Hildebrando de Castro
Hildebrando de Castro nasceu em Olinda
em 1957. Como toda criança, desenhava, rabiscava em bloco, em qualquer
papel. Autodidata, trabalhou como artista gráfico. Alcançou um nível
de excelência na pintura em pastel, técnica não muito usual atualmente,
mas em que Hildebrando tornou-se mestre. Visto que sua visão da
história da arte não é cronológica nem progressista e que, fazer arte
para ele está muito ligado ao prazer, o artista foi aperfeiçoando a
técnica, explorando questões internas do seu próprio trabalho. No final
de 1999 e começo de 2000 voltou-se para a pintura à óleo, mas sem os
resultados do pastel. Até que em 2001 encontrou-se com o óleo,
alcançando a mesma magnitude do trabalho com a técnica antiga.
Posteriormente, passou da pintura para a produção de objetos.
O artista pinta o que o interessa e
quando vê o tema esgotado, passa para outro assunto. Sua obra é
essencialmente narrativa, mas as histórias que conta não são do domínio
da realidade, são antes, um mundo paralelo que Hildebrando enxerga
colado ao real.
Na série Histórias Insólitas, o grande
mestre retrata acidentes que desencadeiam histórias, como o tornado do
Mágico de Oz, o incêndio na floresta de Bambi, um tsunami que empurra um
transatlântico. Pintadas à óleo, as peças, em dimensões mínimas, são
reunidas como histórias em quadrinhos.
Em outra série, Arquitetura da Luz, o
artista aborda os jogos de luz e sombra criados nos brise-solei dos
prédios da cidade de Brasília. A beleza das imagens resulta em peças de
arte quase concretistas que desafiam o olhar.
Entes humanos é uma série composta por
trabalhos com seres fantásticos criados pelo artista a partir de pessoas
reais retratadas em cores quentes e cenários oníricos.
Em Inquieto Coração, Hildebrando enfoca
vísceras cruas como se fossem símbolos; fazendo corações pulsarem, dando
movimento à imagem estática.
Corpos Fragmentados evocam a nossa
condição animal, sempre esquecida e negada, com braços e pernas
exangues, cortados como postas de açougue.
Já na série Infância Perversa, o artista
retrata o universo infantil com humor negro, colocando a crueldade e a
falsa ingenuidade dos brinquedos, grande parte, cada vez mais
erotizados.
Segundo Marcus de Lontra Costa:
“Hildebrando de Castro é um repórter da visualidade, um atento
observador das formas e cores do mundo. A sua capacidade técnica
inegável está sempre a serviço de uma precisa e contundente análise
sobre a vida e seus paradoxos, sobre os limites delicados entre o
fantástico e o real; fiel ao espírito da contemporaneidade ele é um
artista das frestas, das passagens, das coisas do mundo que sugerem
leituras diferenciadas, verdades várias, vagas, vastas em seus
mistérios, variadas interpretações (...)”
Num abrir e fechar de olhos (ou
janelas?), Hildebrando de Castro nos propõe a vida entre uma euforia e
uma ressaca; uma consciência de que o decadente pensamento moderno está
em seu crepúsculo. A sensação de que estamos todos sozinhos, de
inquietação e do silêncio vazio está presente em sua obra e o artista
reflete nosso tempo de um modo que só um criador de arte magnífico e
genial poderia fazê-lo.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Pesquisas eletrônicas e bibliográficas:
Para entender a obra de Hildebrando de Castro . Entrevista do artista a Maria Alice Milliet . (São Paulo, dezembro de 2004) http://www.hildebrandodecastro.com.br/Textos_MA.html
Ilusões do Real . Hildebrando de Castro .
Catálogo da exposição . Caixa Cultural Rio de Janeiro . 14 de janeiro a
03 de março de 2013
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