quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Lançamento: portal e-cêntrica . 25 de outubro



Lançamento: portal e-cêntrica . 25 de outubro .


Sobre nós
A circulação da produção gráfica e literária independente é um dos maiores desafios para autores/autoras, coletivos criativos e pequenas editoras, em todo o mundo.
Quando escolhemos trabalhar de maneira alternativa, deixamos de apoiar práticas do mercado formal, optamos pelos caminhos da inovação.
Não existe uma fórmula de sucesso, um modelo de reinvenção sistêmica, no entanto, referências diversas e ferramentas já estão disponíveis. De forma geral, elas se orientam pelo conceito de rede para traçar estratégias de ação.
A e-cêntrica é uma dessas iniciativas.
Sob a coordenação da Casa da Cultura Digital (GO) e com o apoio da Lei Goyazes, a e-cêntrica propõe a conexão entre agentes estratégicos (autores/autoras, coletivos criativos e pequenas editoras), em todo o Brasil, para a construção coletiva de alternativas para a difusão e comercialização da produção gráfica e literária de todas as regiões do País.
Ao mesmo tempo, esta ação se propõe a colaborar com iniciativas que buscam amenizar a invisibilidade histórica da produção gráfica e literária das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do território nacional, sem a exclusão do trabalho que é feito no sudeste e no sul.
Também interessa à e-cêntrica apoiar o fortalecimento e a ampliação da visibilidade do trabalho da mulher, cis e trans, no mercado editorial, em todo o mundo.
Consequentemente, ações de estímulo à leitura têm nosso apoio incondicional.

Mapeamento
O mapeamento é a primeira etapa de trabalhos da e-cêntrica, iniciativa que busca alternativas para a circulação da produção gráfica e literária independente no Brasil.
A coleta de dados continua, mas cumpriu sua primeira etapa no primeiro semestre de 2017. Agora colocamos à sua disposição informação que nos foi encaminhada de todas as regiões do País.
Tem poeta de Roraima, ilustrador do Piauí, romancista de Goiás, editora do Espírito Santo. E muito mais! Porque livros lindos, zines, HQs, revistas, jornais de arte, prints diversos estão sendo produzidos em todo lugar e podem chegar até você.
A Casa da Cultura Digital e apoiadores deste projeto desejam que esta pesquisa estimule a articulação de redes produtivas e ofereça subsídios para a produção artística e intelectual, que dialoga com as economias exponenciais: criativa, colaborativa, compartilhada e multimoedas.
Conheça agora a síntese de dados coletados na primeira fase do mapeamento e quem são as autoras/autores, coletivos criativos e nanoeditoras que já integram esta rede.
Para não ficar de fora, apresente-se.

Quem idealizou esta iniciativa?
A e-cêntrica é uma iniciativa da Casa da Cultura Digital, idealizada pela escritora e editora Larissa Mundim, fundadora da ONG e criadora da Nega Lilu Editora.
Apoio: Lei Goyazes.

Por que participar do mapeamento de produção gráfica e literária independente?
Para traçar estratégias que verdadeiramente impactem no mercado gráfico e literário, é necessário conhecer o potencial desta cadeia produtiva.
Quem são os agentes estratégicos no mercado editorial independente?
O que está sendo produzido de maneira qualifica em todas as regiões do Brasil?
Por onde circula esta produção?
Como ampliar a comercialização do produto?
Quais são as iniciativas inovadoras que colaboram para rotas alternativas de distribuição?
Respostas a questões como estas vão nos ajudar a esboçar o cenário de atuação da e-cêntrica.
Se você ainda não integra este mapeamento, vem!

