quarta-feira, 29 de junho de 2016

Tão certo como o poder



Tão certo como o poder

Nunca estive lá
Mas sei de todos esses
Detalhes, desde onde há
Até onde não há, meses,
Dos quais não pude saber...

São pinturas com craquelê,
Disse o curador, pintores
Sem cuidado, gente demodê
Que esqueceu das dores
Do grande vasto ser...

Na realidade não se acha
Mais esse exemplar, esgotou.
E a prateleira da vida racha
Com peso do livro que roubou
Toda a cena da livraria a trazer...

Que traga a vontade
De esquecer os selos, a coleção
Inteira, da bondade,
Nos amigos, em eleição
Do próximo político cego pelo poder...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Protesto mudo



Leia o novo texto da minha Coluna no Divulga Escritor: 
http://www.divulgaescritor.com/products/protesto-mudo-por-mauricio-duarte/

Protesto mudo

Toda vez que se sentir ultrajado, vilipendiado ou tolhido nos seus direitos como cidadão é justo protestar. Os direitos humanos existem para serem respeitados.  Mas há quem proteste contra os céus e contra Deus. Seria esse o melhor caminho para reencontrar o bom destino?
Afastar-se de toda espécie de espiritualidade, religião ou aspecto transcendente na sua vida também é um direito, reconhecido pela Constituição – como está tão na moda falar de Constituição, faço aqui esse adendo – e garantido pelo Estado.  Porém pode criar barreiras para a benção divina, acreditando ou não em Deus.  A benção divina, a bem-aventurança ou o desenvolvimento da consciência, como queiramos chamar a nossa sintonia fina com o Todo trazem inúmeros benefícios à nossa vida, independente de crermos ou não no Divino Espírito Santo, em Jesus Cristo ou em Deus Pai.  Porque estarmos abençoados é muito maior e muito mais amplo do que qualquer sacramento feito por um sacerdote, mesmo tendo esse sacerdote todas as benesses do celeste.
Cada pessoa, cada ser humano abriga dentro de si uma fagulha divina e por esse mínimo e pequeno brilho tem a capacidade de encontrar harmonia com o Universo e com o silêncio interior próprio de seu guardião do Céu.  O guia interior leva cada um a seu bom caminho de modo carinhoso, misericordioso e atento.  Sendo algo intrínseco à pessoa humana, o amor é nossa natureza e estamos nessa Terra para potencializar esse desígnio.
Não pense que protestar, afastando-se da espiritualidade irá afastar esse coração divino de si.  Antes terá mais chances para dizer que quer voltar ao convívio do Todo, porque as graças são abundantes e são abundantes para todos.  Inclusive abençoar é prerrogativa de qualquer ser humano.  Como nos tempos antigos, falava-se muito em versos e cantos naturalmente, também os agricultores abençoavam seus campos naturalmente.  Alguns resquícios dessa realidade, vemos nos poetas e cantadores populares e nos pais que abençoam seus filhos quando saem de casa ou quando vão dormir, por exemplo.
Além de tudo isso, perceba que ainda que não passe pela sua cabeça pedir, louvar ou conversar com um Ser superior, lembre-se que você mesmo é um deus, em última análise.  Em muitas culturas e tradições orientais, diz-se a palavra Namastê, significando: “O deus que habita em mim, saúda o deus que habita em você.”  Por fim, se não for possível deixar de protestar, pratique um protesto mudo e fique em silêncio.  Certamente ganhará muito em sobriedade, sabedoria e harmonia interior.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


sexta-feira, 10 de junho de 2016

Vozes que calam



Recebi ontem os exemplares do livro Vozes que calam de minha autoria, Mauricio Duarte, da Coleção Sementes Líricas da Editora Edit Ora Literacidade cujo lançamento será em breve, provavelmente dia 12 de julho na FASG (Fundação de Artes de São Gonçalo). Agradeço muito ao Abilio Pacheco da Literacidade e à toda equipe da editora. Um grande abraço!

domingo, 5 de junho de 2016

Doce, forte e intensa

Por que eu te vi, deixei de odiar.  Por que eu te conheci, deixei de chorar.  Por que eu te tive, deixei de sofrer. Doce porque faz tão bem a todos, forte porque torna tudo claro e intensa porque é tão dificilmente alcançada.  Consciência, doce, forte e intensa, ao mesmo tempo, consciência.


