quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Capítulo VIII . Escolástica

Capítulo VIII
Escolástica

Os doutores da igreja na Idade Média eram chamados escolásticos, tanto porque eles eram os homens instruídos dessa época, quanto porque eles tinham conexão com as escolas que foram estabelecidas por Charlemagne.  A filosofia encontrou um lar em Paris depois do seu destino em Atenas e Alexandria.  Erígena pode ser considerado tanto o pioneiro da Escolástica quanto o primeiro dos escolásticos.  M. Rosselot diz dele como sendo aquele que imaginava nas montanhas da Escócia ou nas areias do mar que cobrem as Hébrides, abraçando a si mesmo em toda a solitária Iona que tinha sido capaz de preservar a antiguidade filosófica da ignorância dos bárbaros; e, ao mesmo tempo, conciliando no seu seio o frutuoso germe do futuro.  Que Erígena fosse natural da Escócia é apenas uma conjectura, mas parece natural acreditar que um tão grande metafísico, pertencesse a tal raça metafísica.  As discussões dos escolásticos foram nada mais do que uma continuação das discussões dos filósofos, com a restrição das definições da igreja.  Dois séculos tinham se passado depois da morte de Erígena, antes das grandes controvérsias da Idade Média; mas há evidência que, nesses dois séculos, o cultivo da filosofia não foi negligenciado.  M. Cousin mostrou por uma passagem nos comentários de Raban Maur, que os escreveu no século IX, que a diferença entre nominalistas e realistas tinha já começado.  Idealismo, como doutrina de Platão, tinha sido mais ou menos a filosofia da igreja.  O maior e, como nós recordamos, o mais ortodoxo dos pais, Santo Agostinho foi um idealista, acreditando que as ideias eram realidades – o tipo original de coisas que existiam antes das coisas, elas mesmas.  O realismo escolástico era nada mais do que um outro nome para o idealismo, e, como tal, tinha sido absorvido de Platão.
Boethius, em sua introdução a Porfírio Isagoge, tinha dito: “A intenção de Porfírio em seu trabalho era facilitar o entendimento das categorias, tratando de cinco coisas ou nomes: gêneros, espécies, diferença, propriedade, acidente.”  Em outra passagem a questão foi posta a partir de universais, tais como o gênero e espécies, tendo uma existência externa ou como se eles existissem apenas como pensamentos: de novo, supondo que eles existam externamente, é, essa existência, material ou imaterial?  E ainda, eles existem a parte dos objetos percebidos pelos sentidos ou apenas dentro e com esses objetos?  Porfírio não entrou em nenhuma discussão especial dessas questões, isso ficou reservado aos seus comentadores.  Raban Maur diz que eles foram apenas nomes e que Boethius tinha mostrado no seu primeiro comentário nas categorias.


(Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt – 1884 . Capítulo VIII – Escolástica)

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