Um sentimento assim
Era um sentimento assim...
Olhei e vi
a derrocada gritante dos cabelos brancos,
em uníssono com a ligeireza das rugas.
Pensei, estou velho e carcomido.
Mas não era velhice, era algo indefinível.
Compreendi que aquela coisa
não iria desaparecer.
Estava eu de frente para ela
e ela de frente para mim
como uma miragem do deserto.
Amado e odiado ao mesmo tempo,
eu pude perceber que aquilo
atraía-me para longe das agruras da vida
e ao mesmo tempo,
lançava-as todas encima de mim.
Era um turbilhão de incertezas mórbidas
prontas para me fazer calar,
sem pestanejar.
Era a vida que vinha inexorável
pela alma adentro, com o tempo.
Era linha divisória alquebrada
entre a minha inquietude e a minha letargia.
Era flor jogada nos túmulos dos cadáveres
de dois mil anos atrás ou de ontem à noite.
E era incomensurável nessa incerteza.
Era um sentimento assim...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Nenhum comentário:
Postar um comentário