segunda-feira, 14 de julho de 2014

Catorze linhas

Catorze linhas

Linha um:
Decepado o sonho,
o sonhador não sonha mais.
Erra por dentre caminhos,
não tem paz.

Linha dois:
Caminhante por natureza,
especial altivez.
De estirpe nobre?
Quem sabe, talvez...

Linha três:
Saiu à mãe,
o filho mais novo.
A mais velha não.
Parece do povo.

Linha quatro:
Clarividentes disseram
com risos entredentes,
que aquela seria a última,
a última geração, aparentemente, eis

Linha cinco:
Por placebo entendo tarja preta
e por tarja preta
entendo e não entendo.
É letra de médico à caneta.

Linha seis:
Trazido à tona
por vias não usuais
Foi embora à fórceps,
sem nem um aceno, sem mais.

Linha sete:
Temendo por sua sanidade
nasceu logo torto
a fim de que o esquecessem
logo de cara e o dessem por morto.

Linha oito:
De quem eu falo
afinal de contas?
Dele sabe-se pouco,
dela, menos ainda conta-se.

Linha nove:
Desabalada corrida
entre iluminados.            
Mas eles correm?
São meninos mimados.

Linha dez:
Não são nada disso.
São apenas eleitos.
Vivem e não se importam.
Pois então, com tantos defeitos.

Linha onze:
Quando desponta o sol
danam-se a acordar
que acordar é uma danação.
E quem dirá levantar?

Linha doze:
Todos rejubilam-se
a vida recomeça.
Nesse pedacinho de terra
e a felicidade atravessa...

Linha treze:
De linhas chamei
esses versos.
De linhas que se entrecruzam
são os diários terços.

Linha catorze:
Não são mais do que linhas,
talvez sejam menos.
Mas não mais.
Espero que sejam plenos...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Nenhum comentário:

Postar um comentário