Não é só o amor que está fora de moda; o indivíduo, como um
todo, também
O amor está fora de moda? Pois muito bem. Eu estou fora de moda também. A cordialidade está fora de moda? A generosidade está fora de moda? A fraternidade está fora de moda? Pois muito bem; eu também estou fora de moda. Não me coaduno com os BBBs da televisão nem
com as posturas canalhas sejam essas posturas de elites ou não...
O sexo hoje é feito com 3 ou 4
parceiros? É uma suruba midiática essa
em que vivemos? Gosto da minha parceira
comigo e com mais ninguém. È de bom tom
não julgar o amor dos outros? Pois eu
não julgo, nem estou incomodado. Os
incomodados que se mudem, já dizia o velho bordão... Não, não estou me
perturbando. Apenas não quero fazer
parte, não me interessa.
Temos hoje, pequenos grupos de
voyuers, pequenos grupos de troca de casais, pequenos grupos de gays, pequenos
grupos de lésbicas, pequenos grupos de qualquer coisa que você possa
imaginar. Todos querem pertencer a um
grupo. Como se isso fosse a
quintessência da pós-modernidade a que todos devem almejar e seguir.
E onde fica o indivíduo nessa
história toda? Qual o lugar do indivíduo
e da individualidade no mundo contemporâneo?
A rigor, ele é uma mancha, um borrão no grande painel pintado pela mídia
e pelos meios de comunicação. Nossa
desfiguração é feita candidamente, todos os dias, por cada um de nós, sem ao
menos ser dado um pio em contrário. Aldous Huxley já falava no distante século XX
que as maiores ditaduras seriam aquelas em que o indivíduo estaria escravizado
sem saber que está na condição de escravo, sendo um explorado consentido. A idiossincrasia de cada pessoa é respeitada
hoje em dia? Alguns diriam que é até
demais. No entanto, analisemos as
condições com as quais se dá esse “respeito”:
Desde que você vote (o voto é obrigatório na nossa democracia fajuta),
honre seus compromissos financeiros (que inclui pagar imposto de renda e pagar
todos os impostos de produtos que você consome, embutidos no preço, que não são
poucos e nem em pouca quantidade) você está apto a exercer sua cidadania em
pleno gozo de ações, dentre elas, o direito de:
1-
Receber notícias diárias (se quiser se informar)
de uma mídia subvencionada pelo capital de uma elite complacente com os
desmandos de um governo negligente com a maioria da população para dizer o
mínimo.
2-
Receber propaganda, publicidade e anúncios
diários de produtos que você vai acabar consumindo uma hora ou outra cuja
necessidade você raramente sabe dizer para que serve na sua vida de uma forma
que seja para toda vida, afinal você vai trocar de carro, de celular e de
computador no ano que vem, não é?
Só para citar alguns desses
direitos que a sociedade de consumo nos deixa “livremente gozar” como uma massa
amorfa disposta a tudo por uma miséria salarial ou de pró-labore.
Digo tudo isso para chegar à
conclusão de que o amor (não só o amor entre duas pessoas, mas o amor de uma
forma geral) só é possível na individualidade.
Fora dela, o amor, que está fora de moda, não é nada menos do que um sentimento
sem valor real.
Senão vejamos, quem você ama mais
depois da sua mãe ou os seus pais? A sua
namorada, a sua esposa, o seu namorado, o seu marido vão dizer muitos... Os
filhos, vão dizer outros... Mas esses sentimentos só vem porque primeiro você
se ama como pessoa e decidiu perpetuar sua herança na Terra ou porque você é
solteiro e preza seus pais que deram a você tudo na vida.
E enquanto a liberdade e a
solidariedade ficam fora de moda, por exemplo, eu prefiro ficar sozinho ou com
minha namorada, fora de grupinhos e fora de moda. Afinal, solitário significa
também, uno, unificado, no grego original.
E antes só que mal acompanhado.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
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