Módulo
1 - 3a. aula – Arte e fluxo
Meu
nome é Mauricio Duarte. Sou designer gráfico, ilustrador, artista
visual, escritor, poeta e romancista. Hoje quero abordar o tema do
fluxo. Qualquer atividade humana pode proporcionar prazer e
possibilitar criatividade – e fluxo – guardadas as devidas
proporções (uma jornada laboral estafante não o permitiria ou
dificilmente o permitiria por mais que para o indivíduo aquilo possa
ser um trabalho digno e prazeroso, salvo a título extremo de
“catarse”) e as devidas hierarquias (delegar poder a quem não
possui a responsabilidade ou a competência para tanto).
As
atividades artísticas, no entanto, possuem a qualidade de, regra
geral, mobilizar o artista totalmente, integralmente, como num
sacerdócio... O sujeito passa a viver arte 24 horas por dia. Neste
contexto, o fluxo ocorre. O fluxo é a sensação de tempo e espaço
dissolvidos num “momento mágico”, onde tudo parece perfeito,
tudo harmônico, tudo no seu lugar... Um vislumbre do céu a partir
de alguma atividade. Porém esse vislumbre “é falso”. É um
satori e não um samadhi, usando a linguagem oriental. Se se deseja
alcançar a iluminação, é preciso ignorar tais vislumbres e não
tentar nunca rememorá-los ou revivê-los na memória de alguma
forma. É preciso esquecê-los em favor da consciência cósmica
total que só o iluminado pode atingir.
Isto
não desmerece, de nenhum modo, a arte. Pelo contrário, só
demonstra a grande riqueza que tal ocupação pode proporcionar. E aí
incluem-se desde a arte zentangle, com os seus padrões repetitivos
abstratos ou decorativos, sem pretensões maiores até a arte musical
erudita mais elaborada e sofisticada, a sinfonia, a orquestra
sinfônica, passando pela arte zen, ou arte objetiva, nas suas
intuições esotéricas profundas...
Daniel
Goleman em seu livro Inteligência Emocional trouxe grande
contribuição para o estudo do fluxo. Nesse sentido, aprofundou as
pesquisas relacionadas ao insight e a Gestalt, no que possuem de
cognitivo e humanista, nas mais amplas acepções desses termos.
A
arte-enlevo considera o êxtase, o enlevo e a epifania para avançar
numa abordagem das sete artes liberais que se utilize primordialmente
nas humanidades. Literatura, poesia, ensino, filosofia, pedagogia,
teologia, design gráfico, artes plásticas, espiritualidade e áreas
afins, sendo pensadas de acordo com o chamado a Deus, cultivando a
amizade com Cristo. Levando o amor aos mais altos picos da
existência. Enlevo e ascensão. Heroísmo filosófico e Conspiração
de consciência. Tudo isto amalgamado, em união, plasmado nas sete
artes cognitivo-ontológicas (pedagogia-ascensão,
filosofia-ascensão, teologia-ascensão, arte-enlevo,
interface-enlevo, índice-enlevo, espiritualidade-enlevo).
Todavia,
a verdade só pode ser alcançada indiretamente... Quando achamos que
a alcançamos, é quando ela está mais distante de nós do que nunca
esteve antes. Daí o papel da analogia com a estaganografia. O que a
expressão verbal não pode dar conta diretamente, o fará trilhando
veredas ainda não exploradas, por meio de conjecturas alegóricas
esotéricas, de analogias espirituais, de comparações e
ressignificações holísticas, num processo contínuo, sem fim.
Assim,
a transformação para o homem novo prossegue e
só poderá ser produtiva e consciente quando buscada pelo
crescimento interior. Crescimento interior esse, que é uma jornada
infinita, é nossa prioridade, nossa arte, nosso norte, nossa vida.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Bibliografia
consultada:
O
Espírito Criativo . Daniel Goleman, Paul Kaufman, Michael Ray .
Cultrix . São Paulo . 2009.
Inteligência
emocional . A teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente . Daniel Goleman . Objetiva . Rio de Janeiro, 1995.
Criatividade
e grupos criativos . Domenico De Masi . Sextante . Rio de Janeiro .
2003.
Destino,
liberdade e alma . Qual o sentido da vida? . Osho . Academia . São
Paulo, Planeta . 2011.
Desvendando
Mistérios . Chacras, Kundalini, os Sete Corpos e outros temas
esotéricos . Osho . Alaúde . São Paulo . 2006.