A incompletude como característica de
desordem psíquica e/ou espiritual esteve presente em todas as épocas da
humanidade. Mas o sentimento de que falta algo em nossas vidas é muito
comum no século XXI. Talvez comum demais. Atinge pessoas de todas as
esferas sociais, faixas etárias e formações.
O ego como gestor de nossos corpos,
almas e, mais preci-samente, de nossas próprias existências, tem papel
pre-ponderante nisso. Nunca um pseudo-individualismo esteve tão em alta
como na contemporaneidade. Eu sou individualista e acredito que não há
democracia e nem mesmo cidadania sem esse composto básico dos direitos
humanos. Mas o que se vê hoje em dia é a face mais cruel e violenta da
satisfação de desejos pueris, infantis e superficiais para aplacar a
angústia existencial, talvez, que se teve notícia em todos os tempos.
Podemos fazer uso de terapias
alternativas, homeopáticas, alopáticas, hipnóticas e florais em sistemas
de ressignificação, reprogramação, regressão, reelaboração e
relaxamento, tantas quantas existirem, sem sucesso, se não estivermos
centrados em nosso Eu Superior. O Eu Superior não é o ego que nos leva
de um lado para outro ao seu bel-prazer com a única intenção de se
tornar mais forte e poderoso nas nossas vidas, dando em troca mais e
mais caraminholas na mente. O Eu Superior também não é a personalidade,
essa máscara que utilizamos para a “boa convivência” em sociedade.
A incompletude e a impermanência são, a
um só tempo, manipuladoras e destruidoras do nosso cotidiano na medida
em que não as compreendemos. O Eu Superior, o Eu Verdadeiro ou Atman
nos mostra que tais fenômenos são naturais e fazem parte do caráter do
Universo onde tudo se cria e recria ao mesmo tempo e todo o tempo.
O homem que sofre, na atualidade, sofre
tanto, que se apega até mesmo a esse sofrimento. “Pelo menos tenho isso
de meu: o sofrimento.” Esse pensamento pode não ser elaborado nem
racionalizado na mente mas é inconscientemente cultuado por muitas
pessoas.
O certo é que a consciência plena só
chega para quem desenvolve sua espiritualidade de forma sadia, o que não
é pouco, diga-se de passagem. Fascinado com as imensas possibilidades
da tecnologia e com as facilidades que ela proporciona, o homem esquece
que olhar para dentro é a sua única saída como ser humano que anseia
alcançar a felicidade real.
Quando abdicamos dos desejos – materiais
ou espirituais – estamos dando um grande passo para a realização
pessoal verdadeira que pode trazer harmonia em nossa vida se assim
permitirmos. Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
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