quinta-feira, 25 de abril de 2013

Mulher da minha vida




Mulher da minha vida...

Mulher que me grita
quando na menopausa.
Mulher que me beija
quando amando.
Mulher que me envolve
quando em doces abraços.

Mulher que se pinta.
Mulher que se veste.
Mulher que se despe.

De quais encantos é feita
a sua magnificência?
Estaria eu destinado
a morrer em seus braços?
Morreria no melhor
dos mundos então...

Mulher das minhas paixões,
mulher dos meus amores.
Simplesmente ser mulher
é sua maior qualidade.

Mulher da minha vida...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Alma



Há necessidade de uma poética da alma.  Está em desuso falar de alma, está em desuso pensar a alma.  Alma como exacerbação da paixão.  Alma como extrapolação de uma estética da vontade de poder...  Alma como linha para produção, para comportamento, para a vida.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Solidão do espelho



Solidão do espelho

Bafejei no espelho
para limpá-lo.
Enquanto limpava a bafagem com um pano,
no vidro do espelho,

Vi deuses do Olimpo carregados por nuvens,
vi anjos esvoaçando ao céu,
vi demônios de dois chifres espetados,
vi bauteau muches, vi Titanics.

Vi o enorme clamor da minha alma
por um céu que não existe mais.
Vi o silêncio do amor perdido
que estava comigo até agora a pouco.
Vi o afago de carinho
que eu não tenho.

Vi carros,
vi condutores de carros,
vi letras mortas de antigos manuscritos,
vi navalhas cortando carnes, vi as carnes.

Vi a morte da minha esperança
que foi e que não é mais.
Vi a calma falsa de como eu
faço a barba.
Vi canalhice de todos os políticos
no jornal diário.

Quando finalmente acabei de limpar,
no vidro do espelho,
olhei e não era eu refletido.
Era um resto de coração solitário
que se arrasta pelas crateras da lua.
Sozinho...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Moebius


Moebius

Desde 10 de março de 2012 o mundo das histórias-em-quadrinhos ficou mais triste.   Faleceu Moebius, mestre da narrativa gráfica.   Seria desnecessário enumerar as grandes contribuições desse artista para os quadrinhos, mas destaco Arzach.  Uma coletânea de histórias surreais, publicada primeiramente entre 1975 e 1976 na revista Métal Hurlant, que foi considerada revolucionária e consistia numa série de histórias mudas. Arzach cuja grafia do nome varia bastante de uma história para outra, Arzach, Harzak, Harzack, Harzach e Arzak, foi um marco nas histórias-em-quadrinhos mundiais. 
Com uma narrativa surreal, as histórias acabavam sempre com uma ironia fina em torno das aventuras de Arzach, último dos pteroguerreiros.  Numa clara influência de Druillet, nas palavras do próprio Moebius, essas aventuras tinham como fundo uma terra cheia de gigantes, monstros, princesas “nem tão princesas assim”, desertos e muita magia misturada com tecnociência.  Moebius soube dosar, como ninguém, o universo fantástico de um guerreiro montado num pterodátilo em busca de aventuras com o humor e a ironia fina que só ele sabia incrementar nas histórias. 
Numa das aventuras, o petroguerreiro sobrevoa um castelo de pedra com seu amigo alado.  Avista o corpo (só o corpo não o rosto) nu de uma bela mulher pela janela do castelo.  Um gigante vermelho, provável guardião da donzela esbraveja contra Arzach.  Ele dá a volta com o pterodátilo e laça o gigante com uma grande corda, carregando por entre os ares, onde se vê proscritos verdes encima de uma torre.  Finalmente, num enorme esqueleto de monstro morto, Arzach amarra o gigante e volta ao castelo para conquistar sua dama.  Mal sabe ele que a donzela tem um rosto monstruoso que só se revela quando o pteroguerreiro a vê na claridade.  Desiludido, ele vai embora e segue viagem com o pterodátilo.  O último quadrinho mostra o gigante preso fazendo um sinal característico de que o guerreiro não bate bem da bola.
Os grafismos e as cores nas histórias são magistrais e demonstram todo domínio técnico de Moebius na arte narrativa gráfica.  Os roteiros que são uma mistura de fantasia surreal e aventura do mundo do além, demonstram a maturidade de um artista fantástico. Em suma, as histórias fazem por merecer serem consideradas geniais e revolucionárias.  Moebius está vivo, hoje e sempre!

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



Mauricio Duarte, o artesão das materialidades

Como o Inhotep, o engenho egípcio do Hermetismo, se coaduna com as implicações artísticas de um contemporâneo expressionismo abstrato?  Ou como as práticas de magia na Atlântida e na Lemúria há muito mais de 30 mil anos podem estar relacionados com a artes visuais do nosso tempo? 
A rigor, nada.  Milênios se passaram.  Os tempos são outros.  O homem hoje é pós-tudo, o homo virtualis com toda a sua carga de cinismo, hedonismo, crença agnóstica ou fé sincrética que a contemporaneidade nos traz todo dia. 
Mas vamos nos permitir viajar hoje por estradas não trilhadas ou há muito esquecidas, as estradas do Panteísmo.  Em arte, o que se poderia afirmar como uma arte panteísta?  Existe tal coisa? 
O panteísta é aquele que vê o Universo como Deus, sem diferenciar entre um e outro, sendo que cada partícula do cosmos é parte dessa divindade.  O panteísmo é a doutrina que mais se aproxima da filosofia hermética do antigo Egito na qual o principal objetivo é participar da Conspiração Universal ou Conspiração Cósmica.
Seria, então, uma arte panteísta aquela que desse forma, luz e cor aos elementos da natureza, vistos como Deus em si mesmos?  Para mim, uma arte panteísta, se é que pode ser chamada assim, seria aquela que se conectasse, a um só tempo, com a natureza e com o divino de forma una, não diferenciando entre eles, criador e criatura, mas sim, levando em torno de si, um teor de naturalismo próprio do templo cósmico do Universo.
Mas como?  Isso é possível?  Não sei se é possível tal coisa, mas tenciono, em minha arte, impulsionar questões próprias da contemporaneidade, sejam elas, a descorporificação e a virtualização que se sobrepõe ao indivíduo no nosso cotidiano atual, pleno de gadgets tecnológicos como o celular, o smartphone e a própria internet de uma forma geral.   Ao lado disso, busco por em pauta, questionamentos como a validade dos signos naturais para uma estética expressionista abstrata.  Utilizo-me de pseudo-carimbos (com pedras e madeira) empregados para marcar as telas com tinta, por exemplo.
Em suma, toda essa estética está imbuída do caldeirão pós-tudo da contemporaneidade e faz parte da minha arte.  A arte que eu pratico me coloca como um legítimo pesquisador da arte panteísta?  Eu não seria tão rápido em me classificar assim e nem tão rápido em dizer que tal classificação realmente existe. 
Na verdade, eu me coloco como um artesão-artista, o artesão das materialidades.   Tenho o interesse de materializar uma arte visual prenhe de possibilidades, deixando fluir a criação livremente.  A minha ânsia é a de criar imagens de materialização reais, originais, com um selo de autenticidade própria de uma obra sem subterfúgios pré-moldados ou cópias pausterizadas.  Minha intenção é estabelecer uma estética única, significativa e singular, dialogando com os movimentos contemporâneos sem esquecer o tesouro escondido do passado remoto e da natureza do cosmos.  

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Minha página no catálogo de artes visuais da NG Arte Galeria:
Sejam todo(a)s bem vindo(a)s.