segunda-feira, 21 de outubro de 2013

É noite na minha alma



É noite na minha alma

É noite na minha alma.
Tristes trópicos
de uma noite quente de verão.
Estratagemas na palma.

Loucas andanças
em turbilhões de escuridão.
Nervos à flor da pele,
tempo de sombrias nuanças.

Numa doce cavalgada.
Vi  e ouvi,
o que eu quis.
Dantesca madrugada.

É noite na minha alma.
Eu me pergunto quando virá,
(no fim do pesadelo acordamos)
quando virá a bendita calma...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Calo



Calo

Calo pelos calos da vida.
Se falo, logo fico quieto.
Calo pelos calos da vida.

Dos amigos que tive
escalo alguns.
Como amigos do peito
do resto me calo.

Das amantes que tive
escolho as calejadas.
Que não gosto de disse-me-disse.
Calado sou.

Uso a calandra
para calar os meus erros no papel.
Calo o que já foi caule,
acerto o desacerto.

Calando assim vou,
na calada da noite.
Calo pelos calos da vida.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

A lembrança



 A lembrança

Ela virá.
A lembrança virá
por dentre nuvens...

Um Hermes,
mensageiro de Zeus,
voando no céu,
galgando ares,
com asas nos pés,
me contou.

Quem será?
É o meu duplo,
meu outro Eu,
divinizado.

A minha iluminação.
Alcançarei
em outras vidas,
em outros planos,
não sei.

Só o que sei
é que sempre
esteve comigo.

Basta que a lembrança
venha.
Ela virá
por dentre nuvens...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Um sentimento assim



Um sentimento assim

Era um sentimento assim...

Olhei e vi
a derrocada gritante dos cabelos brancos,
em uníssono com a ligeireza das rugas.
Pensei, estou velho e carcomido.
Mas não era velhice, era algo indefinível.

Compreendi que aquela coisa
não iria desaparecer.
Estava eu de frente para ela
e ela de frente para mim
como uma miragem do deserto.

Amado e odiado ao mesmo tempo,
eu pude perceber que aquilo
atraía-me para longe das agruras da vida
e ao mesmo tempo,
lançava-as todas encima de mim.

Era um turbilhão de incertezas mórbidas
prontas para me fazer calar,
sem pestanejar.
Era a vida que vinha inexorável
pela alma adentro, com o tempo.

Era linha divisória alquebrada
entre a minha inquietude e a minha letargia.
Era flor jogada nos túmulos dos cadáveres
de dois mil anos atrás ou de ontem à noite.
E era incomensurável nessa incerteza.

Era um sentimento assim...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

sexta-feira, 11 de outubro de 2013


Conflito
guache s/ papel
20 x 26 cm
2013
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Desejaria imiscuir-me em você, meu amor



Desejaria imiscuir-me em você, meu amor

Na aurora da minha vida
desejaria ser mais do que homem;
tornar-me-ia poeta.

Na tarde da minha vida
desejaria ser mais do que gente;
tornar-me-ia pássaro.

No anoitecer da minha vida,
desejaria ser mais do que livre;
tornar-me-ia vento.

No fim da minha vida,
desejaria ser mais do que tudo;
tornar-me-ia você, meu amor.