Por que apoiar a produção gráfica e literária do norte, nordeste e centro-oeste e apoiar o fortalecimento da produção da mulher no mercado editorial? Sexo masculino, branco e residente nas regiões Sudeste e Sul. Este é o perfil da maioria dos autores literários publicados por editoras brasileiras influentes, segundo pesquisa realizada pela professora da Universidade de Brasília, Regina Dalcastagnè.
Um cenário assim evidencia prejuízos à identidade sociocultural de um país que tem a diversidade como uma de suas maiores riquezas − tanto pela ausência representativa de escritoras no circuito literário mais prestigiado, quanto pela limitação da produção considerada relevante, pelo mercado, ao território geográfico onde estão as maiores editoras, distribuidoras e livrarias. A professora pesquisou o comportamento de três grandes editoras brasileiras (Record, Companhia das Letras e Rocco), observando características de obras eleitas para publicação, ao longo de 15 anos. Regina Dalcastagnè incluiu 165 escritoras e escritores no corpus de sua pesquisa e, neste universo investigativo, chamou a atenção o fato de que 72,7% dos livros publicados têm homens como autores. Ainda mais crítica que a baixa presença feminina entre autores publicados é a homogeneidade racial: 93,9% dos autores e autoras estudados são brancos, 3,6% não tiveram a cor identificada e os “não brancos” somam 2,4 pontos percentuais. Entre tantas outras nuances, a pesquisa informa também que 70% dos escritores e escritoras pesquisados nasceram e residem em estados do Sudeste e do Sul do Brasil. A região Norte estava representada por apenas dois escritores (1,2%), ambos do estado do Amazonas. E a região Centro-Oeste, com sete (4,2%), todos do Distrito Federal. Os 4,8% restantes era autores e autoras residentes no nordeste brasileiro.
Os dados estão disponíveis no livro “Literatura brasileira contemporânea: um território contestado” (Editora Horizonte, 2012).

Ainda posso integrar o mapeamento?
Sim. Todas e todos são bem-vindos. O mapeamento segue aberto. No entanto, a prioridade de publicação de informações é de quem se apresentou, ainda no primeiro semestre de 2017, quando a fase 1 da pesquisa foi concluída.
Dados coletados posteriormente serão inseridos, gradativamente.

Quem pode participar?
Autoras e autores independentes, coletivos criativos e pequenas editoras brasileiras.

Quais são os primeiros resultados deste trabalho?
O mapeamento é o primeiro serviço prestado pela e-cêntrica. Por meio do banco de dados que está sendo construído e disponibilizado aqui, curadores, leitores, pesquisadores, publishers poderão localizar autoras e autores, coletivos criativos, bem como pequenas editoras e profissionais autônomos (ilustradores, designers, fotógrafos, editores, revisores, erc) atuantes de forma independente, em todas as regiões brasileiras.
Para estimular a articulação entre os integrantes desta rede, a e-cêntrica lança, ainda em 2017, o número zero da revista eletrônica malunga.
Iniciativa da Casa da Cultura Digital, lançada pelo Selo Ç3, a malunga é uma que visa buscar alternativas de circulação da produção gráfica e literária independente no Brasil.
Quais são os rumos futuros desta iniciativa?
Apesar de ter seus objetivos traçados, os rumos desta rede não estão definidos, são imprevisíveis e serão determinados pela observação do movimento coletivo.

Coordenação Geral: Larissa Mundim

https://www.facebook.com/events/814558138716886/

Mais info:
www.facebook.com/e-centrica
em breve: www.e-centrica.com.br

domingo, 22 de outubro de 2017

Missão?



Missão?
Não existe o que se pode chamar de "missão" para um ser humano enquanto ser humano. Existe missão para um religioso de determinada religião, para um adepto de determinada doutrina, para um funcionário de determinada organização, enfim, "missão" não se enquadra na categoria humano. Um ser humano é inteiro em si mesmo. Ele ser o que é, já é a sua missão. A sua presença é a sua missão.

sábado, 21 de outubro de 2017

Isto não é arte



Isto não é arte

A discussão sobre a arte atual não é sobre arte, absolutamente. A arte é só uma desculpa. A verdadeira discussão é sobre o liberal e o neo-liberal ou a censura e a não-censura. A rigor, colocar alguém nu num museu, num centro cultural ou numa exposição de arte e permitir que outras pessoas a toquem - até crianças - não tem nada a ver com arte. PODE ser arte terapia, PODE ser terapia gestáltica, PODE ser psicologia, PODE ser até antropologia. Performance passa longe disto. Vemos corpos nus o tempo inteiro no carnaval e em outras oportunidades como a praia ou a piscina, por exemplo. Enfim, PODE ser um monte de coisas. Mas não é arte.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Paulo Caldas



