Abelardo
Pedro Abelardo
aparece como o oponente tanto do nominalismo quanto do realismo, mas em não
melhor harmonia com a igreja do que Roscelino ou William de Champeaux. Sua
condenação por Roma pode ter sido injusta, tendo sido feita numa representação
de um adversário declarado, mas embora sua filosofia fosse diferente das duas
escolas antagonistas, sua teologia sova igualmente reconectada. Abelardo viu no nominalismo a negação da
filosofia. Ele limitava o conhecimento
aos sentidos, excluindo até o senso comum da razão. No realismo ele viu o outro extremo, a
tendência de excluir os sentidos e encontrar a realidade apenas em abstrações
da mente. Falando de seu mestre, William
de Champeaux, ele diz: “Eu retornei a ele para estudar retórica e, entre outras
matérias de disputa, eu me pus a mudar – sim, destruir por argumentos claros –
sua velha doutrina concernente aos universais.
Ele estava com a mesma opinião concernindo à identidade da substância,
que é a mesma coisa, essencialmente e, ao mesmo tempo, estava com os
individuais que produzem. A diferença
entre os individuais não vem da essência, mas da variedade do fenômeno.” Abelardo tomou o estágio intermediário,
permitindo à realidade tanto nos universais quanto nos individuais. Gênero, espécie, diferença, propriedade,
acidente, o que eles são? Coisas,
dissera o realista. Palavras, dissera o
nominalista. Ambos, dissera Abelardo. Todo individual tem matéria e forma, o
primeiro vem do universal, o último da
sua individualidade. A humanidade,
Anselmo dissera, é uma realidade aparte da individualidade; os individuais
participam disso e são, eles mesmos, cada um, uma realidade particular fora
dela. Entre essa teoria e a teologia
ortodoxa não havia discórdia necessariamente, mas Abelardo era um
filósofo. Ele não acreditava no
princípio de Anselmo de que a fé precede a razão, mas diferente de Anselmo, ele
esqueceu os limites com os quais a igreja gostaria de confinar a
filosofia. O bispo Hampden enquanto se
vingava da ortodoxia dos realistas, recusava a fazer o mesmo por Abelardo. “Suas expressões na introdução da teologia”,
diz o bispo Hampden, “são decididamente panteístas, identificando o Divino
Espírito Santo com o Anima Mundi dos estóicos.”
Abelardo como
muitos pais da igreja, aceitava as doutrinas de Platão totalmente, sem no
entanto, aceitar as do cristianismo. A trindade platônica do Um, ou o bem, a mente
com as ideias e o espírito mundo, ele entendia como as três pessoas da trindade
cristã. Bernardo de Claraval o acusou de
heresia, ao fazer o espírito mundo o mesmo que o Divino Espírito Santo. Uma passagem na ‘Dialética’ onde Abelardo explana
que em Platão o processo do espírito mundo da mente é temporal, enquanto que no
Divino Espírito Santo vindo do Filho é eterno, foi tomado como uma confirmação
a favor de Bernardo.
(Livre
tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 . Capítulo VIII . Escolástica . Abelardo)
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