Malebranche
Para
Malebranche a diferença entre ele mesmo e Espinoza parecia infinita. E
externamente isso era verdadeiro. Espinoza era um judeu, excomungado da
sinagoga; Malenbranche um padre cristão. Um foi educado na Cabala, o outro
transitava nos escritos de Santo Agostinho.
Mas grande como eram as diferenças externas, julgamentos imparciais
simplesmente reconectaram esses dois professores de teologias análogas.
Descartes, como nós temos visto, admitia dois tipos de substância – a criada e
a incriada – mas na realidade a última era apenas substância real. Espinoza viu essa inconsistência e fez das
substâncias criadas acidentes ou modos da incriada. Mas essas substâncias criadas são
evidentemente de dois tipos – a espiritual e a material. Elas podem ser reduzidas a uma, ou são, na
sua essência, inteiramente distintas?
Descartes tinha a última opinião.
Espinoza sustentava a primeira.
Disto resultou sua crença na unidade original do pensamento e da
substância extendida; de Deus como pensamento e da substância extensão. Malebranche gostaria de manter o nível
cartesiano, que elas eram substâncias distintas, e, ao mesmo tempo, remover o
dualismo cartesiano. Ele fez isto
supondo que elas se distinguiriam em si mesmas, ainda achando-se unidas em
Deus. Como todas as coisas existem
espiritualmente e idealmente na mente divina, Deus é, como foi, o maior
significado entre o Eu e o mundo externo – “Nós vemos todas as coisas em Deus.”
Malebranche, como um cartesiano, começou com o pensamento. Nós somos algo que pensa; nós temos ideias.
Como nós temos essas ideias? Algumas são imediatas, mas outras são ideias de
coisas materiais. As últimas nos podemos
ter também vindas dos objetos em si próprios, vindas da alma que tem o poder de
produzi-las, ou vindas de Deus que as produz em nós, que ele tem feito, também
na criação, ou podem vir todo o tempo que nós pensamos em qualquer objeto; ou
nós podemos conceber a alma como tendo em si mesma todas as perfeições com as
quais nós descobrimos nos objetos externos, ou por último, como unidades com um
Ser todo-perfeito, que compreende em si mesmo todas as perfeições dos seres
criados. Malebranche examina cada um
destes cinco caminhos de entendimento dos objetos externos, para achar objeções
a todos, com exceção do último. Seus argumentos para isto estão baseados nas
doutrinas das ideias neoplatônicas. “É
absolutamente necessário”, ele diz, “para Deus ter em si mesmo todas as ideias de
tudo o que os seres que ele criou tem, desde que todavia ele não poderia as ter
produzido, e ele vê todas elas considerando-as todas da sua perfeição com a
qual elas foram relatadas.” Deus e a alma humana são supostamente tão unidas
que Deus pode ser chamado de o “lugar” das almas, como extensão do lugar dos
corpos. Espinoza não poderia ter
expressado isto tão bem, nem poderia ter quisto isto expresso melhor. O atributo principal do corpóreo é a
extensão. Nele os corpos têm seu ser e
essência. E como os corpos são constituídos em extensão, como são almas
constituídas em Deus. “É a palavra
divina sozinha que nos ilumina pelas ideias que estão nele, para as quais não
há duas ou mais sabedorias, duas ou mais razões universais. A verdade é imutável, necessária, eterna; o mesmo
em tempo e em eternidade, o mesmo no céu e no inferno. A palavra eterna fala a mesma linguagem para
todas as nações.” Esse falarem nós da razão universal é a revelação verdadeira
de Deus. É a única maneira de nós
possuirmos algum conhecimento das coisas externas. “Ver o mundo inteligível, é o bastante para
consultar a razão que contem essas ideias, ou essas essências inteligíveis,
eternas e necessárias com as quais se faz todas as mentes razoáveis e unidas à
razão. Mas para ver o mundo material, ou
ainda para determinar que esse mundo existe – porque esse mundo é invisível em
sim mesmo – é necessário que Deus deva revelar isto a nós, porque não podemos
perceber seus arranjos em que sua escolha nessa razão foi necessária.”
As ideias das
coisas materiais nós vemos em Deus, mas as coisas espirituais nós vemos
imediatamente em Deus sem o intermédio das ideias. No espiritual, interno ou ideal mundo nós
estamos face a face com a verdade e a razão.
Lá nós vemos não ideias, mas realidades.
