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Fayga Ostrower e os universos da arte
Nascida na Polônia em 1920, chegou ao Rio de Janeiro na década de 1930. Foi gravadora, pintora, artista plástica, desenhista, ilustradora, teórica de arte e professora.
Seu trabalho como pesquisadora de arte e escritora é magnífico. Só para citar uma das inúmeras belas passagens das suas obras, podemos ressaltar, a título de divulgação, sua explanação a respeito de semelhanças e contrastes no livro Universos da Arte da Editora Campus, quando a autora coloca que quando um artista realiza uma composição, tem duas formas básicas para fazê-lo: através de semelhanças ou de contrastes. Intuitivamente o artista fará predominar uma ou outra. Por exemplo, Klee, trabalhará linhas e superfícies, através de semelhanças, Kandinsk: linhas e cores, através de contrastes ou Mondrian: superfícies através de contrastes.
Num outro capítulo desse mesmo livro, a autora resgata um conhecimento há muito relegado a segundo ou terceiro plano na maioria das academias de arte. E coloca ainda, que tal ciência não está restrita ao campo da arte; ao contrário, tem suas implicações (tão duras e cruéis) na filosofia e no nosso cotidiano mesmo. É a questão das proporções. A expressividade que se realiza numa composição é um conjunto orgânico interligado com coerência em suas várias partes. Nessas interligações existe uma relação entre as partes que é constante, uma proporção. Na atualidade artística contemporânea, ocorre uma indiferença a respeito desse conhecimento que é utilizado apenas, quando muito, em projetos de arquitetura ou desenho industrial.
A medida das coisas, a proporção. Não é exagero observar que o maior problema das pessoas, hoje em dia, está ligado, de modo intrínseco, a isso. Senão vejamos, a realização da personalidade, a procura da medida de si mesmo é algo premente e se era tarefa difícil em outros tempos, hoje, no clima mental que experimentamos, cheio de stress, atomização da individualidade e tantos outros males, esse conhecimento é ainda mais raro. Daí decorre que a proporcionalidade não se atém apenas ao nível do estético. Essas noções adquirem maior significado, dentro do contexto da ética, por exemplo.
No livro Universos da Arte, Fayga Ostrower, com mais de vinte anos dedicados ao ensino da arte, apresenta os desdobramentos de um curso teórico ministrado a operários de uma fábrica, trazendo problemas e questionamentos dessas aulas.
Nos anos 1960, a artista lecionou no Spellman College em Atlanta, EUA, na Slade School da Universidade de Londres na Inglaterra e, depois, na pós-graduação de várias universidades brasileiras. Também desenvolveu cursos para operários e centros comunitários, com o intuito de divulgar e democratizar a arte.
Os livros que publicou em teoria da arte, são: Criatividade e Processos de Criação, Universos da Arte, Acasos e Criação Artística, Sensibilidade do Intelecto, Goya, Artista Revolucionário e Humanista e A Grandeza Humana: Cinco Séculos, Cinco Gênios da Arte. A artista que faleceu no Rio de Janeiro em 2001, teve sua biografia publicada pela editora Sextante em 2002.
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