempo.  Sua existência é imutável bem como seu divino objeto.  Não percebe coisas com a forma da duração, que são sucessivamente e imperfeitamente, mas sob a forma de eternidade, que é, em sua imanente relação com a substância.  A alma humana é, então, uma pura inteligência inteiramente formada de ideias adequadas, inteiramente ativa e totalmente feliz; numa palavra, totalmente em Deus.  Mas a necessidade absoluta da natureza divina requer toda alma, por sua vez, para ter sua carreira no tempo e partidas vicissitudes do corpo, as quais são apontadas para isto.  Da vida eterna, cai para a escuridão do estado terrestre.  Destacado de algum modo do seio de Deus, ele é exilado na natureza.  Além disso, sujeito às leis do tempo do tempo e da mudança, ele percebe as coisas apenas no seu aspecto temporal e passageiro, e com dificuldade mensura o elo eterno que margeia o universo inteiro e em si mesmo a Deus.  Ele faz, no entanto, a mensuração e, com tácito esforço, ultrapassa o peso da cadeia corpórea, ele acha novamente o infinito bem, que tinha perdido.  A alma humana é, então, imortal.  Os sentidos, a memória, e a imaginação sendo passivas, faculdades apropriadas a uma existência sucessiva e mutável, morre com o corpo.  Então, também, a alma perde todas as suas ideias inadequadas, que eram causa das suas paixões, suas misérias e erros que a aprisionavam enquanto estava no corpo.  A razão, que nos permite perceber coisas pela forma da eternidade, sozinha subsiste.  “A alma humana não pode morrer inteiramente com o corpo. Permanece alguma coisa que é eterna.”
Nós viemos de Deus.  Uma vez que nós existimos do seio de Deus, amamos a ele com amor eterno.  Nossas almas sentem-se da eternidade no tempo.  Elas vem a se tornar corpos materiais.  Nós temos reminiscências da nossa beatitude primeira nessa razão que nos diz que Deus é o bem maior: a única alegria verdadeira da alma.  Quando o corpo é dissolvido e a ordem das coisas que a constitui pela união de nossas almas com nossos corpos tem um fim, então nós devemos encontrar o bem que nós perdemos, ou que foi escondido por um tempo dos nossos olhos. Essa é a vida eterna; essa é a bem-aventurança verdadeira, encontrar na contemplação do Ser perfeito, a satisfação do desejo das nossas almas.  Aqueles que vivem racionalmente têm uma degustação dessa beatitude que eles devem alegrar-se em fruição total quando tudo morrer menos a razão, e Deus deve amar a nós em si mesmo e deve perfeitamente amar Deus em nós.
Espinoza possui, embora, o objeto que Descartes tinha proposto – mostrar a razoabilidade da religião; sim, demonstrar que a religião é razão em si mesma, e que a razão é religião.  A vida mais alçada é a mais racional e isto deve ser religioso.  Por qual razão?  Pela razão que ela nos dá uma tal claridade e adequação de ideias de Deus, de nós mesmos e das relações eternas com o universo, que nós não podemos fazer de outro modo, a não ser amar a Deus e a toda humanidade.  E ser guiado pela razão é preservar e engrandecer nosso ser.  É nutrir a vida eterna conosco. Nosso ser é em pensamento, e a essência mesma do pensamento é a ideia de Deus.  Conhecer Deus é, então, nosso maior conhecimento.  Amá-lo é nossa maior alegria. E esta participação na bem-aventurança, nos deixa o desejo de que outros homens também se alegrem.  Isto se torna a fundação da moralidade; a única busca verdadeira de todo o bem nos homens.  A lei divina é a lei natural – a fundação da instrução religiosa, o original eterno com o qual as várias religiões são nada mais do que cópias temporárias e mortais.,  Essa lei, de acordo com Espinoza, tem quatro características principais.  Primeiro, é sozinha verdadeiramente universal, tendo sido fundada na natureza mesma do homem, tão logo, ele foi guiado pela razão.  Em segundo lugar, revela e estabelece a si mesma, não tendo nenhuma necessidade de ser suportada por histórias e tradições.  Terceira, não requer cerimônias, mas ações.  Ações que nós meramente chamamos de bem, porque são comandadas por algumas instituições, mas são nada mais do que símbolos do que é realmente o bem.  São incapazes de aperfeiçoar nosso entendimento.  Não as colocamos entre as coisas que são realmente excelentes – entre aquelas coisas que são a primavera da razão e seus frutos naturais de uma mente saudável.  A quarta característica da lei divina é aquela que é a recompensa da sua observância, o contentamento do homem que sabe amar a Deus com uma alma perfeitamente livre, com um puro e duradouro amor; enquanto ocorre o aprisionamento daqueles que quebraram isto com a privação dessas benções, escravidão para os fracos e uma alma sempre sem descanso e perturbada.
