quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O transeunte e o jovem drogado



O transeunte e o jovem drogado

                Toda perversão do mundo passava pela cabeça, enquanto caminhava o jovem. As ruas se tornavam labirintos de dor e de mágoa.  Onde o sexo fácil e as drogas vicejavam e a morte era só mais uma companheira.  Por pouco não acabara tudo ali mesmo. Por pouco não teria sido mais um número.  
                Mas porque então teimava em viver? Dizia o jovem em voz alta.  Porque não há outro caminho... Diz o transeunte, nessa vida como na outra, somos meros viajantes. Como assim? pergunta o jovem. Aqui estamos de passagem. Porque não somos do mundo. E no inferno ou no purgatório também.  Não somos de lá.  Somos do paraíso, com os anjos, mas não vamos para lá.  Ninguém vai. Disse o estranho. Por que?, perguntou ainda o jovem. Porque a borboleta tem que ser lagarta? Disse o transeunte respondendo com uma pergunta. Porque assim é a natureza. Os santos, tão iludidos com a santidade acham que vão para o céu.  Mero engano... Não há céu disponível para os daqui... Talvez você tenha razão, disse o jovem. Mas não se esqueça de que foi Deus que fez a natureza e ele não quer que soframos... o sofrimento é a expiação dos pecados nesse “vale de lágrimas” mas um dia ele há de acabar, seja nessa vida ou na outra.  E quando vai acabar?  Perguntou o transeunte.  Quando Jesus voltar e a Terra se tornar o paraíso, disse o jovem.  Aí é que está o engano, Jesus não vai voltar e a Terra nunca vai ser o paraíso... a natureza não dá saltos... reafirmou o transeunte.
                Pense num esforço por receber a graça de Deus, é assim que são as pessoas santas.  Vivem em jejum, fazem caridade, tem uma vida reta, disse o jovem.  Então porque você não quer ser igual a um deles, fica se drogando aí? , perguntou enfim, o transeunte...
                Estou esperando minha deixa nesse teatro... Todos vivemos num teatro, interpretamos papéis... o meu papel agora é esse, de drogado e o seu de transeunte...
                Pode ser, logo faremos o papel de cadáveres, aí então, veremos quem tem razão... finalizou o transeunte.    Toca aqui amigo, disse o estranho ao jovem. E apertaram-se as mãos num cumprimento que mais parecia o prenúncio de uma centelha de eternidade...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)



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