quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Artificialismos


Academia Virtual de Letras
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 39



Artificialismos

Que o horizonte fosse cinza,
que as flores fossem de plástico,
nunca se daria maior triunfo em
ser vontade do homem de
domar a natureza ao seu
conforto, luxo, prazer e
tudo, tudo que pode, quer...

Que as raízes fossem, sim, de metal,
que o próprio ar fosse de concreto,
nunca se daria maior triunfo em
domar a natureza ao seu
interesse, força, ganância,
tudo, tudo que pode, quer...

Que os oceanos fossem esgoto,
que as montanhas fossem de lixo,
nunca se daria maior triunfo em
ser vontade do homem de
domar a natureza ao seu
poder, avidez, danação,
tudo, tudo que pode, quer...

Que os animais fossem andróides,
que a vida fosse artificial,
nunca se daria maior triunfo em
ser vontade do homem de
domar a natureza ao seu
ódio, crime, especulação,
tudo, tudo que pode, quer...

Que os poetas fossem mecânicos,
que a arte fosse só falsidade,
nunca se daria maior triunfo em
ser vontade do homem de
domar a si mesmo, vítima
do próprio orgulho, falta de
tudo, tudo que pode, quer...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


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