Você
Você é o engulho que me dá
quando passo pelo mar.
Você é o engasgar que me acomete
quando como apressado.
Você é o tropeção que me surpreende
quando ando sem cuidado.
Você é a topada no pé que me dói
quando esqueço de olhar para baixo.
Você é a mosca na sopa que cai
quando estou a saboreá-la.
Você é a quimera das dores
que se esgarça
por entre as minhas pernas
no meu pênis.
Você é o meu chafurdar na lama
de porcos doentes no quintal.
Você é a fábula de nomes
e datas que, infinda, jaz inerte
quando se desfraldam
a lista dos culpados.
Você é a liberdade vigiada
dos presos em agonia assistida
no cárcere da vida.
Você é o respeito morto
pelos cadáveres de homens públicos
que viram nomes de praça.
Você é o roçagante andar,
trôpego da mulher,
depois de um estupro.
Você sou eu
que esforça-se por ser normal,
enquanto lances de jogadas sinistras
são desferidos no tabuleiro de xadrez
do Deus de barbas longas da Bíblia.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Arte-enlevo propõe uma análise de arte em que se transpasse o atributo de ser simplesmente teoria da prática artística. Propõe o elevar de mentes e consciências dentro do cognitivismo, da semiótica e do existencialismo. Transpassa porque estaria em dinamicidade com expressões artísticas no êxtase, no enlevo. Propõe o elevar de mentes, consciências e espíritos tanto na pura crítica reflexiva, quanto no puro deleite de sensações e em âmbitos de maior apreciação estética plena.
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