Paulo Caldas

Até que ponto o real é real mesmo ou é apenas um espelho de sonho no qual a verdade é um ponto de vista?  A ambiguidade dos nossos anseios nos trazem inquietações filosóficas e espirituais porque são dúplices e tríplices ou as inquietações filosóficas e espirituais nos trazem anseios ambíguos porque são dúplices e tríplices?  Paulo Caldas, exímio artesão das artes plásticas, propõe uma “flecha mensagem” que nos atinge no peito, no coração...
Como em René Magritte, para quem as ambiguidades de um quadro seu “vêm da sua natureza profundamente introspectiva e são a resposta de um pensativo observador para a vida superficial ao redor de si”, nas palavras de Edmond Swinglehurst, Paulo Caldas pensa o mundo filosófica e espiritualmente, tanto quanto ideológica e socialmente.  Suas influências, segundo suas próprias palavras, vêm mais do que leu e do que ouviu do que propriamente do que viu.  As leituras de Richard Bach (Fernão Capelo Gaivota, Longe é um lugar que não existe), Khalil Gibran (O Profeta), Hermann Hesse (Sidarta, O Lobo da Estepe), Jiddu Krishnamurti (Sobre a liberdade), Lobsang Rampa (A Terceira Visão) e Manoel de Barros (O livro das ignorãças) alimentaram e alimentam sua arte surrealista ao lado de Pink Floyd, Vangelis, Tom Jobim e Chico Buarque, na música.
Profundo conhecedor do desenho e das suas possibilidades, o artista leva o observador de suas obras às indagações e conjecturas sérias a respeito da sua existência com jogos extremamente elaborados de figura e fundo. Também se utiliza de formas que se transformam e se metamorfoseiam numa verdadeira dança imagética onde as cores têm o papel fundamental de atrair o espectador.
A viagem que M. C. Escher – um irmão e mestre para Caldas – realizou à Granada, na qual foi fortemente impactado pelos azulejos mouros, de onde surgiram nele as inspirações para os padrões geométricos, transfigurados ao serem repetidos, formando novos desenhos, Paulo Caldas explorou nos recônditos da sua própria psique, da sua alma.  Suas pinturas são verdadeiras viagens fantásticas que estruturam realidades oníricas em concomitância com imaginações concretas, feitas no real palpável do pictórico e do gráfico.
Do modo de Iberê Camargo, o artista segue a linha do “não nasci para fazer berloques, enfeitar o mundo... eu pinto por que a vida dói.” Paulo conhece como poucos a arte de instigar e provocar, sendo um virtuoso desenhista que constrói pontes entre a imaginação e a realidade sem fazer falsas concessões aos modismos de qualquer natureza midiática.
Salvador Dalí, em sua grande voracidade surrealista, inspirou também fortemente Paulo Caldas, que soube extrair da arte delirante, alucinada, deliciosamente cativante e magnífica do catalão, seu substrato para uma criação autônoma e original que nada deve a nenhum dos pintores surrealistas de todos os tempos.
A situação atual do país o inquieta muito e o pintor deixa uma mensagem para todos os brasileiros e brasileiras: “Ser bom é mais barato.  Quando somos bons, economizamos energia positiva para o nosso país.  Vejam o que está sendo desperdiçado em decorrência da ação dos maus que infestam nosso Brasil.”

Mauricio Duarte

Referências:
A Arte dos Surrealistas . Edmund Swinglehurst . Ediouro . Rio de Janeiro . 1997
M. C. Escher . Artista gráfico holandês . http://www.ebiografia.com/m_c_escher/ . visitado em 16-10-2017
M. C. Escher . O artista das construções impossíveis .
M. C. Escher . Wikipédia . https://pt.wikipeida.org/wiki/Mauritis_Cornelis_Escher / visitado em 16-10-2017

Contatos com o artista:
Telefone: 82 999552464
E-mail: cordao-nordeste@hotmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/paulo.caldas.125

Endereço: Rua Marco Aurélio, 146 - Jd. Petrópolis II - Tabuleiro dos Martins, Maceió . AL



Leia mais em: https://www.revistasinestesia.net/paulo-caldas-visualis

terça-feira, 17 de outubro de 2017

e-book Confluência dos quadrinhos na contemporaneidade . Trem de Ferro

Leia gratuitamente o e-book Confluência dos quadrinhos na contemporaneidade . Trem de Ferro de minha autoria.



​​​​​​​
A novela gráfica insere-se em duas vertentes distintas e próximas ao mesmo tempo. Assim como a fotografia, o cinema e outras linguagens, ocorre sua presença no mass media, onde configuram-se as questões de redundância e da pregnância. Análise estética das semelhanças e contrastes com as linguagens da literatura e do cinema. Basicamente, adotaremos as teorias de Will Eisner, Moacy Cirne e Gaston Barchelard para analisar 3 histórias-em-quadrinhos: O Bebê de Valentina (Guido Crepax), Arzach (Moebius) e Sin City (Frank Miller). Inclui a história-em-quadrinhos TREM DE FERRO, de minha autoria.