Lá nós conhecemos o infinito, não através da ideia dele, mas
imediatamente e através dele que nós temos nosso conhecimento de todas as
coisas finitas. Nele o material existe
espiritualmente. Antes o mundo foi criado por Deus e sozinho existia. Para produzir o mundo ele deve ter tido
ideias do mundo e tudo que é nisto. E
essas ideias devem ter sido idênticas em si mesmas aos objetos externos. Deus eternamente sustenta sua ideias. Essa é a sua conversão com a palavra
eterna. Isto é Deus como Ser, dando a si
mesmo Deus, como pensamento – o Pai dando todas as coisas ao Filho. A palavra divina brilha em suas almas. Por ela nós vemos me Deus algumas das ideias
em si mesmas, mas um espírito criado que não é visto em todas as coisas em si
mesmas, porque ela não contem todas as coisas em si mesmas. Isto vê nelas em Deus, nas quais elas
existem. Quando, por ocasião, nós vemos
um quadrado, nós não vemos meramente a ideia mental em nós, mas o quadrado em
si mesmo, que é externo a nós. Deus em
si mesmo é a causa imediata da sua visão divina. Ele nos instrui no seu conhecimento com a
naturalidade com a qual os homens ingratos a chamam de natureza. Ele mostra isto em nós. Ele é a luz do mundo e o pai da luz e do
conhecimento. Santo Agostinho diz que
“nós vemos Deus na vida pelo conhecimento que nós temos das eternas verdades.
Verdade é incriada, imutável, eterna, sobre todas as coisas. Ela é verdade em si mesma. Ela faz as criaturas mais perfeitas; e todos
os espíritos naturalmente vêm para conhecê-la.
Nada a não ser Deus pode ter a perfeição da verdade; embora, a verdade
seja Deus. Quando nós vemos algumas verdades eternas e imutáveis, nós vemos
Deus.” Depois de citar Santo Agostinho, Malebranche
acrescenta, “Essas são as razões de Santo Agostinho, as nossas diferem um pouco
delas. Nós vemos Deus quando nós vemos as verdades eternas, não que elas sejam
Deus, mas porque as ideias com as quais essas verdades dependem estão em Deus –
talvez Agostinho conceba o mesmo significado nelas” Começando do pensamento, Malebranche, como
Descartes e Espinoza, encontrou a ideia de infinito como a primeira e a mais
clara das nossas ideias. “Isto”, ele
disse, “é a melhor, a mais bonita, a mais exaltada, a mais audível prova da
existência de Deus.” Essa é a ideia do
Ser universal, que inclui em si mesma todos os seres. A mente humana pode conhecer o infinito,
embora não possa compreendê-lo. Nós
concebemos primeiro o infinito e então nós restringimos a ideia para fazê-la
finita, não embora, que essa ideia represente o infinito Ser, tão longe quanto possa, essa ideia representa
algo determinado, mas através da nossa visão podem as trevas serem finitas, nós
possamos ver e conhecer Deus como infinito.
Ele é idêntico ao Ser universal.
Nós chamamos ele de Espírito, mas isto não declara o que ele é, mas o
que ele não é. Ele não é matéria. Ele está muito além do espírito, como o
espírito está além da matéria. O amis
alto atributo que nós podemos conhecer disto pode pertencer ao ser que é
pensamento ou mente, e embora nós chamemos Deus de Espírito, ele é o Ser
perfeito infinitamente. Como nós demos a
ele um corpo humano, devemos dar a ele pensamentos humanos. Sua mente não é como a nossa. Podemos
comparar com a nossa porque a mente é o mais perfeito atributo com o qual nós
conhecemos qualquer coisa. Como ele
inclui a si mesmo nas perfeições do Espírito sem ser como um espírito, como nós
concebemos espíritos seu nome é AQUELE QUE É.
Ele é o ser sem limitação; todos os seres; sendo infinitos e
universais. E como nós temos essa ideia
distinta de Deus como ser, nós temos outra ideia de extensão. É impossível fazer face à ideia das nossas
mentes, para que a extensão infinita pertença ao ser, ou, ao menos, as nossas
ideias de ser. Malebranche não faz da
extensão um dos atributos de Deus, mas outorga que tenha feito, depois do que
ele tem dito do ser e da extensão. Ele
mantem que a ideia de extensão é eterna e imutável; comum a todas as mentes, a
anjos – sim, a Deus, ele próprio – que é o ser verdadeiro e idêntico à matéria.
Nós não precisamos projetar quaisquer inferências das doutrinas de
Malebranche. É suficiente presentemente
mostrar o paralelismo entre suas visões em Deus, ser, espírito e matéria, com
as de Espinoza. Como nossas almas estão unidas a Deus, e vemos todas as coisas em Deus, nossos
corpos têm esta essência em extensão.
Entre as substâncias, matéria e espírito, não há necessária
relação. As modalidades do nosso corpo
não podem ser nossas próprias forças a forçarem essa mudança da mente e, ainda,
as modalidades do cérebro estão uniformemente em conexão com os sentimentos das
nossas almas, porque o Autor do nosso ser tem determinado isto.
E essa ação
imediata de Deus não é limitada a mente do homem. Ela é a mesma em toda natureza. Deus não tem dado a sua criação, causas
secundárias; o que nós chamamos assim, são nada mais, nada menos do que
ocasiões para Deus, que é a causa universal, executar seus decretos como ele expressa
em vontade que devem ser executados. É
verdade que as Escrituras em alguns lugares descrevem eventos com causas
secundárias, como no livro de Gênese, quando é dito: “E a terra foi feita”; mas
isso é dito impropriamente. Na maior
parte das Escrituras Deus fala como ator imediato. Ele comanda as crianças de Israel para honrar
a ele como a única causa, tanto do bem quanto do mal, recompensa e punição. “Há
algum mal na cidade?” diz o profeta Amós, “e o Senhor não o fez?” Os trabalhos da natureza são trabalhos
imediatos de Deus. Ele forma todas as
coisas. Ele deu vida e soprou vida em
todas as coisas. Ele causou a grama
crescer da terra e a herva para servir o ao homem, que pode trazer comida da
terra. Deus nunca deixou seu mundo. Ele
está presente nele agora assim como no primeiro momento da criação – de fato, a
criação nunca cessa. A mesma vontade, o
mesmo poder, e a mesma presença que
requeriu a criação do mundo, é requerida a todos momento para preservá-lo. O que nós chamamos de leis da natureza são
nada mais do que expressões da vontade de Deus.
