Heinrich Suso
Suso, um
discípulo do Mestre Eckart, foi outro dos célebres místicos de Colônia. Diz-se que embora ele abraçasse o princípio
de união com Deus pela auto-aniquilação, nunca ocupou inteiramente o nível de
panteísmo com o qual especulara seu mestre.
Suso foi um monge da Ordem Dominicana; famoso como pregador e distinto
por sua piedade e benevolência; um amante ardente da vida monástica e um grande
inimigo das corrupções da igreja. Sua
definição de Deus é puramente dionísica – ser é igual a não-ser. “Ele não é qualquer ser particular ou feito
de partes. Ele não é um ser que tenha
sido ou capaz de qualquer possibilidade de receber adendos; mas puro, simples,
universal indivisível ser. Esse ser puro
e simples é a suprema causa do atual ser, e inclui todas as existências
temporais bem como seus começos e fins.
Ele é todas as coisas e está fora de todas as coisas, de modo que
podemos dizer: ‘Deus é um círculo cujo centro está em todo lugar, sua
circunferência não está em nenhum lugar.’” Quanto à união do homem com Deus ele
fala com as mesmas expressões usadas por Ruysbroek, mantendo a unidade, e
assegurando que a criatura é ainda uma criatura. O homem se desfaz em Deus. Todas as coisas se tornam Deus, ainda que, de
um certo modo, a criatura ainda seja criatura.
“Um homem manso”, ele diz, “deve ser deformado pela criatura, conformado
a Cristo e transformado em divindade; ainda que o pensamento divino e o humano
continuem a existir.” “A alma”, ele diz de novo, “passa acima do tempo e do
espaço, e com uma intuição interna amorosa é dissolvido em Deus. Essa entrada da alma bane todas as formas,
imagens e multiplicidades. Ela é
ignorante de si mesma e de todas as coisas.
Reduzida à sua essência, ela toca a extremidade da Trindade. Nessa elevação não há esforço, nenhuma luta;
o começo e o fim são um só. Aqui a
natureza divina dota e abraça com um grande beijo entre e através da alma o que
deve ser para sempre. Ele que é recebido
no eterno nada, é o agora sempre e não rejeita nem antes nem depois. Certamente Dionísio dizia que Deus é o
não-ser; o que é, acima de tudo, além de nossas noções do ser.
Nós temos que empregar imagens e similitudes, bem como eu devo fazê-lo,
para dizer tais verdades, mas sabendo que tais figuras de linguagem estão muito
abaixo da realidade como um eclipse está abaixo do sol. Nessa absorção do que é dito, o sol é ainda
uma criatura; mas, ao mesmo tempo, rejeita, sem dúvida, o pensamento de que ele
possa ser uma criatura ou não.”
Livre tradução
do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo X . Místicos
. Heinrich Suso
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