Capítulo XII
Idealismo moderno
Uma história
do panteísmo seria, em sua maior parte, uma história do idealismo. Não é sem razão, contudo, que nós usamos o
termo filosofia idealística especialmente a esse capítulo, pois aqui nós
encontramos essas doutrinas concernentes a Deus e à criação que temos tão
generalizadamente prevalente no mundo, relegadas inteiramente à margem da
filosofia, suportadas por razão vigorosa e com um esforço feito de absoluta
demonstração da sua verdade. E tudo isto
é realizado no único nível com o qual poderia ter sido feito, o do puro
idealismo.
Descartes
O fundador da
filosofia ideal foi René Descartes, um nobre homem francês. Ela floresceu cerca
do começo do século dezessete, e foi distinguido no tempo da sua vida como um
matemático, metafísico, filósofo natural e um soldado. Embora um idealista, em filosofia ele não foi
um visionário, mas um homem experiente de olhar aberto para o mundo que sabia
muito bem que
“Toda teoria é cinza,
Mas verde é a dourada árvore da vida.”
A despeito de
ter sido capaz de destrinchar a filosofia da confusão na qual ela tinha caído,
ele resolveu utilizar do fenômeno mental para o mesmo princípio com que Bacon
tinha aplicado à física, a do exame, da observação e da experiência. Mas antes que ele pudesse ter feito isto,
teve que colocar de lado a autoridade de dois grandes poderes, o de Aristóteles
e o da igreja. A influência do primeiro já tinha quase passado. Uma nova vida no século dezesseis tinha
surgido do fim da escravidão do que poderíamos chamar de aristotelismo. Alguns teólogos é que ainda defendiam a
autoridade de Aristóteles, mas encontraram sua morte de sangue antes do aparecimento
de Descartes. Como ele se portou em
relação à igreja não é tão facilmente determinado. Ele abertamente professava a fé católica e
declarava seu objeto a ser descoberto dos graus em razão com os quais ele
poderia defender e elevar as doutrinas que havia recebido da autoridade da
igreja. Essa complacência a respeito da igreja é, para alguns, reservada a
apenas um método educado de manter clara sua posição aos doutores e
eclesiásticos e à Inquisição; mas católicos modernos levam Descartes a sério e
o colocam representando um filósofo cujo grande objeto de estudo de refutar em
graus protestantes, é, em princípios da razão, uma heresia da Reforma.
Aristóteles e
a igreja sendo colocados de lado, a primeira inquirição foi posta em nível de
certeza. Alguma coisa existe? Não é
prova de que alguma coisa exista só porque alguém disse que existe. Nem são os sentidos suficientes para
testificar a existência de alguma coisa, porque isto pode ser um engano. Bem como com as nossas razões, mesmo as
matemáticas podem ser reais, porque talvez a mente humana pode não receber a
verdade. Isto não nos deixa nada, senão
a dúvida. Nós devemos pôr tudo em
incerteza; e ainda que não pudesse ser, para o qual nós pomos, deve ser a
existência real. Ele que duvida de todas
as coisas; ele que inquire depois da verdade, deve ser verdade ele mesmo. Então raciocionou Descartes, eu duvido, e deve
haver um sujeito duvidando; eu penso, logo existo, ou mais acuradamente, eu
penso, que é o equivalente a dizer, eu sou o “pensador em algo”.
A claridade
dessa ideia de auto existência evidencia a verdade, e dela, Descartes projetou
o princípio de que o que quer que a mente perceba claramente e distinga é
verdade. Agora nós temos uma clara e
distinta ideia de um Ser Infinito, eterno, onipotente e onipresente. Há um Ser
– cuja existência necessariamente está contida nessa ideia. Se fosse possível para esse Ser não ser, essa
própria possibilidade não seria uma imperfeição, e não poderia, no entanto,
perceber ao que é perfeito. Nada a não ser
o Ser perfeito poderia nos dar a ideia de perfeição infinita, e desde que nós
vivemos, ter a ideia dele em nós, o Ser que pôs em nós a si próprio. Nós somos o imperfeito. Nós somos o
finito. Nós somos o causado. Há um que é complemento do nosso ser, o
infinito da nossa finitude, a perfeição da nossa imperfeição; uma mente que nos
dá o que não vem de nós mesmos. Descartes eliminou da ideia do divino Ser tudo
o que implicava imperfeição. Ele estava
cuidadoso em distinguir entre Deus e sua criação. Ele deixou o finito parado contra o Infinito –
a criatura absolutamente distinta em substância e essência do Criador. Ele não deu o passo que aniquilaria o um para
fazer lugar para o outro e, ainda, sugeriu isto. Inconscientemente, e até, a despeito de si
mesmo, ele é tomado de conclusões com as quais conflita, e com as quais recusa
a ir adiante. “Quando eu venho
considerar as visões particulares de Descartes,” diz M. Saisset, “sobre a
perfeição de Deus e as relações do Criador com o mundo e com o homem; quando eu
desejo ligar seus pensamentos e seguir à frente suas consequências, eu acho que
elas não formam um todo homogêneo, eu acredito que posso detectar o conflito
dos pensamentos e tendências contrárias”.