Ele trabalha por leis, mas o trabalho não é, todavia, menos imediato ou
menos dependente da sua vontade e poder.
Malebranche
nos lembra Espinoza quando ele discursa sobre suas paixões. A mente humana tem duas relações
essencialmente diferentes – uma de Deus, e a outra do corpo. Isto não é uma comparação sem sentido, como
nós poderíamos concluir do que tem sido dito do nosso ver todas as coisas em
Deus. A união da alma com Deus não é
menos do que a união da alma com o corpo.
Por essa união com a divina palavra, sabedoria ou verdade, nós temos a
faculdade do pensamento. Por nossa união
com o material, nós temos as percepções dos sentidos. Quando o corpo é a causa dos nossos
pensamentos nós apenas imaginamos; mas quando a alma age por si mesmo, em
outras palavras, quando Deus age nisto, nós entendemos. As paixões não são em si mesmas más. Elas são as impressões do Autor da natureza
que inclina a nós o amor ao corpo e a qualquer coisa que seja útil para a sua
preservação. Enquanto nossa união com o
corpo seja uma punição pelo pecado, ou um presente da natureza, nós não podemos
determinar. Mas nós estamos certos disto, que antes do seu pecado o homem não
foi um escravo das suas paixões., Ele
tinha uma maestria sobre elas. Mas agora
a natureza está corrompida. O corpo, ao
contrário da representação que ele quer da alma, age com violência, vem como
tirano e transforma isto do amor e do serviço de Deus. Redenção não pode ser nada mais do que uma restauração
do homem à dominação da alma sobre o corpo, para isto tem Deus reinado entre
ele.
Mas essa
questão das paixões envolve um a inquirição a mais – o que é o pecado? Se Deus
trabalha em qualquer coisa que é real nas emoções da mente, e no que é real nas
sensações das paixões, é ele o Autor do pecado?
Malebranche dá uma velha resposta, ao colocar que o pecado não é nada
real. Deus continuamente impele o homem
ao bem, mas o homem para, ele espera;
esse é o seu pecado. Ele não segue a liderança de Deus, ele não faz nada e esse
nada é pecado. Se seguíssemos
Malebranche simplesmente como um filósofo, como poderíamos vê-lo como um padre
da igreja católica apostólica romana, reconciliando suas especulações com as Escrituras, e os
decretos dessas reconciliações? Ele não
tenta os reconciliar ou se ele o fez foi apenas parcialmente. Onde a igreja não falou que a razão é livre,
mas como ela prescreve, quaisquer que fossem as nossas conclusões da razão, nós
tivemos que submeter às decisões da igreja. Nós não temos evidência da
existência de um mundo externo, mas nós recebemos da autoridade da igreja. Nossa razão não pode ser confiada nos
mistérios da fé. Eles estão além dos
limites das nossas faculdades. A encarnação, a Trindade, a transformação do pão
e vinho na Eucaristia no corpo e sangue reais de Cristo, quem pode entender? É bem um exercício da nossa razão que subjaz
questões pressupondo que possam ser tomadas não há razão para que o autor de
todas as heresias deva à igreja? Ainda
Malebranche usou sua razão, para depois todo homem não possa ajudar usando sua
razão, até sendo ele um padre na igreja católica apostólica romana. Malebranche tinha uma grande teoria –
proveitosa como a de Jacob Boehme – de que todas as coisas foram feitas para a
igreja redimida. Esse mundo é finito e
imperfeito, mas em Jesus Cristo ele se torna perfeito, e de infinito
valor. Jesus Cristo é o começo de todos
os caminhos de Deus – o primeiro nascido entre os muitos que tiveram o sopro
divino. Deus ama o mundo apenas por
causa de Jesus Cristo. Até Deus ter tido
essa vontade, o pecado não existia no mundo e, ainda, Cristo, a eterna palavra,
deveria se unir ao universo e fez isto proveitosamente em Deus. Cristo teve um interesse no homem,
independente tanto do pecado quanto da redenção. Deus vislumbrou antecipadamente a existência
do pecado. Ele decretou dar a Jesus
Cristo um corpo para ser vítima com a qual ele iria oferecer para o necessário
de que todo padre precisaria oferecer.
Deus através do corpo do seu Filho assim como quando formado que foi
Adão, deu a todos um corpo que nós vamos sacrificar, como Cristo sacrificou seu
corpo.
Livre tradução do livro
Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo XII . Moderno
Idealismo . Malebranche