http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/6145469




segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Portinari


Portinari


Candido Torquato Portinari nasceu numa fazenda de café, próximo de Brodowski, interior de São Paulo, em 1903. Tendo pouco estudo e não completando nem o ensino primário, aos 14 anos de idade foi recrutado como ajudante por uma trupe de pintores e escultores italianos que realizavam restauração de igrejas e que passavam pela região de Brodowski.  Aos 15, deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes.  Recebe vários elogios de professores e da própria imprensa e aos 20 anos de idade já participa de muitas exposições, sendo destaque em vários jornais.  Interessa-se pelo modernismo e a partir da vitória da medalha de ouro no Salão da ENBA, com uma tela deliberadamente acadêmica e tradicional, parte para Paris e tem contato com artistas como Van Dongen e Othon Freisz, além de conhecer Maria Martinelli, com quem passaria toda a sua vida.
De volta ao Brasil, em 1931, muda completamente a estética da sua obra, valorizando as cores e as ideias nas pinturas.  Defende a necessidade da criação no Brasil de uma arte nacional e moderna, como Mário de Andrade já o fazia.  Nas telas O Mestiço e Lavrador de Café (as duas de 1934) os personagens são pintados em composições monumentais com campos cultivados ao fundo. 
Em 1940, após a visão de Guernica, de Picasso, seu trabalho passa a apresentar mais dramaticidade, expressando a tragédia e o sofrimento humanos, enfocando questões sociais brasileiras.  A catástrofe dos retirantes, por meio de gestos crispados das mãos e das lágrimas de pedra, são retratadas de modo magistral.
Em 1941 realiza painéis para a Biblioteca do Congresso em Washington D.C. (Estados Unidos) em têmpera, com grande luminosidade e com trabalhadores novamente como figuras centrais, como já fazia frequentemente em outros trabalhos.  Entre 1953 e 1956, realiza os murais Guerra e Paz para a sede da ONU em Nova York, obras de grande dimensões, em que trabalhou com uma sobreposição de planos.
Em 1954, Portinari apresentou uma grave intoxicação pelo chumbo presente nas tintas que usava e, desobedecendo ordens médicas, continua pintando e viajando com frequência para os EUA, Europa e Israel.  Em 1962 vem a falecer de intoxicação pelas tintas que utilizava nas telas.
Pintor, gravador, ilustrador e professor, o artista pintou quase cinco mil obras, desde pequenos esboços e pinturas de proporção padrão até gigantescos murais.  É considerado o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional em todos os tempos.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


Leia mais: http://www.divulgaescritor.com/products/portinari-por-mauricio-duarte/

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Medo da morte

Academia Virtual de Letras
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 18

Apogeu Poético
Tema: Medo
Modalidade: Moderno



Medo da morte

Morte em vida não!
Vida antes da morte!

E depois da morte?
Tens medo da morte?
A maioria tem, é...

Outra dimensão,
terra paralela
de uma infinidade...

Morte em vida não!
Vida antes da morte!

Uma outra existência,
com Deus ou com diabo,
ou ainda num tal limbo...

O homem tem medo
desse vazio imenso
entre o nada e o nada..

Morte em vida não!
Vida antes da morte!

Porque a morte pode
trazer um alívio,
mas isto não é certo...

O certo é que, após
esse desencarnar,
tudo muda, tudo...

Morte em vida não!
Vida antes da morte!

Medo atávico esse,
que acompanha a nossa
vida desde sempre...

Mas não é bem preciso
ter medo da morte,
mas sim de não viver..

Morte em vida não!
Vida antes da morte!

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


Contemplação das águas



Contemplação das águas

Vem e vai a afluência...
Na imensidão do mar,
calmaria algumas vezes,
furor das vagas noutras...

Vem e vai a afluência...
Em grandes vastidões,
rodeando praias, baías, fiordes,
enseadas, rios, oceanos...

Vem e vai a afluência..
Em cristalinas águas,
bacias hidrográficas
imensas, nunca cessa...

Vem e vai a afluência...
Linda riqueza aquática,
que não se esgota nunca,
perfeita harmonia...

Vem e vai a afluência...
Água doce ou salgada,
sempre abundante, cheia
do manancial sagrado...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



quarta-feira, 11 de outubro de 2017

XVII Concurso Nacional PoeArt de Literatura – 2017

Fui selecionado para participar do livro Vozes de Aço (XIX Antologia Poética de Diversos Autores) Homenagem (ACEITA E AUTORIZADA) ao escritor/Acadêmico Geraldo Carneiro no XVII Concurso Nacional PoeArt de Literatura – 2017.




