domingo, 25 de outubro de 2020

Minha participação, Mauricio Antonio Veloso Duarte Anuragi na Coletiva Virtual de Artes Visuais EIXO 2020

Minha participação,
Mauricio Antonio Veloso Duarte Anuragi
na Coletiva Virtual de Artes Visuais EIXO 2020:  https://www.eixoarte.com/mauricio-duarte




MAURICIO DUARTE, Rio de Janeiro
SOBRE A SÉRIE
Série Mônadas Urbanóides
A fronteira entre desenho e pintura na contemporaneidade se não deixou de existir, alargou-se muito desde os anos 1960 até aqui e até antes disso. O que não desvaloriza a pintura nem hipervaloriza o desenho. Ambos os gêneros continuam gozando de seus esplendores e esquecimentos. Na Série Mônadas Urbanóides as gravuras utilizam-se de nanquim, ecoline e tinta vermelha para desenho; às vezes, só nanquim ou nanquim em mistura com as duas outras tintas numa paleta reduzida em verde, próximo do cyan, vermelho vivo e preto sobre papel branco, na maioria das vezes. Só em Outras passagens utilizo o papel colorido para conferir um pouco de suavidade à Série. O desenho se utiliza da linha, preponderantemente, mas aliada a uma pintura pontual, o que não deixa de transparecer este pictográfico, apesar de o limitar, na maioria das vezes, a algumas áreas das obras, de uma forma geral.
A escolha dessa paleta e desse modus operandis tem relação com o meu desejo de me reportar diretamente ao aspecto gráfico do grafite, da pixação, da iconografia virtual, cinematográfica, quadrinhográfica e televisiva, ao mesmo tempo. Logicamente realizar uma síntese dessa monta não é tarefa fácilmente exequível do ponto de vista visual se considerarmos as diferentes formas, gêneros, linguagens, graus, níveis e patamares que a arte popular, o mass media, assume e avança e recua o tempo inteiro, indo de uma ponta a outra ao sabor das vagas marketeiras e econômico- financeiras e dos interesses especulativos dessas mesmas vagas.
A cidade, o meio urbano, é fundamentalmente o meu terreno nessa Série. O gráfico desde Tolouse Lautrec, até hoje, nos brinda com a sua presença incessantemente, desde os outdoors até os ícones minúsculos no smartphone, tablet e celular. Macro e micro, a cidade, a metrópole nos engole e nos vomita o tempo inteiro, num balé binário de 1 e 0, de vai e vem, um ato sexual que não tem fim. Como compreender essa complexidade, como no dizer de Edgar Morin? Como estabelecer essa volatividade numa imagem? A Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman nos mostra o que de miserável e rico – ao mesmo tempo – ocorre na nossa contemporaneidade.
Consubstanciar essa mixórdia de elementos que se confundem e se mesclam é o meu marco de ponto de partida, sendo o ponto de chegada o aprofundamento desta estética que se vale do mínimo (nanquim s/ papel) para alcançar o máximo (complexidade).
A apreciação do expressionismo abstrato, da anti-arte, do tachismo, da pop art, do minimalismo, da arte conceitual, do hard-edge, dentre outros movimentos, me fizeram o artista que eu sou hoje. Não seria honesto dizer que nenhum deles me moldou, todos me moldaram. O que eu fiz desse “molde” é que é autenticidade do meu trabalho, parafraseando Jean-Paul Sartre.
Minhas séries anteriores, Caminhos e Brutais Sutilezas, – ambas presentes nas exposições EIXO 2018 e 2019 – prepararam terreno para a incursão nessa problemática puramente urbana, no que ela tem de mais sutil e transcendental (relativo ao conceito de Mônada no seu aspecto espiritual, gnóstico) até o mais miserável e sujo, depreciativamente urbanóide.
A simplicidade, a singularidade e a irredutibilidade da Mônada enquanto Ser Espiritual Supremo, segundo a Gnose, sofrem influência da volúpia, da instantaneidade e do virtual das grandes cidades no meu trabalho artístico, realizando uma síntese de momentos chave do zeitgeist.

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