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Formas de conhecer a Deus

Pode-se falar com Deus (oração), pode-se ouvir a Deus (meditação) e pode-se até dar ordens a Deus (magia).
Deus é tão grande e tão magnânimo que permite tudo isso.  Mas tem um preço.
Falar com Deus exige misericórdia, ouvir a Deus exige sabedoria e dar ordens a Deus pode exigir a sua alma. Seja amigo de Deus, como São Paulo o foi. Não trate Deus como seu negócio ou como seu brinquedo. Porque Deus e o inimigo são próprios desse mundo e do além, de modo que estar ao lado de um, exclui automaticamente o outro e quando partimos dessa vida, nossa alma carrega tudo de bom e de ruim que fizemos, sendo aumentada em enormes quantidades nossos sentimentos com relação ao divino.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Religiosidade e espiritualidade hoje

Religiosidade à reboque de materialismo é o que resta da nossa prática espiritual no terceiro milênio; metade do placebo sendo subterfúgio dos clérigos em geral e, a outra metade, sendo todo o hermetismo dos esotéricos. Que a vida esteja implodindo em todas as partes do globo num caos e numa violência sem igual, não é surpresa.  Na verdade, é um sintoma de que a espiritualidade, de modo que é gerida hoje, aprisiona as pessoas, ao invés, de libertá-las.  É preciso conquistar a religiosidade verdadeira e exercer a liberdade espiritual que é nosso direito inato e dever consciente.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Traz, minha amada, traz



Traz, minha amada, traz

Traz por detrás da transa,
um quê de transeunte,
que traga seu cigarro,
sem tramas menores sim,
sem traumas maiores também,
traquitanas da vida...

Traz emoção, tramitando
na sua trança de moça,
muito faceira, tratando
com singeleza trastes
como eu que tramam
traçar assim um traço...

Traz um coração atraente,
trava quando dizem não,
mas rejeita tramoias,
falsas tralhas do destino,
traindo o sorriso
de quem trafega por acaso...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Graça



Graça

Pode ser graça
O grito? Pode.
E eu gritei como
Nunca e sempre
Ao saber dele,
O próprio grito...

Sim, porque não
Era eu que fazia,
Era sim, o grito
Que me gritava
Respondia ao
Meu mesmo gritar...

De tanto gritar,
A rouquidão
Dessa garganta
Subiu ao céu
Da lua e não,
Não volta mais...

Como tamanha
Foi a dúvida
Sobre vínculos
Dessa gritaria,
Os deuses ainda
Tiveram poder...

Poder de ser,
Ter, dispor, fazer
E compreender
Que minha voz,
Rouca voz, é
Apenas graça...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Doce ou amargo



Doce ou amargo
Quando o sucesso é doce? Quando o sucesso é amargo? O sucesso pode ser amargo? Pode. “Nada mais fracassado do que o sucesso.” Já disseram. O que se quer dizer com isso?
Vencer uma luta fora da ética ou fora da moral (sem moralismos, mas com a certeza de um código de conduta) é, em suma, uma vitória vazia, um sucesso amargo. É preciso ter um caráter? Alguns espiritualistas dizem que não. Dizem que o caráter é um substituto pobre para a consciência, como a esperteza é um substituto pobre da inteligência. Porém, não quero entrar exatamente nesse mérito. Cada um sabe o que é melhor para si e em termos de “falta de caráter” como se fala comumente e, como nós entendemos comumente, o mundo está cheio. Só quero enfatizar que mesmo em situações-limite como a guerra, por exemplo, existe um código de honra (talvez deformado, mas ele existe) e existem crimes de guerra que são passíveis de condenação e punição mesmo em contextos terríveis de guerra por um tribunal internacional.
Os samurais tinham o seu código de conduta, o Bushidô com sete princípios: Justiça, Coragem, Compaixão, Respeito, Honestidade, Honra e Lealdade. Princípios muito elevados e bastante difíceis de serem seguidos ou cumpridos. Mas necessários. Sucesso pelo sucesso é falso, vazio – como eu já disse – e extremamente amargo porque tal vitória só leva a nenhum lugar. Sucesso real significa que há reconhecimento da comunidade e do entorno a respeito do seu trabalho, da sua honradez, da sua liderança ou de tudo isso junto. Esse reconhecimento é mais do que consubstanciação, é transubstanciação. Não é um símbolo ou uma representação, é você mesmo que recebe energias dessa comunidade, espectadores/leitores/fiéis/comandados que enviam essa vibração a você.
Portanto vivenciar o sucesso exige responsabilidade, em primeiro lugar, porque é um grande poder. Mas se esse grande poder não for acompanhado da devida humildade, força moral e compaixão não será realmente ungido pela verdade. Cristo diz: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” Esse ensinamento significa profundamente identificar-se carinhosamente, afetuosamente com o próximo incondicionalmente. É se importar com o próximo antes de se importar com o “engajamento” dele no nosso sucesso. É preciso vivenciar o real sucesso ou rejeitar o falso sucesso amargo. Paz e luz.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)