domingo, 1 de outubro de 2017

Carlos Scliar


Carlos Scliar


O máximo do sintético num cubismo revisitado com carga gráfica pessoal e intransferível...  Assim vejo o trabalho artístico de Carlos Scliar; pintor, gravador, desenhista, ilustrador, designer gráfico, cenógrafo e roteirista.  Scliar nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul em 1920 e recebeu as primeiras aulas de arte com o pintor austríaco Gustav Epstein em 1934.  Um ano depois, defrontou-se com o dilema de todos os artistas plásticos da época: conformar-se com a arte das academias ou iniciar sua própria leitura do modernismo.  Escolheu o último e logo assumiu posição de contestação aos acadêmicos, juntamente com artistas do grupo Santa Helena.
Ao longo de sua carreira brilhante, burilou sua poética visual com amplas perspectivas e possibilidades, sempre visando uma inovação.  Suas colagens em relevo enceradas s/tela demonstram o seu grande viés de pesquisa pictórica e gráfica, consubstanciado em peças de arte que retratam coisas simples.  Um copo numa mesa, junto com outros objetos: papel, garrafas, vela, uma cadeira ao lado da mesa, nada que remeta ao extraordinário; não, a simplicidade, apenas a simplicidade, em grau máximo.  Mas com uma releitura do cubismo fora de toda ordem que já tenha sido tentada.  Tratamento espacial onde se pinta o que se conhece, mais do que o que se vê, mas esse “conhecer” está longe de ser inocente ou inconsequente, pois é refletido, pensado, trabalhado, desenvolvido a partir da técnica cubista de utilização dos vários pontos de vista de um mesmo objeto numa só imagem.  Por vezes, a sua composição revela contornos até da pop art, com inserções em serigrafias altamente gráficas, cuja configuração mais remetem à uma peça de design gráfico como no Álbum Redescoberta do Brasil.
Mas sua maior “mirada” estava mesmo na linha do realismo socialista, o cubismo em releitura com traços que transfiguravam a composição influenciada por Lasar Segall e Candido Portinari, poderiam dizer alguns, ou Picasso, Braqüe e Juan Gris, diriam outros.  No entanto, o certo é que o artista possuía uma clareza gráfica que despontava de qualquer influência possível e assinalava sua marca individual, indiscutivelmente e inapelavelmente.
Praticou diversas experimentações, como a vasta produção em guache e vinil encerados, como já disse.  Sendo que sua assimilação e posterior contribuição pessoal vindo do legado cubista, tem grande destaque na relação figura e fundo, na qual, segundo o poeta e crítico, Ferreira Gullar, Scliar primava pela ambiguidade e complexidade, em visão que o tornou mestre, verdadeiramente.
Carlos Scliar faleceu em 28 de abril de 2001, no Rio de Janeiro, onde foi cremado.  A capacidade brasileira de apropriação de várias culturas, épocas, etnias e informações é uma das grandes contribuições do artista plástico e homem Carlos Scliar para a identidade artística do país de forma original e provocadora, segundo o curador Marcus de Lontra Costa.
Num período de convalescência, perguntado por um repórter em quanto tempo ele pintava um quadro, respondera: “Em uma hora e 80 anos”.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Referências:
                Enciclopédia Itaú Cultural . Carlos Scliar . http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9898/carlos-scliar
                Catálogo de exposição . Carlos Scliar . da reflexão à criação . Caixa Cultural Rio de Janeiro . Galeria 3 . agosto de 2016


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 http://www.divulgaescritor.com/products/carlos-scliar-por-mauricio-duarte/

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