Poemas, de minha autoria, que estão no livro:
Movimento cósmico
Universos colidem... e se amalgamam
em grandes e inúmeras galáxias... rodopiam,
rodeadas por imensos quasares... energia
em suas fronteiras de luz que nunca terminam...
Mundos se formam... se desformam, num átimo.
Tudo que era, deixa de ser... também tudo
que não era passa a ser... num balanço de grande
monta que não para, sem começo nem fim...
Mauricio Duarte


Gratidão pela vida
Pedras n´água do rio
são como falsos desvios;
trazem alguns caminhos,
mas não impedem, assim,
o fluxo do tal rio...
Também esses que perdem
gratidão pela vida;
trazem deles caminhos,
mas não impedem, assim,
o fluxo maior da vida...
Mauricio Duarte

domingo, 1 de outubro de 2017

Carlos Scliar


Carlos Scliar


O máximo do sintético num cubismo revisitado com carga gráfica pessoal e intransferível...  Assim vejo o trabalho artístico de Carlos Scliar; pintor, gravador, desenhista, ilustrador, designer gráfico, cenógrafo e roteirista.  Scliar nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul em 1920 e recebeu as primeiras aulas de arte com o pintor austríaco Gustav Epstein em 1934.  Um ano depois, defrontou-se com o dilema de todos os artistas plásticos da época: conformar-se com a arte das academias ou iniciar sua própria leitura do modernismo.  Escolheu o último e logo assumiu posição de contestação aos acadêmicos, juntamente com artistas do grupo Santa Helena.
Ao longo de sua carreira brilhante, burilou sua poética visual com amplas perspectivas e possibilidades, sempre visando uma inovação.  Suas colagens em relevo enceradas s/tela demonstram o seu grande viés de pesquisa pictórica e gráfica, consubstanciado em peças de arte que retratam coisas simples.  Um copo numa mesa, junto com outros objetos: papel, garrafas, vela, uma cadeira ao lado da mesa, nada que remeta ao extraordinário; não, a simplicidade, apenas a simplicidade, em grau máximo.  Mas com uma releitura do cubismo fora de toda ordem que já tenha sido tentada.  Tratamento espacial onde se pinta o que se conhece, mais do que o que se vê, mas esse “conhecer” está longe de ser inocente ou inconsequente, pois é refletido, pensado, trabalhado, desenvolvido a partir da técnica cubista de utilização dos vários pontos de vista de um mesmo objeto numa só imagem.  Por vezes, a sua composição revela contornos até da pop art, com inserções em serigrafias altamente gráficas, cuja configuração mais remetem à uma peça de design gráfico como no Álbum Redescoberta do Brasil.
Mas sua maior “mirada” estava mesmo na linha do realismo socialista, o cubismo em releitura com traços que transfiguravam a composição influenciada por Lasar Segall e Candido Portinari, poderiam dizer alguns, ou Picasso, Braqüe e Juan Gris, diriam outros.  No entanto, o certo é que o artista possuía uma clareza gráfica que despontava de qualquer influência possível e assinalava sua marca individual, indiscutivelmente e inapelavelmente.
Praticou diversas experimentações, como a vasta produção em guache e vinil encerados, como já disse.  Sendo que sua assimilação e posterior contribuição pessoal vindo do legado cubista, tem grande destaque na relação figura e fundo, na qual, segundo o poeta e crítico, Ferreira Gullar, Scliar primava pela ambiguidade e complexidade, em visão que o tornou mestre, verdadeiramente.
Carlos Scliar faleceu em 28 de abril de 2001, no Rio de Janeiro, onde foi cremado.  A capacidade brasileira de apropriação de várias culturas, épocas, etnias e informações é uma das grandes contribuições do artista plástico e homem Carlos Scliar para a identidade artística do país de forma original e provocadora, segundo o curador Marcus de Lontra Costa.
Num período de convalescência, perguntado por um repórter em quanto tempo ele pintava um quadro, respondera: “Em uma hora e 80 anos”.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Referências:
                Enciclopédia Itaú Cultural . Carlos Scliar . http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9898/carlos-scliar
                Catálogo de exposição . Carlos Scliar . da reflexão à criação . Caixa Cultural Rio de Janeiro . Galeria 3 . agosto de 2016


Leia mais:
 http://www.divulgaescritor.com/products/carlos-scliar-por-mauricio-duarte/