Academia Virtual de Letras António Aleixo
Patrono: Frei José de Santa Rita Durão
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 39
Acadêmico Vitalício
"VI
Das faces belas, se na terra houvera
Imagem competente que a pintara,
Às flores mais gentis da Primavera
Pelo encarnado, e branco eu comparara:
Mas flor não nasce na terrena esfera;
Não há estrela no Céu tão bela, e clara,
Que não seja, se a opor-se-lhe se arrisca,
Menos que à luz do Sol breve faísca.
VII
Da boca formosíssima pendente
Pasma em silêncio todo o Céu, profundo:
Boca, que um Fiatpronunciou potente,
Com mais efeito, que se criasse um Mundo:
Odorífero cheiro em todo o ambiente
Do labro se espalhava rubicundo;
Fragrância celestial, que amante, e pia
No Filho com mil ósculos bebia.
VIII
Todos suspende em pasmo respeitoso
O amável formosíssimo semblante;
E mais nele se ostenta poderoso
O Soberano Autor do Céu brilhante:
Pois quanto tem o Empíreo de formoso,
Quanto a angélica luz de rutilante,
Quanto dos Serafins o ardente incêndio,
De tudo aquele rosto era um compêndio.
IX
Nas brancas mãos, que angélicas se estendem,
Um desmaiado azul nas veias tinto,
Faz parecer aos olhos, quando o atendem,
Alabastros com fundos de jacinto;
Ambas com doce abraço ao seio prendem
Formosura maior, que aqui não pinto;
Porque para pincel me não bastara,
Quanto Deus já criou, quanto criara."
Trecho do livro CARAMURU de autoria de Frei José de Santa Rita Durão
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