terça-feira, 23 de abril de 2013



Não é só o amor que está fora de moda; o indivíduo, como um todo, também

O amor está fora de moda?  Pois muito bem.  Eu estou fora de moda também.  A cordialidade está fora de moda?  A generosidade está fora de moda?  A fraternidade está fora de moda?  Pois muito bem; eu também estou fora de moda.  Não me coaduno com os BBBs da televisão nem com as posturas canalhas sejam essas posturas de elites ou não... 
O sexo hoje é feito com 3 ou 4 parceiros?  É uma suruba midiática essa em que vivemos?  Gosto da minha parceira comigo e com mais ninguém.  È de bom tom não julgar o amor dos outros?  Pois eu não julgo, nem estou incomodado.  Os incomodados que se mudem, já dizia o velho bordão... Não, não estou me perturbando.  Apenas não quero fazer parte, não me interessa.
Temos hoje, pequenos grupos de voyuers, pequenos grupos de troca de casais, pequenos grupos de gays, pequenos grupos de lésbicas, pequenos grupos de qualquer coisa que você possa imaginar.  Todos querem pertencer a um grupo.  Como se isso fosse a quintessência da pós-modernidade a que todos devem almejar e seguir. 
E onde fica o indivíduo nessa história toda?  Qual o lugar do indivíduo e da individualidade no mundo contemporâneo?  A rigor, ele é uma mancha, um borrão no grande painel pintado pela mídia e pelos meios de comunicação.  Nossa desfiguração é feita candidamente, todos os dias, por cada um de nós, sem ao menos ser dado um pio em contrário.  Aldous Huxley já falava no distante século XX que as maiores ditaduras seriam aquelas em que o indivíduo estaria escravizado sem saber que está na condição de escravo, sendo um explorado consentido.  A idiossincrasia de cada pessoa é respeitada hoje em dia?  Alguns diriam que é até demais.  No entanto, analisemos as condições com as quais se dá esse “respeito”:  Desde que você vote (o voto é obrigatório na nossa democracia fajuta), honre seus compromissos financeiros (que inclui pagar imposto de renda e pagar todos os impostos de produtos que você consome, embutidos no preço, que não são poucos e nem em pouca quantidade) você está apto a exercer sua cidadania em pleno gozo de ações, dentre elas, o direito de:
1-      Receber notícias diárias (se quiser se informar) de uma mídia subvencionada pelo capital de uma elite complacente com os desmandos de um governo negligente com a maioria da população para dizer o mínimo.
2-      Receber propaganda, publicidade e anúncios diários de produtos que você vai acabar consumindo uma hora ou outra cuja necessidade você raramente sabe dizer para que serve na sua vida de uma forma que seja para toda vida, afinal você vai trocar de carro, de celular e de computador no ano que vem, não é? 
Só para citar alguns desses direitos que a sociedade de consumo nos deixa “livremente gozar” como uma massa amorfa disposta a tudo por uma miséria salarial ou de pró-labore.
Digo tudo isso para chegar à conclusão de que o amor (não só o amor entre duas pessoas, mas o amor de uma forma geral) só é possível na individualidade.  Fora dela, o amor, que está fora de moda, não é nada menos do que um sentimento sem valor real.
Senão vejamos, quem você ama mais depois da sua mãe ou os seus pais?  A sua namorada, a sua esposa, o seu namorado, o seu marido vão dizer muitos... Os filhos, vão dizer outros... Mas esses sentimentos só vem porque primeiro você se ama como pessoa e decidiu perpetuar sua herança na Terra ou porque você é solteiro e preza seus pais que deram a você tudo na vida.
E enquanto a liberdade e a solidariedade ficam fora de moda, por exemplo, eu prefiro ficar sozinho ou com minha namorada, fora de grupinhos e fora de moda. Afinal, solitário significa também, uno, unificado, no grego original.  E antes só que mal acompanhado.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

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