O transeunte e o jovem drogado
Toda
perversão do mundo passava pela cabeça, enquanto caminhava o jovem. As ruas se
tornavam labirintos de dor e de mágoa. Onde
o sexo fácil e as drogas vicejavam e a morte era só mais uma companheira. Por pouco não acabara tudo ali mesmo. Por
pouco não teria sido mais um número.
Mas
porque então teimava em viver? Dizia o jovem em voz alta. Porque não há outro caminho... Diz o
transeunte, nessa vida como na outra, somos meros viajantes. Como assim? pergunta
o jovem. Aqui estamos de passagem. Porque não somos do mundo. E no inferno ou
no purgatório também. Não somos de lá. Somos do paraíso, com os anjos, mas não vamos
para lá. Ninguém vai. Disse o estranho. Por
que?, perguntou ainda o jovem. Porque a borboleta tem que ser lagarta? Disse o
transeunte respondendo com uma pergunta. Porque assim é a natureza. Os santos, tão
iludidos com a santidade acham que vão para o céu. Mero engano... Não há céu disponível para os
daqui... Talvez você tenha razão, disse o jovem. Mas não se esqueça de que foi
Deus que fez a natureza e ele não quer que soframos... o sofrimento é a
expiação dos pecados nesse “vale de lágrimas” mas um dia ele há de acabar, seja
nessa vida ou na outra. E quando vai
acabar? Perguntou o transeunte. Quando Jesus voltar e a Terra se tornar o paraíso,
disse o jovem. Aí é que está o engano,
Jesus não vai voltar e a Terra nunca vai ser o paraíso... a natureza não dá
saltos... reafirmou o transeunte.
Pense
num esforço por receber a graça de Deus, é assim que são as pessoas santas. Vivem em jejum, fazem caridade, tem uma vida
reta, disse o jovem. Então porque você
não quer ser igual a um deles, fica se drogando aí? , perguntou enfim, o transeunte...
Estou
esperando minha deixa nesse teatro... Todos vivemos num teatro, interpretamos papéis...
o meu papel agora é esse, de drogado e o seu de transeunte...
Pode
ser, logo faremos o papel de cadáveres, aí então, veremos quem tem razão...
finalizou o transeunte. Toca aqui
amigo, disse o estranho ao jovem. E apertaram-se as mãos num cumprimento que
mais parecia o prenúncio de uma centelha de eternidade...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Descrição de uma cruel realidade. Infelizmente. Abraços.
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