Espinoza começou com a razão, e a racionalidade da religião e a necessidade veio em rota de colisão com essas partes do cristianismo que estão presentes abaixo da nossa razão.  Enquanto ele pôde colocar um ponto final na superstição e recomendar os princípios e doutrinas gerais do cristianismo, ele foi compelido ainda a colocar de lado ou relegar à categoria de impossibilidades, outras doutrinas ou eventos que não estavam de acordo com a razão.  Não havia revelação para ele no senso convencional ordinário da palavra.  Revelação era uma alma humana; a luz que Deus, ele mesmo, está incidindo nos corações humanos dos homens.  O que nós chamamos de revelação é nada mais do que alçar-se na melhor e mais importante das verdades que Deus tem revelado à raça humana.  Mas elas foram reveladas através da mente humana na ordem natural das coisas e enquanto nossa razão as assegura como sendo racionais, nós não somos compelidos a acreditar que o mais inteligente desses através do que eles são feitos foram livres de erros e misérias do envelhecimento e que eles vivem.
A revelação ou a profecia, Espinoza define como “um certo conhecimento de algo revelado aos homens por Deus.”  Ele imediatamente adiciona a essa definição, o que segue: que o conhecimento natural pode ser chamado profecia, sendo que as coisas que nós sabemos pela luz natural dependem inteiramente do conhecimento de Deus e de seus decretos eternos.  A diferença entre o conhecimento natural e o divino é um estágio disto.  O divino passa as margens que terminam o conhecimento natural.  Não pode ter sua causa na natureza humana, considerada em si mesma, mas há uma luz em que as iridescências todo homem vem ao mundo, e que nós sabemos por isto habita em Deus e Deus em nós, porque ele planeja fazer-nos participantes do seu Divino Espírito Santo.  Os profetas, pelos quais as revelações das escrituras foram realizadas tiveram imaginações que os fizeram alçar às verdades.  Eles experimentaram visões que não foram dadas por outros homens; visões que eles mesmos não entenderam o significado muitas vezes.  Mas a Jesus foi dada uma missão aberta.  Ele viu e compreendeu a verdade como ela é em Deus.  Ele não era um mero Médium da revelação divina; ele era a revelação, a verdade em si mesmo.  “Pensar que é fácil,“ diz Espinoza, “compreender que Deus pode comunicar a si mesmo imediatamente aos homens, a partir de nenhum intermediário corporal ele comunica sua essência às nossas almas, não é menos verdadeira do que um homem que para compreender a força solo da sua verdadeira alma que não está contida nos primeiros princípios do conhecimento humano e, não pode ser deduzida deles, possuir uma alma muito superior a nossa, e muito mais excelente. Nem eu acredito que qualquer um tenha esse eminente grau de perfeição exceto Jesus Cristo, a quem foi imediatamente revelado, sem palavras e sem visões, esses decretos de Deus que levam os homens à salvação. Deus manifestado em si mesmo aos apóstolos pela alma de Jesus Cristo, como tem feito a Moisés por uma voz no ar, e que portanto, nós podemos dizer que é a voz de Cristo, como o que Moisés ouviu, é a voz de Deus.  Nós podemos também dizer, no mesmo sentido, que a sabedoria de Deus – eu quero dizer uma sabedoria maior do que a humana – foi vestida com nossa natureza na pessoa de Cristo, e que Jesus Cristo foi o caminho da salvação. “  A relação de Espinoza com o cristianismo é uma questão vexatória entre seus críticos.  Nessa passagem ela evidentemente apresenta Jesus Cristo como a própria encarnação da verdade, que é a sabedoria de Deus, e que, com os padres gregos, foi Deus em si mesmo ou Deus Filho.  Ele abertamente admitiu eu não poderia conter as crenças ordinárias concernindo a Deus, a Trindade, e a doutrina da encarnação.  