Descartes conseguiu seguir na esteira de Parmênides, mas como Platão e
Santo Anselmo, recusou avançar. Ele
preferiu uma teologia não logicamente consistente a um teologia dos
eleáticos.
Há pois dois
pontos de início do conhecimento. Num
deles começamos com a matéria e assumimos a realidade do mundo visível, nós
vamos às provas das outras existências, mas nesse caminho nós não podemos nunca
demonstrar a existência da mente por si mesma; ou nós começamos com a mente e,
assumindo-a como primeira existência certa, nós vamos às provas das outras, mas
nesse caminho nós nunca legitimamente chegamos às provas da existência da
matéria em si mesma. A existência da
mente era, para Descartes, uma existência indubitável. Eu penso é uma consciência presente e a existência
de uma infinita mente foi uma conclusão fora da lei do fato da existência de
uma mente finita; mas desde que os sentidos forma desacreditados, como
Descartes poderá provar a existência da matéria? Apenas por meio da mente. Nós não temos conhecimento pelo corpóreo, mas
pelo mental; que nós temos um corpo não é em si mesmo evidente verdade, mas que
nós temos uma mente é. Ainda Descartes
queria ter um mundo externo, e como ele não podia provar sua existência, ele
pegou emprestado como verdade oq eu outros homens colocaram. Como ele tomou a existência da mente
independentemente da do corpo, porque não poderia o corpo existir
independentemente da mente? Até no
princípio de clarear ideias nós temos algum conhecimento da matéria, pelo qual
pensamos que a substância é diferente da qual o sujeito é imediatamente de uma
extensão e de acidentes de extensão, tais como uma figura, um lugar, um
movimento.
Descartes
estava satisfeito de ter provado a existência de Deus, da mente e da
matéria. O primeiro é a substância não
criada, o si mesmo existente e eterno; as outra duas eram substâncias criadas
cuja existência é derivada de Deus. Suas
criações não eram ato necessariamente da Divindade; suas existências de nenhum
modo vieram necessariamente da existência de Deus, mas no exercício do seu
livre arbítrio, ele as criou. A mente é
alguma coisa que pensa, e a matéria é alguma coisa que é sua extensão. Deus também pensa. Ele é incorpóreo, ainda nós não damos a ele o
atributo de coisa estendida, tão logo esse atributo possa ser separado de
qualquer ideia de imperfeição. O ser pré
eminentemente extenso, um atributo da matéria, a transferência disso à
Divindade em qualquer forma parece trair uma conjectura colocada na mente de
Descartes de que algumas últimas conexões entre o espiritual e o material
existam. Ele negou isto, ele tinha
pensado contra essa conclusão pelo seu método, mas apesar desse seu protesto, a
tendência se manifestava a cada passo que ele dava. O atributo da matéria foi transferido a Deus,
e agora, conscientemente, mas com nenhum pensamento de resultado, o atributo de
Deus é transferido ao mundo material. Descartes
contemplava o universo, e era inundado com pensamentos de infinidade e
eternidade. Não é o universo
infinito? Ele é, ao menos, indefinível,
mas essa palavra é reservada apenas para a Divindade. O universo é infinito. Não pode haver dúvida de sua imensidão. Extensão ilimitada é uma dos nossos
inevitáveis pensamentos.
Isso inflige a
nossa ideia de infinito, que se não há nada como ele. Mas se o universo é infinito, porque não
eterno? Se é ilimitado em espaço, porque
limitado em tempo? Descartes tomou lugar
na origem do universo no livre arbítrio de Deus, que foi compelido a dar um
começo; mas a questão era urgente; porque ele deveria ter um começo? Se é necessário constituir espaço infinito,
porque não é necessário também constituir tempo infinito? A necessidade de um começo tira da existência
o passado da eternidade; mas nós podemos, sem perigo, pensar que Descartes
permitiu que a eternidade viesse. Nós
colocamos um Ser Infinito e um universo infinito. Em algum ponto ou outro esses dois infinitos
devem ser apenas um. A criação é também
um trabalho, mas diferente de um trabalho do ser humano, ela não pode existir
sem uma contínua presença do trabalhador.
Isso requer dessa existência uma contínua repetição do ato do
Criador. Deus não tem distância do seu
universo. Ele está imanando dentro dele;
o executor de todas as leis, o doador de todos os trabalhos e até o presente
agenciador que age e está acima de todo infinito.
Livre tradução
do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo XII .
Idealismo moderno . Descartes
Visite meu site para ler outras traduções do mesmo livro: Panteísmo e Cristandade . https://sites.google.com/site/pantheismandchristianity/
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