terça-feira, 25 de março de 2014

A raiva e a esperança



A raiva e a esperança

Nesse estado de coisas
a que chegou o nosso cotidiano,
só com raiva pode-se viver
porque da raiva vem a esperança.

Veja bem, da raiva contida, estagnada.
A raiva como um machucado com cascão
que já sarou, mas ainda inspira cuidados.
A raiva pelos problemas insolúveis,
aqueles que só mesmo Deus.

Mas se a raiva seca
como seca um rio antes de chegar ao mar,
não há mais indignação,
não há mais revolta,
nem tampouco rebeldia.

E o destino vem anunciar
a morte prematura daquele ser vivente.
Porque se sem raiva pode-se viver por um tempo,
sem esperança é que não se pode mesmo.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

5 comentários:

  1. Raiva e esperança, o que pensar de duas palavras tão distintas e ao mesmo tempo tão dependentes ou independentes?

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    1. Obrigado Claudio Lima. Meu intuito foi criar mesmo uma dicotomia, um contraste entre essas duas palavras, sendo que quando falo raiva, me remeto à raiva estagnada, àquela que nos dá a certeza de estarmos vivos e sermos diferentes de uma pedra, por exemplo. A raiva do Touro Ferdinando no número 9 do Eneagrama. (Eneagrama, terapia difundida pelos sufis) E quando digo esperança, quero fazer referência à uma inquietude que vem como consequência dessa raiva que descrevi anteriormente, quase que se confunde com ela. Como são misturados e confusos nossos sentimentos no dia-a-dia.

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    2. Maurício, acredito que quase fui na direção correta. Estava muito claro a sua exposição no poema. É de uma propriedade e profundidade que para um bom entendedor meia palavra já se faz compreensiva. Parabéns!!! É uma excelente reflexão.

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    3. Fico feliz com a sua leitura e apreciação, Claudio. Um abraço forte.

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  2. Eu já tinha lido rapaz. Procuro ficar atento aos poemas que rolam aqui. Eu gosto muito de poesia. ´É a minha vida. Mais um poema excelente teu. E muito original!

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