Numa carta, a um amigo, ele escreveu: “Para mostrar a você abertamente minha opinião, eu digo que não é absolutamente necessário para a salvação saber que Cristo depois do corpo; nada mais é do que totalmente, ao contrário disto, o que nós chamamos, o Filho de Deus, que é, a sabedoria eterna de Deus, que é manifestada em todas as coisas, e principalmente na alma humana e mais em tudo em Jesus Cristo.  Sem essa sabedoria, ninguém pode ir para o estado de felicidade, porque ele é sozinho oque ensina o que é verdade e o que é falso, o bem e o mal.  Como certas igrejas acrescentam, que Deus trouxe ao homem natural, eu expressamente declaro que eu não sei o que ele falou e, para falar francamente, eu confesso que eles vem me ver falar uma linguagem como absurda assim como se alguém fosse dizer que um círculo tomou a natureza de um triângulo.”  Ele chama essa doutrina de a doutrina de certos cristãos modernos, intimando que não havia tal doutrina na igreja primitiva.  Deus habita no tabernáculo e na nuvem, mas ele não pode tomar a natureza nem da nuvem nem do tabernáculo.  Ele habita um Jesus Cristo como habita no templo, mas com grande totalidade, porque em Jesus Cristo deseja declarar com toda explicitação possível quando ele dizia que a palavra foi feita carne.  A doutrina de Espinoza será melhor entendida pela comparação com o que os padres alexandrinos tem escrito sobre a Trindade e a encarnação da palavra e a sabedoria de Deus.
A queda do homem foi explanada por Espinoza, como nós temos, mais do que uma vez foi visto por outros também.  O homem perdeu sua liberdade comendo o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão tendo achado Eva, descobriu que não há nada na natureza mais usual do que ele e ela eram.  Mas como achou o que as bestas foram como si mesmos, ele começou a imitar suas paixões e para perder sua liberdade. Ele veio dominado por suas paixões que eram a real escravidão da alma.  Tornar-se liberto desse domínio é liberdade.  Redenção, ou restauração da sua liberdade, começa imediatamente depois da queda.  Os patriarcas foram guiados pelo Espírito de Cristo, que é, digamos, a ideia de Deus. E esta restauração começou com os patriarcas, que irá com eles até que o homem completamente reabsorva a liberdade que ele perdeu em Adão.  Como a recordação da queda do homem representava a perda da liberdade humana, assim, a ressureição de Cristo foi totalmente espiritual e revelada apenas à fé total, de acordo com os que puderam entende-la.  “Eu quero dizer”, diz Espinoza, “que Jesus Cristo foi chamado da vida para a eternidade, e que depois sua paixão que surgiu do seio dos mortos (tomando essa palavra no mesmo sentido como quando Jesus Cristo dissera: ‘Deixe os mortos enterrarem os mortos’) como ele surgiu por sua vida e por sua morte, em dar o exemplo de santidade equânime.”  Espinoza toma esta instância simplesmente como um modo de poder adotar a interpretação dessas partes das Escrituras que falam de coisas além ou fora do curso da natureza como nós conhecemos.  Mas isto é apenas um problema indiferente e secundário.  Ele foi na realidade oposto à explanação dos mistérios da religião por especulação sutil, declarando que aqueles que não encontram nada nas Escrituras a não ser “ficções de Aristóteles e Platão”.  Ele viu nas Escrituras uma religião prática: instruções de como os homens podem viver retamente suas vidas, e as  histórias dos homens que tem vivido tais vidas.  O supra sumo de toda religião, tanto como a ensinada pelas Escrituras quanto pela luz nela, é que há um Deus; que ama a justiça e a caridade; que todos os homens devem obedecer e que a obediência com a qual ele é agraciado é a prática da justiça e da caridade com nosso próximo - nas palavras dele - aqueles que pré eminentemente o Professor da religião indicou aos homens, ensinando a amar ao Senhor nosso Deus com todos os nossos corações e mentes e força, e a nosso próximo como a nós mesmos.

Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo XII . Moderno Idealismo . Espinoza

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