domingo, 19 de maio de 2013

Diálogos (de merda) de artistas (de merda)



Diálogos (de merda) de artistas (de merda)

-- Arte é uma merda...
-- É mesmo.  E nós chafurdamos na merda como os porcos chafurdam na lama.
-- Porque você não inclui essas obras na sua exposição?
-- Não. Não vou fazer isso.
-- Por que não?
-- Perde o sentido.
-- Sentido... rá... O último fiapo de sentido que se podia extrair da arte foi arrancado pelo primeiro poeta que teve a sensibilidade de ver que isso tudo era mais bonito sem sentido.
-- É.  Poesia é uma merda.
-- Tudo é uma merda para você.  Você só tem merda na cabeça?
-- Não.  Tenho uma exposição na cabeça.  E quero que ela tenha um direcionamento.
-- Deixe isso com o curador.
-- Eu tenho que dar o tom da exposição para o curador.
-- Então decrete que a abrangência da exposição é maior do que você esperava e agora vai incluir as outras obras.
-- Não posso fazer isso.
-- Por que não?
-- Porque a exposição vai ficar uma merda.
-- Sabe de uma coisa?
-- O que?
-- A merda maior é ter que fazer exposição.   As pessoas não podiam vir aos nossos ateliês e comprar ali mesmo?
-- Seria bom.
-- Seria maravilhoso.  Eliminaria o marchand, o curador, a galeria, o centro cultural, tudo, enfim que encarece as coisas.
-- Isso.  Aproveitamos e eliminamos o artista também.  Assim não há obras e não há merda nenhuma também.
-- Não seja exagerado.
-- Arte é uma merda...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)


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