domingo, 23 de abril de 2017

Heinrich Suso



Heinrich Suso

Suso, um discípulo do Mestre Eckart, foi outro dos célebres místicos de Colônia.  Diz-se que embora ele abraçasse o princípio de união com Deus pela auto-aniquilação, nunca ocupou inteiramente o nível de panteísmo com o qual especulara seu mestre.  Suso foi um monge da Ordem Dominicana; famoso como pregador e distinto por sua piedade e benevolência; um amante ardente da vida monástica e um grande inimigo das corrupções da igreja.  Sua definição de Deus é puramente dionísica – ser é igual a não-ser.  “Ele não é qualquer ser particular ou feito de partes.  Ele não é um ser que tenha sido ou capaz de qualquer possibilidade de receber adendos; mas puro, simples, universal indivisível ser.  Esse ser puro e simples é a suprema causa do atual ser, e inclui todas as existências temporais bem como seus começos e fins.  Ele é todas as coisas e está fora de todas as coisas, de modo que podemos dizer: ‘Deus é um círculo cujo centro está em todo lugar, sua circunferência não está em nenhum lugar.’” Quanto à união do homem com Deus ele fala com as mesmas expressões usadas por Ruysbroek, mantendo a unidade, e assegurando que a criatura é ainda uma criatura.  O homem se desfaz em Deus.  Todas as coisas se tornam Deus, ainda que, de um certo modo, a criatura ainda seja criatura.  “Um homem manso”, ele diz, “deve ser deformado pela criatura, conformado a Cristo e transformado em divindade; ainda que o pensamento divino e o humano continuem a existir.” “A alma”, ele diz de novo, “passa acima do tempo e do espaço, e com uma intuição interna amorosa é dissolvido em Deus.  Essa entrada da alma bane todas as formas, imagens e multiplicidades.  Ela é ignorante de si mesma e de todas as coisas.  Reduzida à sua essência, ela toca a extremidade da Trindade.  Nessa elevação não há esforço, nenhuma luta; o começo e o fim são um só.  Aqui a natureza divina dota e abraça com um grande beijo entre e através da alma o que deve ser para sempre.  Ele que é recebido no eterno nada, é o agora sempre e não rejeita nem antes nem depois.  Certamente Dionísio dizia que Deus é o não-ser; o que é, acima de tudo, além de nossas noções  do ser.  Nós temos que empregar imagens e similitudes, bem como eu devo fazê-lo, para dizer tais verdades, mas sabendo que tais figuras de linguagem estão muito abaixo da realidade como um eclipse está abaixo do sol.  Nessa absorção do que é dito, o sol é ainda uma criatura; mas, ao mesmo tempo, rejeita, sem dúvida, o pensamento de que ele possa ser uma criatura ou não.”

Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo X . Místicos . Heinrich Suso


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