terça-feira, 23 de abril de 2013

Moebius


Moebius

Desde 10 de março de 2012 o mundo das histórias-em-quadrinhos ficou mais triste.   Faleceu Moebius, mestre da narrativa gráfica.   Seria desnecessário enumerar as grandes contribuições desse artista para os quadrinhos, mas destaco Arzach.  Uma coletânea de histórias surreais, publicada primeiramente entre 1975 e 1976 na revista Métal Hurlant, que foi considerada revolucionária e consistia numa série de histórias mudas. Arzach cuja grafia do nome varia bastante de uma história para outra, Arzach, Harzak, Harzack, Harzach e Arzak, foi um marco nas histórias-em-quadrinhos mundiais. 
Com uma narrativa surreal, as histórias acabavam sempre com uma ironia fina em torno das aventuras de Arzach, último dos pteroguerreiros.  Numa clara influência de Druillet, nas palavras do próprio Moebius, essas aventuras tinham como fundo uma terra cheia de gigantes, monstros, princesas “nem tão princesas assim”, desertos e muita magia misturada com tecnociência.  Moebius soube dosar, como ninguém, o universo fantástico de um guerreiro montado num pterodátilo em busca de aventuras com o humor e a ironia fina que só ele sabia incrementar nas histórias. 
Numa das aventuras, o petroguerreiro sobrevoa um castelo de pedra com seu amigo alado.  Avista o corpo (só o corpo não o rosto) nu de uma bela mulher pela janela do castelo.  Um gigante vermelho, provável guardião da donzela esbraveja contra Arzach.  Ele dá a volta com o pterodátilo e laça o gigante com uma grande corda, carregando por entre os ares, onde se vê proscritos verdes encima de uma torre.  Finalmente, num enorme esqueleto de monstro morto, Arzach amarra o gigante e volta ao castelo para conquistar sua dama.  Mal sabe ele que a donzela tem um rosto monstruoso que só se revela quando o pteroguerreiro a vê na claridade.  Desiludido, ele vai embora e segue viagem com o pterodátilo.  O último quadrinho mostra o gigante preso fazendo um sinal característico de que o guerreiro não bate bem da bola.
Os grafismos e as cores nas histórias são magistrais e demonstram todo domínio técnico de Moebius na arte narrativa gráfica.  Os roteiros que são uma mistura de fantasia surreal e aventura do mundo do além, demonstram a maturidade de um artista fantástico. Em suma, as histórias fazem por merecer serem consideradas geniais e revolucionárias.  Moebius está vivo, hoje e sempre!

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

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